ESPECIAL
Rumpilezz comanda noite de JAM no MAM em homenagem a Letieres Leite
Praça Maestro Letieres Leite recebe show histórico da banda
Por Manoela Santos*

Amanhã, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) será tomado por um clima de celebração com os 26 anos da JAM no MAM, em uma noite que também presta homenagem ao maestro Letieres Leite, figura essencial da música instrumental baiana.
A programação começa às 18h, com apresentação da Orkestra Rumpilezz, criada pelo próprio Letieres, seguida da tradicional jam session comandada pela banda Geleia Solar. Com entrada gratuita, os ingressos começaram a ser disponibilizados na terça-feira, 5 Resultado: esgotados em questão de horas.
Homenagem
Um dos momentos mais aguardados da noite será a entrega da placa “Praça Maestro Letieres dos Santos Leite”, nome que, desde maio de 2024, identifica a área externa do MAM, onde a JAM acontece.
Falecido em 2021, por complicações da COVID-19, Letieres era arranjador, compositor, instrumentista e fundador do Instituto Rumpilezz, além de idealizador da orquestra homônima, criada em 2006.
À frente da Rumpilezz, o maestro desenvolveu um trabalho singular ao adaptar toques do candomblé à linguagem sinfônica, com uma formação robusta de 20 músicos, entre sopros e percussões.
Segundo Ivan Huol, diretor artístico da JAM no MAM, a ideia de nomear a área externa do museu partiu da deputada estadual Olívia Santana, que ele descreve como “grande parceira das artes e, sobretudo, admiradora da cultura instrumental baiana”. Para Ivan, a homenagem é mais que merecida, levando em conta a dimensão do trabalho realizado pelo maestro. “Letieres era uma força da natureza! Trabalhou incansavelmente para construir uma música instrumental forte, pujante e altamente regional e, por isso mesmo, universal”, explica.
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Ivan ainda relembra as aparições de Letieres na JAM: “Quando ele vinha, tudo mudava! Minha maior satisfação era entregar a batuta pra ele. O palco incendiava! Muitas ideias, num fluxo impressionante. Esse era o Maestro”.
Para Guiga Scott, membro da Comissão Artística da Orkestra Rumpilezz, a homenagem é de grande importância para manter vivo o legado do maestro. “Já temos o Teatro Letieres Leite, no Sesi de Itapagipe; a Escola de Música e Artes Letieres Leite, no Comércio; e agora a Praça no Museu de Arte Moderna da Bahia. Isso nos ajuda a manter viva a mudança de paradigma que ele propôs sobre a música popular nas Américas: o reconhecimento da influência fundamental das culturas africanas na estruturação dos gêneros musicais criados nesse continente”, observa Guiga.
Rumpilezz na JAM

No dia 9 de agosto, será a segunda vez que a Rumpilezz sobe ao palco da JAM, repetindo o feito de 2009. Com uma formação de 18 músicos, a Orkestra leva ao público um repertório guiado pela força dos sopros e da percussão, fruto de uma pesquisa profunda sobre os fundamentos rítmicos da MPB e das matrizes africanas na música da Bahia.
Segundo Guiga Scott, a relação entre os dois projetos é profunda e contínua. “Muitos dos músicos e musicistas de sopro e percussão que participam da Jam no MAM, são músicos da Rumpilezz e/ou passaram pelo projeto Rumpilezzinho. A Jam no Mam é um espaço de improvisação, do Jazz, por isso estaremos sempre ligados. O Maestro sempre nos incentivou a participar da Jam e praticar a improvisação”.
Nesta apresentação, o grupo interpretará temas autorais do saudoso maestro e arranjos feitos por ele para composições de Dorival Caymmi e Moacir Santos. “O conceito elaborado pela Comissão Artística, que está à frente da Orkestra, é apresentar um panorama da nossa história. Vamos passar por cada álbum que fizemos com o Maestro e também por projetos que ainda não foram gravados”, explica Guiga.
Depois da Orkestra Rumpilezz, a noite seguirá com a banda Geleia Solar, residente da JAM no MAM. O projeto, que completou 26 anos, continua promovendo um diálogo inovador entre a música instrumental autoral da Bahia e standards do jazz. Segundo Ivan Huol, o nome "Geleia Solar" surgiu da necessidade de batizar a banda que representa o espírito do projeto. “'Banda JAM no MAM' não nos representaria bem, já que, infelizmente, o MAM não pode ir com a gente quando somos convidados para tocar em outros locais. O termo JAM vem de ‘Jazz After Midnight’ – jazz depois da meia-noite –, mas também pode ser lido literalmente como 'geleia' em inglês. Daí veio a brincadeira: Geleia Solar, uma mistura de leveza, brilho e improviso”.
“Nosso projeto tem uma missão clara: ser um espaço para a prática da improvisação em música instrumental. A Bahia vive uma efervescência instrumental sem precedentes, com o Neojibá, a Orquestra Afro Sinfônica, Osba, Orkestra Rumpilezz e a própria JAM. Nesse contexto, a JAM funciona como um laboratório imprescindível – para os músicos e o público”, diz Ivan.
Segundo Ivan, a temporada JAM e Petrobras 2025 conta com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura e da Lei de Incentivo à Cultura. Isso possibilita ampliar o número de músicos na banda base, convidar grupos para a abertura e investir na estrutura, além de ações educativas e de acessibilidade.
A edição deste sábado conta ainda com o apoio do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, do IPAC e do Museu de Arte Moderna da Bahia. As instituições também estão envolvidas na entrega da placa “Praça Maestro Letieres dos Santos Leite”, além de garantirem a gratuidade dos ingressos. “O apoio institucional é fundamental. Em todos os países desenvolvidos há incentivo para as artes. A arte provoca, desvia, cria mundos possíveis. As políticas públicas precisam acompanhar esse potencial. Estamos muito felizes com essa contribuição coletiva nesta edição especial, que celebra Letieres Leite, a Rumpilezz e a própria JAM”, afirma Ivan.
JAM no MAM com Orkestra Rumpilezz e banda Geleia Solar / Amanhã, 17h / Praça Maestro Letieres Leite / MAM Bahia / Ingressos esgotados
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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