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BAHIA VS PALMEIRAS

Natural x sintético: desculpa ou risco real para os atletas?

O ortopedista Dr. David Sadigursky comentou as diferenças físicas entre os tipos de gramado

Marina Branco

Por Marina Branco

30/09/2025 - 17:31 h
Gramado da Fonte Nova em Bahia e Palmeiras
Gramado da Fonte Nova em Bahia e Palmeiras -

O pós-jogo entre Bahia e Palmeiras na Fonte Nova pode ser resumido em uma palavra: gramado. Entre reclamações de Abel Ferreira, defesas de Ceni e críticas do diretor de futebol palmeirense Anderson Barros, que afirmou que "não se pode ter jogo de Série A na Fonte", a partida que terminou em 1 a 0 para o Esquadrão teve a qualidade do campo como principal tópico de discussão.

Segundo Abel Ferreira, o gramado atrapalhou o desempenho do Palmeiras e propiciou a ocorrência de lesões. Por outro lado, Ceni acredita que o maior prejudicado foi o próprio Bahia, e que as lesões não seriam reclamação válida vinda de um time que joga no gramado sintético do Allianz Parque, enquanto o campo da Fonte Nova tem grama natural.

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"Pra gente prejudica mais, porque a gente joga desde trás no chão. Para um time que põe mais a bola no chão, atrapalha mais. Nós também gostaríamos que o gramado estivesse em melhores condições, mas acho que atrapalhou muito mais pra nós do que pra eles. E sobre lesão, para quem joga em gramado sintético, reclamar de lesão em um gramado natural fica feio", afirmou.

Mas até onde vão os riscos de jogar em casa tipo de gramado e como eles impactam o jogo em si?Para entender a parte técnica dos impactos do campo, a reportagem ouviu o ortopedista Dr. David Sadigursky, especialista em joelho, trauma do esporte e terapia celular que explica, em detalhes, como cada tipo de gramado interfere no corpo do atleta.

Perigo do sintético

De acordo com o especialista, a ciência é clara sobre o risco aumentado de lesões ligamentares em gramados artificiais. "Em gramados sintéticos, há um aumento comprovado de lesões no joelho e tornozelo, especialmente no ligamento cruzado anterior (LCA). Isso se deve a duas características principais: a aderência excessiva e a rigidez da superfície", explica.

Isso se dá porque o sintético proporciona uma tração tão alta entre a chuteira e o piso que, durante um giro ou mudança brusca de direção, o pé pode ficar preso, travado no próprio campo. "Com o corpo em movimento e a perna travada, toda a força é transferida para os ligamentos, que podem estirar ou até se romper completamente", conta.

Além disso, a falta de amortecimento agrava o problema. "O gramado sintético é naturalmente menos absorvente do que o natural. Ele cede menos ao impacto, o que significa que cada passo, corrida ou salto gera uma carga articular mais severa. Essa falta de amortecimento sobrecarrega as articulações repetidamente, tornando-as mais vulneráveis a entorses e lesões graves", completa.

Gramado da Fonte Nova em Bahia e Palmeiras
Gramado da Fonte Nova em Bahia e Palmeiras | Foto: Reprodução I X

No natural é tranquilo?

Apesar dos riscos comprovados no gramado sintético, também não é justo afirmar que o natural protege completamente os atletas, já que nele a frequência de lesões musculares marca um aumento significativo.

"A irregularidade e a menor aderência forçam o corpo a microajustes constantes. A cada passo, o jogador precisa corrigir o movimento, o que sobrecarrega isquiotibiais e panturrilhas. Isso predispõe a estiramentos, especialmente quando há fadiga muscular", diz o médico.

Quem se deu melhor?

Sendo assim, quem se beneficiaria no gramado da Fonte Nova? Para Sadigursky, o time paulista teria mais dificuldade, por estar habituado à rigidez e à tração previsível do sintético. "A adaptação do corpo à superfície é o fator mais crítico para o risco de lesões. O Palmeiras teria que se readaptar bruscamente às irregularidades e à menor aderência de um gramado natural", opina.

"Essa transição exige que o sistema neuromuscular dos atletas se reajuste rapidamente a um padrão de corrida, frenagem e mudança de direção completamente diferente. É nesse momento de desadaptação que o risco de uma lesão muscular ou entorse aumenta significativamente. Portanto, independentemente do estilo de jogo, o time que joga a maior parte do tempo no sintético e se desloca para o natural leva uma clara desvantagem física nessa transição", completa.

Como se prevenir desses riscos?

É possível, no entanto, se preparar e se proteger para jogar em gramados diferentes do que se é acostumado: "Fortalecimento muscular, treino de propriocepção e adaptação prática são fundamentais. É importante treinar no tipo de gramado do jogo de dois a três dias antes da partida. Isso ajuda o corpo a se ajustar à tração e ao impacto da superfície".

Outro fator envolvido é a gestão da carga. Já que o jogo no sintético exige mais das articulações, a semana de preparação deve incluir mais recuperação para evitar sobrecarga, equilibrando as necessidades do corpo do atleta.

Gramado da Fonte Nova em Bahia e Palmeiras
Gramado da Fonte Nova em Bahia e Palmeiras | Foto: Reprodução I X

O equipamento também faz diferença: "Usar chuteiras adequadas a cada piso melhora a performance e a segurança, distribuindo melhor a tração no sintético ou garantindo a fixação necessária em um gramado natural mais lento".

O especialista lembra que a diferença não é só física, mas também técnica. "A transição exige que o sistema neuromuscular do atleta se reajuste rapidamente a condições biomecânicas completamente diferentes. No sintético, a bola rola mais rápido e o jogo se torna mais previsível, porém com maior custo articular. No natural, a irregularidade da superfície exige ajustes constantes de passe e controle de bola", explica o médico.

"Além disso, a tração irregular exige mais força para impulsão e aumenta a fadiga muscular durante a partida. Um músculo cansado perde elasticidade e capacidade de resposta, tornando-se muito mais vulnerável a lesões tanto por estiramento quanto em contusões por contato", completa.

Assim, o ideal é que os clubes sempre se preocupem em manter um programa de prevenção, comfortalecimento de coxas e panturrilhas, treinos de propriocepção, ajustes na carga de treinos e recuperação que criem uma proteção natural para as articulações.

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