MÚSICA
Experiente nos barzinhos, Dorea se lança como artista autoral
Provavelmente, toda pessoa já tentou fugir de alguma coisa. No entanto, há coisas das quais não adianta correr para o mais longe que conseguimos: é praticamente impossível manter distância. Para o jornalista soteropolitano Daniel Dórea, 36, não existe fuga para resolver problemas, mas há uma que serve para ele sair um pouco da sua faceta realista: música.
Assinando apenas como Dorea, o profissional de jornalismo decidiu encarar o hobbie de forma mais séria e acabou de lançar, na última sexta, 22, o primeiro single autoral, O Mapa do Brasil. Disponível nas principais plataformas de música digitais, a canção traz a reflexão de como estamos enfrentando nossa realidade, como brasileiros e brasileiras.
Segundo o autor, a música também pode tocar em angústias pessoais e manifestar outras interpretações, já que este é o efeito que pretende causar com suas composições. No entanto, para construir a ideia geral do single, ele pensou no cidadão médio, que acredita estar à parte das mazelas que nos circundam.
“Vamos assumir as responsabilidades, assumir que temos culpa, perceber que a gente vive numa coletividade e precisamos nos ajudar. De certa forma, é um chamado para a gente começar a pensar sobre isso e, de repente, virar essa chave”, diz Dorea.
Sob uma sonoridade melancólica, trechos de O Mapa do Brasil, como “sinto meus pés, mas não encontro o chão” e “uma terra brasileira, um espaço sideral, como se fosse a primeira vez que vi o Sol”, evidenciam a tentativa de fugir do lugar caótico em que vivemos. Para Dorea, existem diferentes maneiras de afrontar um problema, e provocar um pensamento sobre a situação do país é um deles.
Entusiasta de composições que instigam a reflexão, o músico tem influências de autores baianos e raízes no rock, folk e blues. Tendo Caetano Veloso como uma das principais inspirações, acredita que o discurso e posicionamento revolucionário do santo-amarense fazem dele um artista do rock and roll.
“Não é aquela música direta que você só ouve e vai dançar, é uma música que tem esse propósito de fazer pensar, você mesmo pensa muito quando faz a música e ela acaba levando o mesmo propósito, estar em contato com essas obras me abriu esse caminho de que eu também poderia fazer isso”. E ele fez, mesmo antes de estar lançando o primeiro single.
Essencial é ser profundo
Há dez anos Dorea faz shows no estilo voz e violão em bares de Salvador, com homenagens a Belchior e estrelas baianas. Antes disso, começou a tocar o instrumento quando tinha 11 anos, e o canto foi surgindo paralelamente. Assim, O Mapa do Brasil é como dar uma nova chance profissional na relação que ele tem com a música, após escolher cursar jornalismo.
Com produção de Luciano Salvador Bahia, o single tem a cantora baiana Ana Barroso nos vocais, o instrumentista e ex-Pirombeira Ian Cardoso na guitarra, Alexandre Vieira no baixo e na bateria, Victor Brasil.
“Luciano é muito experiente e cuidadoso, e eu precisava desse chão, e os outros artistas são músicos que estão começando como eu, e achei muito interessante porque aí consigo me colocar junto, e estar em contato com o talento deles enriqueceu muito a música também”, afirma Dorea.
A canção integra o álbum O Inominável, que está em pré-produção. Com previsão de lançamento para o ano que vem, as outras composições seguem a mesma linha de conteúdo da atual estreia, mas prometem variar nas sonoridades.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.