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Animal de estimação não é brinquedo

Dar um bichinho de presente nem sempre é uma boa ideia

Publicado domingo, 18 de dezembro de 2022 às 09:00 h | Autor: HIlcélia Falcão
A empresária Marina Guimarães mantém um abrigo e alerta para a responsabilidade de se adotar um animal
A empresária Marina Guimarães mantém um abrigo e alerta para a responsabilidade de se adotar um animal -

Animal de estimação não é brinquedo, contudo, muitas vezes vira opção de presente para crianças e idosos no período do Natal. O risco desta escolha é que, como o presente costuma ser uma surpresa, nem sempre os contemplados estão de fato preparados para a responsabilidade de ter um pet em casa. 

O resultado é o aumento do abandono. Nos abrigos, casos de devoluções são recorrentes. Hoje, em Salvador, existem cerca de 200 mil animais à espera de adoção.

“No meu abrigo @marina.adota, as devoluções são poucas porque quando faço entrevistas procuro eliminar aquelas pessoas que querem para presentear”, explica a empresária Marina Di Domizio Guimarães. Mesmo assim, o índice de devoluções chega a 10%. De cada 20 adoções, pelo menos duas pessoas querem devolver o bichinho ao abrigo.

Mas por que isto ocorre? “Para ter um animal, é preciso planjamento, não apenas gostar de bichos”, opina da gerente comercial Amanda Camaçari de Lima Silva, que adotou a SRD Akira para evitar que ela ficasse nas ruas. 

Antes de presentear, é preciso saber se todos da casa estão dispostos a zelar pelo animal. É que, muitas vezes, ao receber um bichinho não planejado, na primeira dificuldade ou mudança, muita gente acaba desistindo. “Essa forma de presentear não favorece o animal, a menos que seja uma pessoa adulta que esteja disposta a tê-lo; se forem crianças, que os pais concordem em cuidar”, afirma Amanda. Para ela, há equívocos nas relações com os bichos.

Segundo a médica veterinária Maíra Planzo, dar de presente um animal para uma criança levará muita alegria e amor para ela. Porém, deve envolver o compromisso dos pais com a ida ao veterinário e os cuidados básicos com o bicho. “Os pais devem estar conscientes de que os cuidados essenciais (como vacinação, vermifugação, controle de carrapato, alimentação, passeios e banhos) devem ser feitos por  um adulto”, esclarece Maíra. É que, a depender da idade da criança, ela não possui maturidade para realizar estas funções. Em outras palavras, a criança pode e deve acompanhar o seu pet mas sempre sob supervisão, conforme explica a veterinária.

Cativantes

Fofos, engraçados e cativantes quando filhotes, cães e gatos, quando crescem, podem acabar se tornando um transtorno na vida de quem não planejou tê-los em casa. “O que motiva as pessoas é o imediatismo, a vontade de ter o animalzinho da “moda” e acabam esquecendo das atribuições de se cuidar de um animal”, afirma a veterinária Maíra Planzo. É por isto que o funcionário público Lincoln Ribeiro até hoje não atendeu ao pedido da filha de 9 anos de ter um bicho em casa. “Sei da responsabilidade de ter um animal e não quero me prender a ele quando quiser viajar, por exemplo”, explica. Foi por não ter a anuência dos pais para ter um cão ou gato que o fotógrafo Sérgio Góes Santos, 24 anos, optou por ter um rato de estimação quando ainda morava na casa dos pais. Como o bichinho vive confinado em uma gaiola, ficava mais fácil cuidar sem interferir na rotina da casa. Hoje, ele mora sozinho, tem três cachorros, todos SRDS, e um rato.

A recomendação dos veterinários é, em caso de intenção de proporcionar a um interessado a mediação na adoção de um animal, verificar até que ponto não é apenas empolgação. “Por ser bonitinho, o filhote motiva as pessoas. Mas ele cresce e, em poucos meses, a maioria depois se desinteressa. No momento da entrevista procuro conscientizar a pessoa que é um compromisso para a vida toda”, explica a protetora Marina. Para ela, o melhor é, se não há o compromisso dos adultos envolvidos no processo em cuidar do animal, o melhor presente para a criança é mesmo um brinquedo, em vez de um ser vivo. “Que compre e dê um bicho de pelúcia; assim ele pode danificar o brinquedo e não causar trauma a um animalzinho”, sugere Marina.

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