ECONOMIA
Importadores de ferro dos EUA suspendem contrato com Brasil; entenda
Cenário incerto gera tensão entre produtores brasileiros
Por Redação

Importadores norte-americanos já anunciaram a suspensão de contratos com fornecedores brasileiros de ferro-gusa (matéria-prima para o aço), faltando menos de uma semana para o prazo estabelecido por Donald Trump, marcado para sexta-feira, 1.
Os produtores do Brasil aguardam com apreensão a proximidade do início das tarifas de 50% sobre produtos do Brasil importados pelos Estados Unidos. A informação da restrição do material foi confirmada pelo presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer), Fernando Varela.
Cenário de incerteza
A incerteza é o principal motivo para o temor e tensão entre o mercado de fornecedores de ferro. Apesar do cancelamento de pedidos ainda não estar na mesa, Fernando Varela ressalta que os empresários encaram a proximidade do prazo e a falta de resolução com preocupação.
"Está chegando o dia e até agora não foi vista uma ação concreta de negociação por parte do governo", destaca.
Falta de interlocutores
Outro grande desafio para o governo federal apontado por especialistas é a falta de interlocutores na Casa Branca. Desde que o tarifaço de 50% foi anunciado por Trump, em 9 de julho, houve pouco avanço na manutenção de uma linha direta de diálogo entre Brasília e Washington.

Entre membros do alto escalão, até o momento, houve apenas uma conversa entre o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no último dia 19.
O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admite dificuldades para dialogar com seu equivalente americano, o secretário do Tesouro, Scott Bessent. Segundo Haddad, hoje a comunicação entre o Tesouro dos EUA e o Ministério da Fazenda ocorre apenas em nível técnico.
Novos mercados
Produtores de diversos setores já se mobilizam em busca de novos mercados. A perspectiva do setor de ferro-gusa, porém, é pessimista, como sinaliza Fernando Varela, que classifica como "praticamente impossível" achar novos compradores no curto prazo, e "difícil" em horizontes mais longos.
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Em um eventual início das tarifas na sexta-feira, 27, o presidente do Sindifer visualiza um quadro bastante negativo.
"Grande parte das indústrias paralisará as atividades, algumas colocarão o pessoal em férias ou utilizarão medidas temporárias, mas a maioria, por falta de perspectivas, irá demitir", diz.
Segundo maior fornecedor
Desde o início de junho, os EUA já taxam em 50% a importação de aço. O Brasil é o segundo maior fornecedor do material para os norte-americanos, atrás somente do Canadá.
Em 2024, o Brasil foi o vendedor de 14,9% de todo o grupo que inclui aço e ferro como matéria-prima. Nunca o país teve uma participação tão grande naquele mercado.
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