OLIMPÍADAS
Agenda Olímpica: Dia de sol e de contrastes culturais entre Brasil e Japão
Confira a experiência do correspondente do Grupo A Tarde, Luiz Teles, em Paris
Por Luiz Teles
Osol deu as caras, finalmente, nos Jogos de Paris e o domingo foi de uma cidade efervescente, respirando Olimpíada e com muita gente nas ruas, trajada de torcedores, cantando os gritos de guerra com as caras pintadas e portando bandeiras. Um clima bem diferente do chuvoso sábado e da sexta-feira, ou daquele ar quase blasé vivido na capital francesa nos dias que antecederam a Cerimônia de Abertura.
Já que o horário do jogo de futebol da capitã Rafaelle impediria minha ida para a cobertura da luta de Keno Marley, optei por acompanhar a seleção e separei o restante dos horários para tentar ir a novas arenas. Comecei a manhã na Concorde, vendo Rayssa Leal na fase qualificatória, e terminei o dia em Roland Garros, que fica a menos de 10 minutos de distância (andando) do Parc des Princes, onde o Brasil enfrentou o Japão.
O mais bacana neste domingo foi dividir a bancada de imprensa com os jornalistas japoneses, que além da seleção de futebol, estavam em peso acompanhando suas craques do skate. É muito interessante ver as diferenças nos comportamentos dos repórteres.
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Enquanto nós brasileiros somos nada contidos, barulhentos às vezes ao torcer pelos atletas, dos nipônicos não se ouve um pio, no máximo algumas palmas e trocas de cumprimentos entre eles quando alguém tem um bom desempenho. Nem a mais espetacular manobra de Coco Yoshizawa ou mesmo o golaço e a virada incrível no tento de Tanikawa ‘sacudiram’ os japoneses, ao passo que eu e outros colegas vibrávamos loucamente por cada uma das três medalhas conquistadas pelo Brasil.
O ápice dessa diferença cultural aconteceu na zona mista do futebol. Enquanto aguardávamos o técnico Arthur Elias chegar, assistíamos e vibrávamos com o jogo de Bia Haddad e com as primeiras notas da ginástica. Do outro lado da sala (mas bem próximo), nem parecia que os japoneses estavam lá entrevistando o técnico da seleção. Todos falavam muito baixo mesmo (nunca vi algo parecido), inclusive o treinador, naquilo que me explicaram ser um gesto de respeito aos outros jornalistas no local.
Não saí de lá envergonhado pelo barulho que fazíamos e que, provavelmente, atrapalhava a entrevista dos japoneses. Gosto muito do nosso jeito expansivo e emocionado de trabalhar com o esporte (sobretudo em Olimpíadas), mas foi muito legal presenciar e aprender com esse contraste cultural. Provavelmente, essa experiência imersiva e intensa de viver outras culturas, em duas semanas, seja a coisa mais bacana de cobrir os Jogos.
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