ENTRETENIMENTO
“Sucesso sem escola”: relembre mau exemplo de Zé Felipe para uma geração
Com fortuna milionária e desprezo pela educação, o cantor expõe um modelo perigoso de sucesso fácil que ecoa entre jovens e crianças nas redes sociais

Por Iarla Queiroz

O brilho das luzes e os milhões de visualizações não apagam uma realidade preocupante: o sucesso de Zé Felipe vem sendo acompanhado de uma mensagem perigosa sobre a desvalorização da educação. O cantor, filho de Leonardo e dono de um patrimônio estimado em mais de R$ 400 milhões, abandonou os estudos aos 14 anos, ainda no ensino fundamental — e nunca escondeu isso.
“Parei no 7º ano. Não é exemplo, não é bonito, mas parei”, disse o sertanejo em uma de suas entrevistas. O motivo, segundo ele, foi a dificuldade em conciliar as aulas com o início da carreira musical. Desde então, o cantor — que repetiu a mesma série três vezes — passou a tratar o tema com um tom de naturalidade que incomoda.
Importância da educação infantil
O desconforto aumenta quando a fala se estende à forma como pretende criar os filhos. Em uma transmissão nas redes sociais, Zé Felipe afirmou que não tem pressa em colocar a filha mais velha, Maria Alice, na escola. “Ela é tão neném, não precisa. Não precisa. Ela é neném ainda”, disse.
Em outro momento, chegou a declarar que “livros de história têm muita coisa que é mentira” e defendeu uma educação “direcionada”, em que as crianças seriam treinadas apenas para o que quisessem ser.
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As falas, que repercutiram entre fãs e críticos, acendem um alerta sobre a influência do cantor — especialmente entre o público jovem que o acompanha. Mesmo após o fim do casamento com a influenciadora Virgínia Fonseca, Zé Felipe segue como uma figura central em um ecossistema digital que atinge milhões de crianças e adolescentes.
A exposição da família, somada ao estilo de vida luxuoso e à rotina de ostentação, constrói um ideal de sucesso onde o estudo parece dispensável.
Abandono escolar no Brasil
Enquanto isso, a realidade do país segue em contraste. De acordo com dados do IBGE, mais de dois milhões de adolescentes brasileiros estão fora da escola, e muitos justificam a evasão pela falta de perspectiva e pela crença de que “estudar não muda a vida”. Um discurso que ganha força quando personalidades públicas reproduzem, mesmo sem intenção, essa lógica.
Zé Felipe pode até dizer que sua história não é exemplo — mas, diante de uma audiência formada por milhões de jovens em formação, cada palavra se transforma em modelo. A mensagem que ele transmite vai além do palco: reforça a ideia de que a fama e o dinheiro podem substituir o conhecimento.
No fim das contas, o problema não é o cantor que não quis estudar. É a geração que cresce acreditando que o saber se tornou opcional — e que o sucesso se mede por seguidores, não por aprendizado.
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