CHUVA ATRAPALHOU
Bahia: "Aquele título era nosso", diz Renê Simões sobre Liberta de 89
Ex-treinador relembra eliminação do Bahia na Libertadores de 1989 e analisa desafios do Esquadrão contra o The Strongest
Por Téo Mazzoni
![René Simões, ex-treinador do Bahia](https://cdn.atarde.com.br/img/Artigo-Destaque/1300000/1200x720/Aquele-titulo-era-nosso-diz-treinador-ao-relembrar0130759600202502171716-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F1300000%2FAquele-titulo-era-nosso-diz-treinador-ao-relembrar0130759600202502171716.jpg%3Fxid%3D6560067%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1740078106&xid=6560067)
Quase quatro décadas. Durante todo esse período, os torcedores do Esporte Clube Bahia ansiavam por um retorno à Copa Libertadores da América, e esse desejo de poder ver o time disputando uma partida na competição chegará ao fim nesta terça-feira, 18, às 21h30, quando enfrenta o The Strongest, na 2ª fase da competição, no Estádio Hernando Siles, em La Paz, na Bolívia
A última vez que o Tricolor de Aço viveu uma ‘Noite de Copa’ foi há 36 anos, quando o sonho da conquista da ‘Glória Eterna’ chegou ao fim, no dia 19/04/1989. Mas antes de falar sobre aquele fatídico dia, é preciso voltar um pouco no tempo.
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Após sagrar-se campeão Brasileiro de 1988, o Esquadrão garantiu uma vaga na Conmebol Libertadores do ano seguinte, e passou da primeira fase sem sustos, no topo de um grupo com Atlético Tachira, da Venezuela, Internacional — que perdeu para o Bahia na final do Brasileirão — e Marítimo, também da Venezuela.
Nas oitavas de final, uma novidade: René Simões assumiu o comando técnico do time. O treinador foi o terceiro comandante do Bahia naquela edição da competição. Isso porque após a estreia, Evaristo de Macedo, técnico que comandou a equipe rumo ao título do Campeonato Brasileiro, deixou a vaga para José Carlos Queiroz, que conduziu o time na primeira fase.
Em sua primeira missão à beira do campo no torneio, René Simões obteve sucesso. O Bahia eliminou o Universitário, do Peru, empatando o primeiro jogo por 1 a 1, na casa do adversário, e superando os peruanos por 2 a 1, na antiga Fonte Nova, alcançando um feito inédito na história do clube — a classificação para as quartas de final da Libertadores.
Nesta fase, o chaveamento colocou o Esquadrão frente a frente com um velho conhecido: o Internacional. No retrospecto recente daquele período, o time de Porto Alegre estava sofrendo quando enfrentava o Tricolor baiano. Perdendo o título do Brasileirão em casa, e derrotado duas vezes pelo Bahia na fase de grupos da Libertadores, o Colorado chegava ao duelo como franco-atirador. No entanto, lembra quando o dia 19/04/1989 foi citado mais acima no texto? O algoz do Bahia foi justamente o time que a torcida tricolor tinha mais certeza de que venceria.
![René Simões durante passagem pelo Bahia, em 2011](https://cdn.atarde.com.br/img/inline/1300000/724x0/Aquele-titulo-era-nosso-diz-treinador-ao-relembrar0130759600202502171716-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2Finline%2F1300000%2FAquele-titulo-era-nosso-diz-treinador-ao-relembrar0130759600202502171716.jpg%3Fxid%3D6560070&xid=6560070)
No jogo de ida das quartas de final, o Internacional levou a melhor, vencendo a equipe de René Simões por 1 a 0, no Beira-Rio, levando a decisão para a Fonte Nova, em Salvador. A confiança para a classificação era grande entre os torcedores tricolores, mesmo após a derrota na primeira partida. Entretanto, no duelo de volta, a capital baiana foi atingida por um forte temporal, que fez com que o confronto fosse disputado debaixo de muita chuva, por decisão do árbitro Arnaldo César Coelho, junto com José Roberto Wright, como quarto árbitro, que manteve a partida mesmo diante das péssimas condições, e o Tricolor de Aço acabou eliminado, após um empate por 0 a 0.
Trinta e seis anos depois, essa eliminação segue reverberando na geração de torcedores tricolores que viram o Esquadrão sagrar-se campeão brasileiro, já que aquele time apresentava condições de conquistar a Libertadores. No entanto, essa mágoa não vive apenas na torcida azul, vermelha e branca, mas também no ex-treinador René Simões. Em entrevista concedida ao Portal A TARDE, o ex-técnico do Bahia revelou que a sensação de injustiça após aquela partida perdurou por muitos anos.
“Eu falei muito com o Arnaldo César Coelho, que não havia condições do jogo acontecer, a bola não rolava. [...] Cheguei a pedir ao Maracajá (presidente do Bahia no período) que desligasse a luz. Não era justo. Nosso time era mais técnico”, declarou René.
Me custou um título, já que pelos adversários restantes, tenho certeza que seriam batidos por nós. [...] Aquele título era nosso. O Arnaldo tirou ele da gente. Foi lamentável.
"Foi triste e muito injusto. [...] Nosso time era disparado melhor", relembra o treinador da época, Renê Simões.
Ainda durante a entrevista, o ex-técnico, após lamentar a eliminação em 1989, comemorou a volta do Bahia à Libertadores: "Fico feliz pelo Bahia e pela Bahia. Essa participação vem da recuperação financeira do clube feita através do Grupo City. O futebol está muito caro, e se não houvesse esse investimento, dificilmente o time conseguiria esse retorno após tantos anos”.
![René Simões comandando o Bahia durante partida contra o Internacional, em 2011](https://cdn.atarde.com.br/img/inline/1300000/724x0/Aquele-titulo-era-nosso-diz-treinador-ao-relembrar0130759601202502171716-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2Finline%2F1300000%2FAquele-titulo-era-nosso-diz-treinador-ao-relembrar0130759601202502171716.jpg%3Fxid%3D6560071&xid=6560071)
Com vasta experiência no futebol internacional, René destacou que o Bahia está adotando uma estratégia adequada para minimizar os efeitos da altitude de 3.600 metros da capital boliviana, onde o clube irá enfrentar o The Strongest. “Já estão fazendo o correto, indo para Santa Cruz de La Sierra e subindo momentos antes do jogo. Isso minimiza em muito o efeito da falta de hemoglobina de quem vive ao nível do mar”, explicou.
O ex-treinador também apontou a importância de um estilo de jogo mais compacto e paciente: “É fundamental jogar agrupado, com um jogo mais apoiado possível. Sem pressa de resolver tudo rápido e sozinho”.
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Sobre os desafios para equipes brasileiras atuarem na altitude, René destacou que a preparação física pode minimizar os impactos, tornando o aspecto mental o fator mais decisivo. “Fazendo essa preparação, a parte física fica minimizada e passa a ser o mental o fator decisivo. O mais importante é acreditar que tudo sairá bem e nada acontecerá”, afirmou, ressaltando ainda a importância de precauções médicas: “Óbvio que os balões de oxigênio devem estar presentes”.
Ao falar sobre Rogério Ceni, René elogiou a experiência do treinador e a logística adotada pelo Bahia. “Ele é muito experiente, tanto que os goleiros já estão em La Paz. Eles e os zagueiros são os mais afetados pelo ar rarefeito, que modifica a trajetória e a velocidade da bola”, explicou.
Rogério tem todos os conceitos e macetes para o jogo
Rogério Ceni será o primeiro treinador tricolor a comandar o Esquadrão em uma 'Noite de Copa Libertadores' desde o técnico René Simões, que esteve a beira do gramado na última partida do Bahia na maior competição do futebol sul-americano.
Confira as prováveis escalações para o jogo:
Bahia: Danilo Fernandes (Marcos Felipe), Gilberto, Gabriel Xavier, Kanu e Ramos Mingo (Luciano Juba); Caio Alexandre (Acevedo), Everton Ribeiro e Jean Lucas; Erick Pulga, Ademir e Lucho Rodríguez. Técnico: Rogério Ceni.
The Strongest: Rodrigo Banegas; Dilan Saavedra, Adrián Jusino, Maximiliano Caire e Fabricio Quaglio; Jeyson Chura (Joel Amoroso), Álvaro Quiroga, Vítor Cuellár e Jaime Arrascaita; Sebastián Guerreiro e Enrique Triverio. Técnico: Antonio Carlos Zago.
Onde assistir: Paramount+.
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