GRANDE DIA
Com apoio a ICB e audiodescrição, Festival Emoções começa amanhã
Instituto de Cegos da Bahia (ICB) é beneficiado pela renda arrecadada no Festival Emoções desde 1991
Por Edvaldo Sales
Acontece nesta terça, 6, e na quarta-feira, 7, no Teatro Sesc Casa do Comércio, em Salvador, o Festival Emoções 2024, que vai reunir 15 escolas e grupos de dança da Bahia. A festa, apoiada pelo Grupo A TARDE, marca o retorno de um importante evento em prol do Instituto de Cegos da Bahia (ICB).
Fundado em 1933, o ICB é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, e que atende pessoas cegas e com baixa visão há 91 anos. Todos os atendimentos são gratuitos através do sistema Sistema Único de Saúde (SUS).
Com sede localizada no Barbalho, em Salvador, o local realiza mais de 310 mil procedimentos anuais, mas a fila de atendimento pode chegar até três meses, por causa da alta demanda. Para diminuir a demora, o espaço continua com a campanha de arrecadação para ampliação de sua estrutura física e capacidade de atendimento.
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Em entrevista ao Portal A TARDE, Consuelo Alban, assessora de captação de recursos, marketing e comunicação do ICB, destacou que o instituto trabalha na área de saúde, educação e assistência. “A porta de entrada é a saúde, então as pessoas vão para as consultas e exames oftalmológicos, e ali tem o seu diagnóstico”, explicou.
“A partir desse diagnóstico é traçado um plano de tratamento, que é montado por psicólogos que vão dar esse suporte nessa parte emocional pós-diagnóstico - tanto da pessoa que foi diagnosticada, quanto a família -, assistente social, terapeuta ocupacional e pedagogos. Eles vão montar um plano de reabilitação”, detalhou.
Esse trabalho é desenvolvido desde a prevenção, diagnóstico, habilitação, reabilitação e o objetivo maior é a inclusão social dessas pessoas para que elas estejam preparadas para viver em sociedade com autonomia e independência.
Segundo Alban, as atividades desenvolvidas são: aprender a andar de bengala, se for o caso de cegueira; aprender o braille, para quem tem baixa visão; e aprender a utilizar recursos ópticos e escrita cursiva, também para quem tem baixa visão.
“Existe uma biblioteca acessível para atividade de leitura nos livros em braille. Tem também a parte de esporte. Nós temos futebol de cegos e goalball. A gente inclui essas pessoas na sociedade, através do esporte e da música. Nós temos um centro musical e o nosso embaixador é o Carlinhos Brown”, disse. Consuelo Alban também destacou a parte de tecnologia. “Temos um laboratório de inclusão digital. Tudo isso é ofertado para os pacientes em tratamento”.
O ICB atende crianças que estão nas escolas públicas municipais e estaduais, que, no contraturno vão para o instituto, e também os adultos, que vão ao instituto geralmente uma ou duas vezes na semana para fazer os tratamentos.
Relação com a arte
Foco do Festival Emoções, o Instituto de Cegos da Bahia também tem uma relação forte com a arte, principalmente a música. “Nós temos um centro musical, onde existem aulas de iniciação musical, canto, percussão, teclado e violão. Essas áreas são desenvolvidas. Por enquanto, não temos ainda dança, mas existe um projeto de aplicar aulas de dança para pessoas cegas e com baixa visão”, afirmou Alban.
Inclusive, o Festival Emoções vai contar com a participação de pessoas cegas. “É uma premissa básica: nada sobre nós sem nós. Então, o Instituto não pode estar presente na sociedade sem estar incluindo as pessoas que diariamente estão no instituto. Estarão representadas no palco crianças que fazem parte da aula de canto, as pessoas que estão mais preparadas. A seleção foi feita por esse critério mesmo e elas vão se apresentar e também o público vai ter acesso. Vai ter audiodescrição e o público em geral com deficiência visual pode participar”.
Audiodescrição e acessibilidade
Pela primeira vez desde a sua criação, o Festival Emoções vai contar com audiodescrição. É importante pontuar que acessibilidade em eventos é assegurada por lei.
“Há várias leis de acessibilidade no país e a LBI (Lei Brasileira de Inclusão) é uma das mais abrangentes da nossa constituição atualmente, pois ela trata dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência, como educação, transporte, saúde e lazer”, enfatizou Adriana Urpia, diretora da AD)))arte Acessibilidade, parceira do Festival Emoções, e responsável pela audiodescrição dos espetáculos, ao Portal A TARDE.
Se a LBI garante o acesso à informação e à cultura, o Festival Emoções, assim como qualquer outro, precisa estar afinado com essa garantia.
De acordo com Urpia, ainda não existe um número satisfatório de eventos com audiodescrição, “mas a cena no país tem crescido bastante nos últimos anos. Ainda é preciso, por parte dos provedores de cultura, conhecer mais sobre as leis de acessibilidade e conhecer mais sobre o público da acessibilidade”.
Segundo ela, conhecendo o público, “essas pessoas vão compreender quais são suas reais necessidades e vão procurar atendê-las da melhor forma. Muitos acreditam que basta oferecer rampas, elevadores e interpretação em Libras e seu evento estará 100% acessível. Ainda há muito a ser oferecido”.
Para acontecer, a audiodescrição necessita, basicamente, da dupla audiodescritor mais consultor. A pessoa que escreve os roteiros da audiodescrição, que é a pessoa que traduz imagens em palavras, conta com a consultoria de uma pessoa com deficiência visual, estudiosa da audiodescrição. Urpia explicou que o papel da consultoria é analisar o roteiro para, assim, sugerir alterações, confirmar passagens, a fim de que o texto final chegue da maneira mais adequada possível ao público-alvo.
Tal roteiro será narrado ao vivo ou gravado previamente por uma audiodescritora narradora, a depender do tipo de evento para o qual a audiodescrição esteja sendo fornecida.
Sobre fazer audiodescrição de dança, ela ressaltou que é um grande desafio, pois cada performance tem suas especificidades. “Para o Festival Emoções contamos com uma equipe de cerca de 10 profissionais da audiodescrição que irão se revezar na narração ao vivo. O nosso desejo é o de que o público usuário da audiodescrição possa também sentir a emoção que vai transbordar do palco nesses dois dias de muita dança”.
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Doações
O instituto é beneficiado pela renda arrecadada pelo Festival Emoções desde 1991. Mas, além dessa ajuda, o ICB recebe outras doações. “Para manter uma obra social dessa, sendo 100% SUS, o instituto precisa de ajuda. Então, nós realmente solicitamos a ajuda de pessoas físicas que podem contribuir doando qualquer valor mensalmente. Isso ajuda muito no processo de sustentabilidade da instituição. Empresas também podem ajudar”, disse Consuelo Alban.
O ICB conta com um programa chamado Empresa de Visão. Através dele, as empresas podem doar produtos, serviços, dinheiro e ter um selo de responsabilidade social. “E também a gente participa de editais, projetos incentivados ou não para captar recursos tanto para a sustentabilidade quanto para a ampliação”.
No caso do Emoções, é um projeto que já existe há 30 anos. Ele foi desenvolvido por algumas escolas há muito tempo e agora está sendo retomado em uma versão com mais escolas participantes e também com um tom profissional.
Pessoas em geral podem doar ou adotar um espaço do Instituto de Cegos da Bahia para contribuição. Os interessados podem doar acessando o site do ICB ou através da chave PIX (71) 9-8817-3193. Para demais dúvidas é possível entrar em contato via WhatsApp, que é o mesmo número do PIX, e-mail: [email protected], ou pela página do instituto no Instagram: @institutodecegosdabahia.
O Festival Emoções é uma realização da Mantra Produções, conta com patrocínio da AXXO Construtora e apoio da Fecomércio-BA, Morya Comunicação, AD)))arte Acessibilidade e Grupo A TARDE.
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