Do Alzheimer às enchentes: veja soluções que os alunos levaram a Salvador

O Centro Territorial de Educação Profissional do Semiárido Nordeste II (CETEP), de Ribeira do Pombal, levou pela primeira vez um grupo de estudantes ao maior encontro estudantil do Brasil, promovido na Arena Fonte Nova, em Salvador. Sob orientação do professor de Física, Allan Wendell, quatro projetos do Ensino Médio Técnico Integrado foram selecionados para a etapa estadual, que segue até quinta-feira, 11.

Segundo o professor, a jornada dos estudantes começou ainda durante os preparativos da Feira de Ciências do CETEP.

“A gente pede que os estudantes usem uma perguntinha simples de forma norteadora. Como eles podem usar a ciência para solucionar algum problema da sociedade? Que seja local, que seja a nível estadual, a nível nacional e até a nível global, por que não? Então, a partir dessa pergunta, a gente vê que eles entendem o propósito da ciência, como a ciência pode ser usada para melhorar nossas vidas”, explicou.

Apesar do entusiasmo do processo científico, Allan destacou que motivar os alunos a participar do encontro estadual ainda é um grande desafio - principalmente pela necessidade de deslocamento até a capital.

“Inicialmente, eles se mostram muito resistentes, principalmente o pessoal que vem da zona rural. Eles têm muito receio, muito medo de viagem, de sair do local em que eles nasceram, de sair do seu local de origem, justamente por nunca ter vivenciado algo fora. E assim, quando eles conhecem alguns dos colegas que foram, como esses que estão aqui, pronto. Aí, nos anos seguintes, geralmente, a adesão é quase que 100%”.

Projetos apresentados no encontro estudantil

A equipe do CETEP levou iniciativas desenvolvidas por estudantes dos cursos técnicos em Administração e Agropecuária. Além de inovação, todos os projetos têm caráter social e foco em problemas reais do cotidiano.

Dispositivo de alerta por vibração para pacientes com Alzheimer

O dispositivo utiliza um sensor instalado na porta do quarto para captar a movimentação de idosos diagnosticados com Alzheimer.

“O propósito do projeto é poder ajudar familiares. A gente sabe que idoso é um pouquinho teimoso. E aí o meu projeto funciona como um dispositivo que vai ficar na porta do quarto e ele vai captar todas as vibrações do idoso”, explicou a estudante Maysa Matos, 16 anos.

A solução busca prevenir acidentes domésticos e facilitar o cuidado diário, especialmente para famílias com pouca estrutura de apoio.

Sistema inteligente com sensor ultrassônico para monitoramento de bueiros e prevenção de enchentes urbanas

Desenvolvido para prevenir enchentes urbanas, o sistema utiliza sensores ultrassônicos que medem, em tempo real, o acúmulo de resíduos em bueiros. O protótipo foi testado durante três dias consecutivos de chuva e apresentou margem de erro inferior a 5%.

“A gente também quer criar um aplicativo que sinalize os órgãos públicos para fazer a retirada do lixo do bueiro”, disse a Maria Clara Silva, de 16 anos.

Sistema contador de passos com Arduino para autonomia de estudantes com deficiência

Com foco em acessibilidade e inclusão, o sistema permite que responsáveis acompanhem o trajeto de adolescentes com deficiência até a escola por meio de um sensor instalado na mochila.

“O objetivo principal é dar mais solidariedade, independência e autonomia para pessoas que estão naquela fase da adolescência [...]. A gente desenvolveu o estilo de padrão de passos [...], que vai dentro da mochila do aluno. Remotamente, o pai vai estar acompanhando o trajeto do filho, o número de passos que ele está fazendo”, explicou o estudante Erick Cassiano, de 17 anos.

O protótipo também foi testado na escola e no laboratório, com margem de erro de apenas 5%.

Reconhecimento nacional e inovação contínua

A participação no encontro estudantil soma-se a outras conquistas recentes do professor Allan Wendell. Na semana passada, ele participou da feira científica promovida pelo Instituto Açaí, em Belém do Pará, representando a Bahia ao lado de outras escolas do estado. O projeto orientado por ele conquistou o 3º lugar na categoria Ciências Agrárias.

“O projeto foi sobre bioeletricidade vegetal, uma técnica de cicatrização para a agricultura em pequeno porte. A ideia é a gente usar a eletricidade nas plantas para que elas possam regenerar mais fácil, mais rapidamente o tecido vegetal”, destacou.

A proposta visa reduzir perdas e preservar a fonte de renda de pequenos produtores rurais.

Para o professor, ver os estudantes alcançando essa etapa é motivo de orgulho. “É com grande felicidade, com grande satisfação, que eu fico muito feliz em ver que eles entenderam a ideia, e o reflexo disso é a quantidade de projetos que nós conseguimos trazer de Ribeiro do Pombal para cá, para essa etapa estadual, o maior encontro estudantil do Brasil”.

Serviço

O Encontro Estudantil da Rede Estadual, promovido pela Secretaria da Educação (SEC), é gratuito e aberto ao público até quinta-feira, 11, das 9h às 17h, com apresentações artísticas, mostras científicas, oficinas, vivências culturais, exibições audiovisuais e atividades interativas distribuídas em toda a Arena Fonte Nova.