POLÊMICA
Maya Massafera e transplante de útero: médica revela riscos do procedimento
Influenciadora anunciou planos de maternidade e desejo de implantar útero; especialista detalha desafios e limitações do procedimento
Por Beatriz Santos

A influenciadora digital Maya Massafera, de 44 anos, revelou nesta quinta-feira, 21, o desejo de engravidar e os planos que pretende seguir para realizar a maternidade.
“Eu quero engravidar, mas, amor, a vida da mulher solteira está muito complicada, está quase insalubre. Eu tenho namorado, vou implantar um útero e vou engravidar”, afirmou a famosa ao portal Leo Dias.
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Maya ainda detalhou os investimentos realizados na sua transição de gênero, que somam cerca de R$ 3 milhões, sempre com foco na qualidade. “Eu fui pagando tudo. E eu sempre fiz com o melhor que achei no meu entendimento daquela área”, declarou.
Ela explicou que fazia consultas com diversos profissionais antes de cada decisão: “Eu ia no melhor do peito, no melhor daquilo, fazia consulta com todos. Fiz consulta com uns 10 de cada, então pagava consulta, passava isso, não sei o que lá”.
Riscos do transplante de útero em pacientes trans
A ginecologista e obstetra Marcia Novais ressaltou ao Portal A TARDE os riscos envolvidos nesse tipo de procedimento.
Os riscos envolvidos numa cirurgia para um transplante de útero em uma paciente trans são grandes. Primeiro, porque a própria anatomia pélvica dos sexos é diferente.
Ela acrescentou que a vascularização e os ligamentos também apresentam diferenças importantes.
“Eles não existem no caso do sexo masculino, tendendo a ser improvisados com alguns outros tipos de estruturas anatômicas. Isso já causaria uma alteração na estabilidade pélvica desse útero.”
Segundo a médica, o procedimento ainda não foi realizado no Brasil nem está em fase experimental para pacientes trans.
Já existe o transplante uterino, mas não em pacientes trans
Sobre a possibilidade de gestação, Marcia ressaltou que ainda é um desafio a médio prazo.
“As chances reais de uma mulher trans conseguir engravidar com esse tipo de transplante não seriam impossíveis, mas seria algo para alguns anos à frente, com mais detalhamento e melhoria das técnicas cirúrgicas para uma irrigação uterina mais adequada, já que a placentação depende da nidação — ou seja, do acolhimento do embrião em um endométrio propício, que permita a fixação do embrião na cavidade uterina.”
Então, por enquanto, apenas segurar e manter um útero em uma paciente trans já é um grande desafio. Uma gestação seria um desafio muito maior, dependendo de uma quantidade elevada de hormônios e de uma irrigação sanguínea adequada para fixar o embrião e permitir um desenvolvimento harmônico
A médica detalhou que o problema não é apenas ter o embrião, mas implantá-lo e garantir a fixação. “O embrião poderia ser facilmente introduzido, mas implantá-lo dentro do útero e ter sucesso na fixação é o maior desafio. Por enquanto, existe essa perspectiva, mas ainda não é factível.”
Marcia prevê que avanços na área podem ocorrer, mas ainda levarão tempo: “Eu acredito que, daqui a no mínimo dez anos, isso possa estar ocorrendo".
"Os riscos cirúrgicos seriam os riscos de qualquer cirurgia: hemorragia, muita dor e, também, a rejeição do órgão, já que ele viria de outro sexo e de outra genética, a menos que fosse feito entre parentes consanguíneos, aumentando a chance de não haver rejeição.”
Ela concluiu sobre a viabilidade a longo prazo: “A longo prazo, caso o transplante tenha sucesso, não haveria problema algum, já que seria um órgão que já teria se fixado e se incorporado ao corpo do receptor.”
*Sob a supervisão do editor Luiz Almeida
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