O erro número 1 que você comete ao tentar proteger seu cachorro dos fogos

Se você ama seus bichinhos de estimação e curte uma boa festa junina tenha em mente uma coisa: fogos de artifício são incompatíveis com cães. Isto porque a audição extremamente sensível amplifica os ruídos e a diversão dos humanos tira o sossego dos pets.

Todo ano é a mesma coisa com a yorkshire Mel, 6 anos, que fica apavorada com o barulho de bombas e rojões. “Os fogos geram em Mel um estresse muito grande, ela fica muito chorosa, assustada”, conta a pedagoga Raiane Silva dos Santos, 28 anos, tutora da cachorrinha.

Para conter um pouco do pavor, Raiane fecha cortinas e janelas, leva Mel pro quarto e liga a TV para tentar amenizar o ruído. “Oferto colo porque normalmente ela pede colo também para se sentir mais protegida”, conta.

Segundo o médico veterinário Gideão da Silva Galvão, 45 anos, os estouros dos fogos são extemamente agressivos para os animais. “O barulho não costuma provocar dor física, mas desencadeia medo, estresse, agitação”, explica Galvão, que é coordenador do curso de Medicina Veterinária da Uninassau. Na prática, segundo ele, muitos cachorros tentam fugir, se escondem, tremem e podem até se ferir ou desenvolver crises mais graves.

Nunca reclame o pet

A recomendação do veterinário é levar o pet para um ambiente protegido, ficar junto dele, falar em tom calmo e, se o animal aceitar, oferecer carinho e segurança. É o que faz a analista de dados Ananda de Freitas Costa para acalmar o SRD Lupe. “Eu sempre me mantenho presente, fazendo algo que o acalme, deixo no colo, se quiser, ou embaixo de algum móvel”, conta.

Uma estratégia usada por Ananda nessas horas é coçar abaixo da orelha do bichinho e nunca reclamar quando ele estiver agitado por conta do barulho. “Ele fica com medo e por ansiedade acaba desobedecendo aos comandos”, descreve.

O médico comportamentalista Rafael Ramos explica que eles associam o barulho repentino a uma ameaça, o que ativa o instinto de sobrevivência e pode gerar pânico. “É importante que os tutores saibam que o medo dos fogos é comum, mas pode ser amenizado com paciência, treinamento e manejo adequado”, explica.

Ele orienta que o trabalho preventivo deve ser feito ao longo do ano, com dessensibilização e a criação de associações positivas com sons altos.

O uso de produtos como difusores de feromônios ou calmantes naturais, devidamente prescritos por um veterinário, pode reduzir o impacto do barulho na vida dos bichinhos. Para quem acredita que os fogos são nocivos apenas para cães. “É importante lembrar que os gatos também sofrem com muito barulho e por serem discretos, às vezes os sinais passam despercebidos”, diz Gideão Galvão, que recomenda fogos sem estampidos.

Saiba como lidar com o pet no momento das explosões

Por que o barulho dos fogos de artifício é tão incômodo para os cães? Eles sentem dor?

Os cães têm uma audição muito mais sensível do que a dos humanos, sendo capazes de ouvir frequências e intensidades sonoras que passam despercebidas para nós. O som alto e imprevisível dos fogos de artifício pode causar desconforto e até dor física. Além disso, eles associam o barulho repentino a uma ameaça, o que ativa o instinto de sobrevivência e pode gerar pânico. Esse comportamento é uma reação natural de defesa.

Os protetores auriculares funcionam para amenizar o impacto do barulho?

Sim, eles são especialmente úteis para animais com histórico de desconforto ou lesões auriculares. Contudo, a adaptação do cão ao uso do protetor deve ser feita gradualmente para evitar desconforto adicional.

Abafadores de ruídos são eficazes para dar conforto ao animal?

Os abafadores de ruídos podem ser eficazes para minimizar o impacto do barulho dos fogos, ajudando o cão a se sentir mais protegido. Porém, nem todos os cães se adaptam a usá-los, e é importante introduzi-los com antecedência, associando-os a experiências positivas. Apesar de úteis, esses dispositivos devem ser combinados com outras estratégias, como a criação de um ambiente seguro.

Como lidar com o pânico do pet no momento das explosões?

Mantenha a calma: Os cães percebem nossas emoções. Demonstre tranquilidade para não aumentar a ansiedade do animal. Proporcione distrações: Ofereça brinquedos, petiscos ou atividades que desviem a atenção do barulho. Não force o contato: Se o cão preferir se esconder, respeite esse comportamento. Garanta que ele tenha um local seguro onde se sinta protegido e evite punições.

Fonte: veterinário comportamentalista Rafael Ramos