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Pênalti contra o Bahia escancara desordem na arbitragem brasileira

Arilson Bispo da Anunciação, ex-árbitro de futebol, destacou a ausência de profissionalismo no setor

Por Lucas Vilas Boas e Téo Mazzoni

27/05/2025 - 20:05 h | Atualizada em 27/05/2025 - 22:02
Bruno Arleu de Araújo, árbitro de futebol
Bruno Arleu de Araújo, árbitro de futebol -

O pênalti marcado pelo árbitro Bruno Arleu de Araújo do goleiro Marcos Felipe em cima do atacante Braithwaite, na derrota do Bahia contra o Grêmio, reascendeu um debate antigo que, supreendentemente, parece acontecer com mais frequência após a implantação do VAR no futebol brasileiro: os erros de arbitragem.

No último domingo, 26, o dinamarquês Martin Braithwaite caiu dentro da área em um lance que, à primeira vista, poderia sugerir um leve contato com o goleiro Marcos Felipe. Ainda assim, o árbitro Bruno Arleu de Araújo assinalou pênalti de forma precipitada e, a decisão, mesmo após recomendação de revisão pelo árbitro de vídeo, foi mantida — um equívoco que gerou revolta nas redes sociais. 

Imagem ilustrativa da imagem Pênalti contra o Bahia escancara desordem na arbitragem brasileira
| Foto: Reprodução

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Outro lance marcante que manchou a integridade do Campeonato Brasileiro aconteceu em 2024, no Barradão. Durante jogo entre Vitória e Cruzeiro, o Rubro-Negro abriu 2 a 0 e o clube mineiro empatou com um gol que teve origem em uma jogada em que o volante Matheus Henrique, da Raposa, tocou na bola com o braço.

O episódio gerou muita polêmica e revolta entre os torcedores do Vitória, já que o tento, marcado aos 39 minutos do segundo tempo, sacramentou o empate em 2 a 2 entre as equipes em Salvador. No áudio do VAR divulgado posteriormente pela CBF, o árbitro de vídeo não recomendou a revisão ao juiz Marcelo de Lima Henrique alegando que "não tem nada que defina".

Imagem ilustrativa da imagem Pênalti contra o Bahia escancara desordem na arbitragem brasileira
| Foto: Reprodução

As recentes polêmicas envolvendo decisões de arbitragem expõem uma crise que vai além do erro individual dos juizes em campo. Arilson Bispo da Anunciação, ex-árbitro, em entrevista ao Portal A TARDE, destacou a raiz desse problema, que, segundo ele, vem de uma 'novela' histórica com a arbitragem no Brasil. Para ele, os equívocos frequentes são consequência de um sistema negligente, que trata o processo como um elemento secundário do futebol.

"A questão — vou usar um termo mais simples — é que o buraco é muito mais embaixo. Historicamente, atacamos apenas as consequências, o erro que acontece no campo, na quarta, no domingo, na terça, no fim de semana. Mas o que antecede esse erro é todo um processo de descaso com a arbitragem, que sempre foi rejeitada pelo futebol brasileiro, apesar de ser um de seus pilares. A arbitragem não é vista como elemento importante. Por isso, não se busca o cerne da questão: ter arbitragem de qualidade", disse Arilson.

Árbitro Arílson Bispo da Anunciação
Árbitro Arílson Bispo da Anunciação | Foto: Reprodução

"E aí está o centro do problema. Quando todo o processo é equivocado, o ponto final — que é a atuação no jogo — vai refletir esses erros, como temos visto repetidamente, ano após ano, década após década. A pergunta que devemos fazer é: quando a estrutura do futebol brasileiro, e todos os seus entes, principalmente os clubes, irão perceber e incorporar a arbitragem como um produto seu, que precisa ser cuidado?", afirmou.

Considerado um dos maiores erros de arbitragem do Brasileirão de 2023 de acordo com o especialista PC Oliveira, outro lance que prejudicou o Bahia gerou muita revolta. Na derrota por 3 a 2 para o Flamengo, na Arena Fonte Nova, o zagueiro Kanu foi expulso após supostamente acertar o rosto do atacante Gabriel Barbosa com uma cotovelada.

O lance, entretanto, flagra um contato comum de jogo em que o defensor utiliza o braço esquerdo para proteger a bola e, invés de acertar o rosto do adversário, vai de encontro com o próprio braço do jogador rubro-negro. Com um jogador a menos, o Tricolor não conseguiu a reação e amargou o revés para o clube carioca dentro de casa.

Imagem ilustrativa da imagem Pênalti contra o Bahia escancara desordem na arbitragem brasileira
| Foto: Reprodução | Premiere

Em meio ao debate sobre a influência dos erros de arbitragem nos resultados do Brasileirão, Arilson apontou a ausência da profissionalização. Para ele, os clubes falham ao não investir na formação técnica e emocional dos árbitros. Esse problema, para ele, gera um ciclo de despreparo que resulta em prejuízos esportivos e financeiros.

"Os clubes deveriam ter um carinho muito grande com a arbitragem — e esse carinho se traduz em quê? Em profissionalização, em tratamento equânime, em dar condições técnicas, físicas e emocionais para que o árbitro exerça sua função com tranquilidade, e também em uma valorização econômica", comentou Arilson Bispo da Anunciação.

"Tudo começa nos processos e no próprio projeto de arbitragem no Brasil — e, especialmente, no projeto do VAR, que já nasceu errado. A concepção do VAR no Brasil nasceu totalmente equivocada, com a ideia única e exclusiva de sermos pioneiros, os primeiros a colocá-lo em prática, sem analisar todos os aspectos envolvidos nessa implementação: treinamento, capacitação, entre outros. Historicamente, discutimos apenas o erro ou acerto da arbitragem. E vai passar mais uma semana, mais um mês, mais um campeonato, e não vamos discutir o que realmente importa, nem tomar ações concretas para resolver o problema", analisou.

No Campeonato Brasileiro de 2023, Corinthians e Grêmio protagonizaram um jogo épico que terminou empatado 4 a 4, mas um erro de arbitragem acabou manchando o confronto.

O atacante Yuri Alberto bloqueia com o braço esquerdo finalização do atacante Ferreira dentro da área, mas o árbitro não marcou pênalti, em lance que também não foi revisado no VAR. O pênalti não marcado foi um erro muito grave e foi eleito, pelo especialista PC Oliveira, como o maior equívoco de arbitragem do Brasileirão de 2023. Confira:

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| Foto: Reprodução

No Brasileirão de 2024, Flamengo e Juventude protagonizaram um jogo movimentado que terminou com a vitória do time carioca por 4 a 2 no Maracanã. No entanto, uma marcação polêmica de pênalti gerou controvérsias.

O árbitro Bráulio da Silva Machado assinalou uma penalidade a favor do Flamengo logo no início do segundo tempo, aos 3 minutos. O meia Gerson caiu na área após um contato com o zagueiro Mandaca, e o árbitro interpretou o lance como falta. Gabigol converteu a cobrança, colocando o Flamengo à frente no placar. O Juventude contestou veementemente a decisão, alegando que o contato foi mínimo e que Gerson teria se jogado.

Veja o lance:

A crítica à origem da aplicação do VAR no Brasil também ganhou força no discurso de Arilson Bispo. Segundo ele, o projeto foi implantado sem o devido planejamento e treinamento. O ex-árbitro destaca que a tecnologia foi tratada como uma vitrine para a CBF, priorizando o pioneirismo, e não a qualificação dos envolvidos no processo.

"Faltou pensar no principal: os profissionais. Como seria a seleção desses profissionais? Como seria a formação? Os cursos de árbitros no Brasil? Como seria um projeto de carreira para árbitros? Isso nunca foi feito — e continua não sendo feito. Porque, mais uma vez, todos nós que fazemos parte da estrutura do futebol brasileiro não tratamos a arbitragem como parte integrante e importante para o bom desenvolvimento e crescimento do futebol", afirmou.

"Portanto, ao não mexer no principal — na estrutura que dá qualificação aos árbitros — continuamos cometendo os mesmos erros. Seguimos escolhendo árbitros por politicagem, por cotas estaduais, e não por mérito. Cada federação precisa ter um número “x” de árbitros, mesmo sem qualidade. A escolha de árbitros FIFA, por exemplo, não se dá por competência, mas por estado de origem — principalmente Sul e Sudeste. Isso é histórico", concluiu.

Arilson encerra suas críticas destacando que a arbitragem só evoluirá com mudanças estruturais no futebol brasileiro. Ele denuncia interferência política nas escolhas e defende um projeto de carreira baseado no mérito, além de maior comprometimento dos clubes com a profissionalização do setor.

"E, principalmente, os clubes, que deveriam ser os principais responsáveis e interessados em ver uma arbitragem de qualidade, uma arbitragem profissional — não só no sentido de atuar em competições profissionais, mas de ter seus integrantes totalmente dedicados à função. Os clubes deveriam investir na arbitragem como um produto do futebol brasileiro que eles próprios detêm", analisou.

"Como isso nunca foi feito, criou-se uma falsa expectativa de que simplesmente colocar a máquina, o VAR, sem mexer na estrutura, resolveria o problema. Mas esse é justamente o grande problema do futebol brasileiro: não se mexe na estrutura", concluiu.

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Tags:

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