LAÇOS DE FAMÍLIA
Marcinho VP é alvo de decisão de Oruam: "Nunca vou parar"
Trapper é filho de condenado, apontado como um dos fundadores do Comando Vermelho
Por Redação

O polêmico trapper Oruam deu sua primeira entrevista à TV. Sem fugir das controvérsias, o músico abordou temas delicados, como sua relação com o pai, Marcinho VP, apontado como um dos fundadores do Comando Vermelho, principal facção criminosa do Rio de Janeiro, e ainda revelou uma decisão inspirada em Marcinho.
“Dizem que ele é o líder do Comando Vermelho, mas, na verdade, ele nem é”, afirmou ele ao programa Domingo Espetacular. Preso desde os 19 anos, Marcinho VP cumpre pena de 44 anos por homicídios, tráfico e formação de quadrilha. Mesmo assim, Oruam enxerga o pai como um modelo a ser seguido.
Com 11 milhões de ouvintes no Spotify, Oruam é o rapper mais ouvido do Brasil. Na entrevista, ele ressaltou uma decisão: usar a sua arte para defender presos, inclusive o próprio pai. Em algumas apresentações, como no Lollapalooza 2024, ele vestiu uma camisa pedindo liberdade para Marcinho VP, gerando grande repercussão.
“Se meu pai não tem voz, eu vou fazer uma música para os presos, para que eles tenham voz. Nunca vou parar. Se eu parar, eu me vendo. E eu não pretendo", afirmou.
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“Foi um ótimo pai, um exemplo para mim. Meu tudo. Tentou nos esconder da favela, queria que olhássemos para aquilo e não quiséssemos seguir o mesmo caminho. Não escolhi o pai que eu tenho, mas se pudesse, eu escolheria ele, completou.
O músico também fez questão de exaltar a mãe, a quem chamou de “a figura da minha vida”.
Além do pai, Oruam também carrega no corpo uma tatuagem com o rosto de Elias Maluco, criminoso que ficou conhecido pelo brutal assassinato do jornalista Tim Lopes em 2002. Elias foi parceiro de Marcinho VP e, para Oruam, uma espécie de “tio”.
“Eu olho para o erro dele. E ele está errado. Mas eu amo ele. E aí, o que eu faço?”
Oruam preso
Oruam já esteve envolvido em polêmicas fora dos palcos. No ano passado, a polícia encontrou um foragido da Justiça escondido em sua mansão. Yuri Pereira Gonçalves, preso na ocasião, estava armado com uma pistola 9 mm com kit-rajada. Mesmo assim, o trapper não demonstrou arrependimento.
“Não me arrependo porque ele é meu amigo. Ele não é traficante.”
O artista também foi detido em fevereiro deste ano por direção perigosa, após dar um "cavalinho de pau" em frente a uma viatura policial. Liberado após pagar uma fiança de R$ 60.720,00, ele aproveitou a repercussão para lançar seu álbum “Liberdade”, reforçando sua estratégia de transformar polêmicas em sucesso.
Lei Anti-Oruam
O nome de Oruam se tornou ainda mais controverso após a criação da chamada “Lei Anti-Oruam”, um projeto de lei que visa proibir shows e eventos que façam apologia ao crime. Para o rapper, a iniciativa tem viés discriminatório e busca silenciar a cultura da favela.
“Não tem como eles entenderem a minha realidade, nunca passaram pelo que eu passei. Nunca falei pra ninguém roubar ou matar. Mas eles me associam ao meu pai, e esse é um fardo que vou carregar para sempre.”
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