INTOLERÂNCIA OU IGNORÂNCIA?
Pai chama PM após filha de 4 anos desenhar Orixá em escola
Homem alega doutrinação; direção da escola segue lei federal

Por Andrêzza Moura

Uma atividade escolar sobre cultura afro-brasileira quase terminou em confusão policial na zona oeste de São Paulo. Na tarde da quarta-feira, 12, o pai de uma aluna, de 4 anos, da Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Antônio Bento, no Caxingui, acionou a Polícia Militar após descobrir que a filha havia desenhado a orixá Iansã em sala de aula.
A situação teve início na terça-feira, 11, quando o pai já havia demonstrado insatisfação com a atividade baseada no currículo antirracista da rede municipal e chegou a rasgar um mural com desenhos das crianças, segundo relatos de outros pais.
Na quarta-feira, a direção da Emei havia agendado a participação do homem em reunião do Conselho da Escola, às 15h, mas ele não compareceu e, em vez disso, chamou a PM. Por volta das 16h, quatro policiais armados, incluindo um com metralhadora, entraram na unidade alegando que a criança estaria sendo obrigada a ter 'aula de religião africana'. Testemunhas classificaram a abordagem como hostil.
A direção da escola esclareceu que o desenho fazia parte de uma atividade com o livro infantil Ciranda em Aruanda, da autora Liu Olivina, que apresenta de forma lúdica dez Orixás e suas características, sem caráter religioso ou doutrinário. Ainda segundo a direção da Emei, a ação cumpre a legislação federal (leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08), que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas.
Durante a visita dos policiais, que durou pouco mais de uma hora, houve relatos de crianças e funcionários assustados. A diretora da escola chegou a passar mal e precisou ser retirada. Diante da situação, um grupo de pais fizeram a mediação para a saída dos policiais.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que os policiais conversaram com as partes envolvidas e orientaram sobre o registro de boletim de ocorrência, se necessário. O armamento, incluindo metralhadora, é parte do Equipamento de Proteção Individual (EPI) usado pelos agentes. A Corregedoria da PM está à disposição para apurar eventuais denúncias de abuso de autoridade.
Leia Também:
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação, afirmou que o pai da estudante foi orientado sobre a atividade e que o desenho integra uma produção coletiva do grupo, reforçando que o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena faz parte do currículo oficial da cidade. Com informações do Metrópoles.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes



