AGROPECUÁRIA
Líder em carne bovina, Brasil vira potência no mercado premium
Em 2025, a produção chegou a cerca de 12,4 milhões de toneladas

Por Carla Melo

Em 2025, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos como maior produtor mundial de carne bovina, com produção de cerca de 12,4 milhões de toneladas. Agora, o país ganha mais um título: tornou-se líder no mercado de carne premium.
Para o próximo ano, o desafio é manter a oferta de animais em meio ao grande número de fêmeas abatidas recentemente. Os EUA, outro importante produtor de carne de alta qualidade enfrenta um déficit no rebanho, o que abriu espaço para o produto brasileiro.
“Esses consumidores de carne de qualidade ficaram desabastecidos, e o Brasil é o único país do mundo que pode atender, não só em qualidade, mas também em quantidade”, afirma o gerente do Programa Carne Angus Certificada, Maychel Borges.
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Cerca de 550 mil animais passaram pelo programa neste ano, um crescimento de 18% a 20% em relação a 2024. A maioria, 70%, são fêmeas. "A qualidade da carne da fêmea é muito superior à de um macho inteiro (não castrado)", justifica.
Entre os principais clientes do produto estão países como China, México, Chile, Arábia Saudita, Líbano e Israel - que, por questões religiosas, só consome os cortes do dianteiro. De acordo com Borges, a tendência é de que esse movimento continue se acentuando em 2026, já que o rebanho dos EUA só deve começar a se recuperar a partir de 2027.
A meta do Programa Carne Angus para 2026 é, no mínimo, alcançar os números de abates de 2025. O maior desafio será a oferta de animais. O segmento enfrentou recentemente uma queda na comercialização de sêmen. Com a arroba desvalorizada, o produtor cortou tecnologia. Paralelamente, abateu-se mais vacas. "Para 2026, temos uma projeção de menos animais em oferta, então isso restringe um pouco as nossas metas", observa Borges.
O ano também foi de crescimento para o Programa Carne Certificada Hereford. Segundo o gerente Felipe Azambuja, o desempenho é atribuído ao trabalho de comunicação junto ao consumidor, que foi intensificado nos últimos anos tanto pelas associações de raça como por influenciadores e chefs.
Diferença de preço
A diferença de preço em relação à carne convencional pode variar de 10% a 50%, dependendo do corte. As exportações de carne certificada hereford alcançaram o recorde de 263 toneladas (alta de 54% sobre o ano passado), e os destinos incluem Maldivas, Portugal, México, Itália, entre outros. De acordo com Azambuja, o cenário geopolítico e as tarifas impostas pelos EUA sobre vários países, incluindo o Brasil, favoreceram o produto.
"Tem países que eram importadores de carne dos Estados Unidos e que, como resposta (ao tarifaço), diminuíram (as compras)", afirma. A expectativa é pela abertura de novos mercados no próximo ano.
Além da percepção de que o consumidor que provou continuará privilegiando os produtos gourmet, outro fator sustenta o otimismo para 2026: a Copa do Mundo, que ocorrerá de 11 de junho a 19 de julho. O evento pode estimular a realização de churrascos, segundo especialistas.
"A tendência é que o mercado interno consuma mais carne premium", afirma Azambuja, ressaltando, porém, que o consumo depende diretamente da possibilidade de a Seleção Brasileira avançar às fases finais do torneio.
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