Na violência, todos perdem
Confira a coluna do jornalista Angelo Paz
Eu gostaria de discorrer aqui sobre a árdua caminhada do Leão na Série A, mas os fatos da semana não permitem outro foco senão o violento ataque sofrido pelos volantes Dudu e Rodrigo Andrade em um bar de Canabrava, nas proximidades do Barradão. O grupo que por vezes é o responsável por incendiar os estádios na base da vibração segue sendo o mesmo que prejudica o clube e o futebol através da violência. Me refiro a parte dos integrantes da torcida Os Imbatíveis, que realizou o ataque.
Após observarmos os desdobramentos do referido incidente, concluímos que todos os envolvidos no caso perdem, a começar pela própria organizada, que nos últimos tempos vinha sendo enfatizada pelo show promovidos nas arquibancadas, mas que volta a ser lembrada como um desserviço para o futebol, já que entende a violência como meio para resolver suas discordância com eventuais comportamentos de atletas. Primeiro que a condução pelo comprometimento de qualquer atleta cabe ao clube. E isso vem sendo realizado com muito rigor atualmente pelo técnico Thiago Carpini, que só tem colocado em campo atletas altamente comprometidos com o momento do Vitória.
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O clube, por sua vez, também só perdeu. Primeiro que, diante de um elenco limitado que tem, não contará mais com dois atletas que até então eram titulares absolutos do time. Perderam espaço justamente pela ausência de foco, o que demonstra uma atenção da comissão técnica ao comportamento dos jogadores. Dudu, por exemplo, segue com contrato até 2027 e o Vitória vinha tendo todo o cuidado possível para aproveitar bem este ativo. Prova disso é que no período em que ficou de fora o volante passou por acompanhamento psicológico (que deve ser recorrente e não pontual), e ainda era visto como uma opção para reforçar o clube na briga contra o rebaixamento.
Isso não ocorrerá mais. Sem clima para permanecer, Dudu terá que encontrar o foco e o bom futebol fora do Vitória, que no início deste mês chegou a recusar uma proposta do Corinthians de 3 milhões de euros (18 milhões de reais) pelo jogador. Diante do ocorrido esta semana é bem provável que Dudu saia por menos ou, quem sabe, de graça. O evidente esforço para não ultrapassar os sete jogos pelo Vitória agora permite ao jogador ir para outro clube da Série A, que contratará um ateta difícil.
Não podemos esquecer que este ano Dudu já esteve envolvido em outras duas situações extra-campo. Primeiro, em fevereiro se envolveu numa briga dentro de um camarote no Carnaval. Dias depois o meia foi denunciado por uma ex-namorada por violência. Graças as boas atuações, o nome de Dudu voltou a ser lembrado pela sua capacidade dentro de campo. O jogador chegou a ser observado de perto pelo técnico da Seleção, Dorival Júnior, na estreia do Brasileiro.
Enquanto isso, Rodrigo Andrade, com contrato só até o final do ano, vai sair de graça. Recordo-me da novela de renovação de contrato entre clube e jogador ainda na Série B do ano passado, quando Rodrigo foi um dos principais jogadores da competição. O atleta era prioridade máxima no Vitória. Não é mais. Não pela ausência de capacidade técnica, mas, também, por sua conduta extra-campo.
Contratado pelo Vitória ainda em 2018, Rodrigo sempre foi cobrado internamente para se manter em forma. Este ano não vinha sendo diferente e é exatamente por isso que estava no banco, mesmo com mais capacidade técnica que os atuais titulares da posição. Foi neste cenário que o volante foi flagrado bebendo em uma barraca de praia no sábado, não se apresentou junto aos demais atletas no domingo, dia em que passou por esse ataque covarde de supostos torcedores. Triste desfecho. Agora o Vitória terá que buscar mais dois volantes. Sem dinheiro, será difícil trazer dois da mesma qualidade dos que saem.