POLÍCIA
Entenda o esquema do PCC de Metanol e adulteração de bebidas
Metanol é um álcool industrial tóxico usado por falsificadores para lucrar às custas da saúde

Por Luan Julião

Uma série de intoxicações por bebidas alcoólicas adulteradas em São Paulo acendeu o alerta sobre a atuação do crime organizado no mercado ilegal de bebidas. O principal suspeito é o Primeiro Comando da Capital (PCC), que, segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), teria se beneficiado da revenda de metanol, produto químico altamente tóxico, a destilarias clandestinas e falsificadores.
O PCC, conforme revelado na operação Carbono Oculto, utilizava mais de mil postos de combustíveis em dez estados e mantinha 40 fundos de investimento para lavar dinheiro. Com o fechamento desses postos, o metanol passou a circular entre destilarias clandestinas, aumentando o risco à saúde pública. Em apenas 25 dias, nove casos de intoxicação foram registrados no estado, com pelo menos duas mortes confirmadas.
“Ao ficar com tanques repletos de metanol lacrados e distribuidoras e formuladoras proibidas de operar, a facção e seus parceiros podem eventualmente ter revendido o produto a destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas, auferindo lucros milionários em detrimento da saúde dos consumidores”, afirmou a associação em nota divulgada neste domingo, 28.
O que é metanol e por que é usado para adulterar bebidas
O metanol é um líquido incolor, semelhante ao álcool presente em cerveja, vinho e destilados, mas muito mais barato de produzir. Isso o torna uma escolha atraente para adulteração. Dificilmente é possível perceber a fraude durante o consumo, pois sabor e efeito lembram os das bebidas originais.
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No entanto, os riscos se manifestam horas depois, com efeitos potencialmente fatais. A ingestão de pequenas quantidades pode ser extremamente prejudicial à saúde, e alguns ‘shots’ do composto podem ser fatais.
Como o metanol age no organismo
O metanol é metabolizado no fígado, formando compostos altamente tóxicos como formaldeído, formato e ácido fórmico. Esses subprodutos atacam principalmente o cérebro e os olhos, podendo causar cegueira, coma e até morte. Os sintomas iniciais são parecidos com intoxicação alcoólica: descoordenação, fala prejudicada, confusão, vômitos e tontura. Em seguida, o ácido fórmico provoca queda do pH sanguíneo, afetando órgãos vitais e podendo levar a insuficiência renal, convulsões e sangramentos. Mudanças bruscas na frequência cardíaca e dificuldade para respirar são sinais de risco de morte iminente, segundo o CDC.
Tratamento rápido salva vidas
O tratamento da intoxicação por metanol precisa ser iniciado imediatamente. Em hospital, pode envolver medicamentos para eliminar a substância do sangue, diálise e, surpreendentemente, administração de álcool (etanol), que retarda a conversão do metanol em compostos tóxicos. A rapidez no atendimento é determinante para reduzir danos e evitar mortes.
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