MUNDO
Plantas que “fazem ouro”: a descoberta que pode enriquecer o mundo
Conheça a fitomineração

Por Iarla Queiroz

Pode parecer coisa tirada dos livros de Harry Potter, mas já é realidade: algumas plantas têm a capacidade de absorver ouro e outros metais preciosos do solo. A técnica, chamada de fitomineração, aproveita essa habilidade natural para extrair riquezas de terrenos pobres ou rejeitados pela mineração tradicional.
Pesquisadores enxergam nesse processo uma alternativa inovadora, sustentável e menos agressiva ao meio ambiente — um novo caminho para o futuro da mineração.
Como funciona na prática
O solo usado já contém pequenas quantidades de ouro, tão baixas que não compensam para os métodos convencionais de extração.
É aí que entram as plantas: elas absorvem partículas microscópicas do metal pelas raízes e as acumulam em seus tecidos, como folhas e caules.
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Para potencializar esse efeito, cientistas aplicam substâncias químicas que ajudam a dissolver o ouro, tornando-o assimilável. Com o tempo, as plantas concentram esse metal em níveis aproveitáveis.
Quais plantas conseguem absorver ouro
Entre as espécies mais promissoras estão o eucalipto e a mostarda indiana (Brassica juncea). Ambos já mostraram eficiência em absorver e armazenar ouro.
Outro exemplo vem das plantas do gênero Alyssum, capazes de acumular não só ouro, mas também metais como o níquel.
Esse potencial abre espaço para diferentes aplicações, inclusive na recuperação de áreas contaminadas por resíduos tóxicos.
De planta a ouro puro
Apesar do apelido de “planta que produz ouro”, o metal não aparece de forma visível. Ele se acumula como nanopartículas invisíveis a olho nu.
Depois que as plantas atingem uma boa concentração, são colhidas, incineradas e transformadas em cinzas. Essas cinzas, ricas em ouro, passam por processos metalúrgicos para chegar ao metal puro.
Vantagens ambientais e aplicações
A fitomineração é vista como uma opção mais verde que a mineração convencional. Ela possibilita:
- Recuperar metais valiosos em áreas consideradas inviáveis;
- Reduzir danos ambientais, já que não envolve escavações pesadas;
- Limpar solos contaminados por metais tóxicos;
- Fornecer matéria-prima essencial para tecnologias de energia renovável e veículos elétricos.
No Brasil, pesquisas mostram que a técnica pode servir tanto para gerar renda em regiões mineradoras quanto para restaurar áreas degradadas pela exploração predatória.
Passo a passo da fitomineração
- Seleção de plantas hiperacumuladoras, capazes de concentrar metais.
- Cultivo em solos com ouro ou outros metais.
- Absorção pelas raízes e armazenamento nas folhas e caules.
- Colheita da biomassa vegetal.
- Extração e purificação dos metais a partir da cinza das plantas.
Desafios pela frente
Apesar do enorme potencial, ainda existem obstáculos para a aplicação em larga escala. Entre eles estão o manejo adequado do solo, a biodisponibilidade de certos elementos e a busca por espécies cada vez mais eficientes.
Mesmo assim, a técnica vem ganhando força como um equilíbrio entre ciência, sustentabilidade e economia, mostrando que a mineração do futuro pode, sim, nascer do verde.
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