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Músico baiano Ordep lança o primeiro CD solo

Publicado segunda-feira, 29 de setembro de 2014 às 13:46 h | Atualizado em 29/09/2014, 13:46 | Autor: Chico Castro Jr.
Ordep - Músico
Ordep - Músico -

Para ser interessante e saudável, um bom cenário cultural se alimenta de gente criativa, inquieta, incansável e versátil. O músico baiano Ordep Lemos reúne  essas qualidades - e o fato de ele viver em São Paulo desde 2006  diz muito sobre o cenário musical de Salvador.

Multi-instrumentista,  é nome fundamental no desenvolvimento do rock local desde os anos 1980, quando foi um dos fundadores da  Utopia, uma das melhores bandas da cidade.

Entre os anos 1980 e 90, Ordep passou por bandas importantes, como a própria Utopia, Treblinka, Saci Tric, Orelha de Van Gogh e, finalmente, Lampirônicos, com a qual atingiu notoriedade nacional e excursionou pelo Brasil e Europa.

Agora, ele lança o primeiro álbum solo, autointitulado. Ordep, o disco, é  prosseguimento fiel ao seu trabalho na Orelha de Van Gogh e Lampirônicos: pesado e sacudido, com o pé no terreiro e a cabeça no mundo, dialogando com a tradição afro-brasileira e o rock moderno. O show de lançamento será dia 29 de novembro, no palco do Teatro Acbeu.

"Trabalho nele desde 2006, quando  vim para São Paulo. Já tinha três músicas, aí fui lapidando e compondo com Tony Alves, meu produtor", conta Ordep.

"Olha, tô bem satisfeito. Não é fácil conseguir apoio para um trabalho desse. Rolou  via edital do Proac (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo), com patrocínio da Ambev", relata.

No disco, Ordep expressa sua visão do mundo, sua fé na religião afro-brasileira e também um pouco de sua vida em letras autobiográficas. "Falo um pouco de preconceito, e não só religioso. Falo de problemas sociais e da minha trajetória de vida", conta.

Desde criancinha

Nascido em 1971,  este soteropolitano começou ainda cedo. "Meu pai fala que desde os  três anos eu já acompanhava qualquer música no ritmo certinho. Aí ele começou a me incentivar", conta.

Aos cinco anos, ganhou seu primeiro violão. Aos 11, começou a estudar em escolas de música e foi numa dessas que conheceu Roberto Barreto, futuro parceiro nos Lampirônicos. "Aí vi o AC/DC no primeiro Rock in Rio. Pirou o cabeção, né?", ri.

Logo estava formando banda. "Peguei uma guitarra e uns amigos deixaram um baixo e uma bateria lá em casa por uns três anos. Aprendi tudo junto, ao mesmo tempo", diz.
Em 1986 formou a Utopia com André Lissonger. Em 1989, com a antológica coletânea em LP Rock Conexão Bahia lançada, a música Nosso Tempo tocou bastante em rádios. "Nessa época, o jabá não era tão forte e tinha uma galera de rádio que ajudava", conta. "Era legal demais, a galera cantava as músicas, os shows lotavam".

No fim dos anos 1990, reuniu-se com Roberto Barreto nos Lampirônicos, com a qual gravou dois álbuns em gravadora major (Sony) e rodou o mundo. Infelizmente, nem com toda essa moral, Salvador foi capaz de absorver a banda. "Foi basicamente desânimo", conta.

"A Sony  abriu mão da banda, alegando prejuízos com a pirataria, muito forte na época, mas   o clima entre os membros também já não era bom", lembra.

Hoje, Ordep é um músico muito bem sucedido: trabalha em uma das maiores produtoras de áudio de São Paulo. "Amo meu trabalho, mas o que eu gosto mesmo é de palco", diz.

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