Editorial - O desafio da energia
O avanço do crescimento populacional e da produção na indústria, sem oferta de energia elétrica na proporção compatível com as necessidades, impõe agora ao Brasil o maior desafio para gestores e a cidadania, em nove décadas da história de transformação do setor hídrico.
Uma análise qualitativa, a partir da coleta de dados confiáveis, vai apontar para situação emergencial, pois, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste estão abaixo de suas capacidades, com perspectiva de piorar.
Chega a 70% o total gerado nestas duas regiões, em relação à eletricidade distribuída por todo o país, tendo como agravante o armazenamento atual de 21,3%, com tendência a cair abaixo da metade até a chegada de novembro.
A conta chegou para os consumidores, com a autorização de carestia no custo da luz, ao tempo do pedido das autoridades no sentido de redução do consumo por parte dos compulsórios clientes, uma vez ser o mercado desprovido de concorrência.
O enigma a ser decifrado é como se desenvolve um país com tantas restrições no uso energético, devido a compor este item a série de prioridades para funcionar máquinas e aquecer o comércio, o turismo e os serviços prestados em geral.
O governo pode exercitar a virtude da prudência, ao escolher por um mal menor: o incentivo a banhos breves, poupando-se o tempo no chuveiro, e o uso do computador quando preciso, desligando-se de tomadas todo aparelho tido como supérfluo ou aceso em demasia.
Sem a aliança entre usuários e gestão pública, ficará o país ameaçado de blecautes, pois a segurança do fornecimento é insuficiente para afastar o risco do breu em horários nos quais a claridade artificial torna-se um bem intermediário para o melhor convívio.
Coincide com o recuo da pandemia, o quadro adverso, ocasionando dificuldades para recuperação do Produto Interno Bruto (PIB), cujos resultados modestos exigem velocidade na reabilitação econômica, apesar da projeção de baixa nas usinas e subestações.