OPERAÇÃO PRIMUS
Operação na Bahia expõe elo entre PCC e fraudes em combustíveis
Ação desarticulou grupo responsável por adulteração e comercialização irregular

Por Victoria Isabel e Bernardo Rego

A Operação Primus, deflagrada na quinta-feira, 16, desarticulou um grupo criminoso responsável por estruturar e expandir uma rede empresarial voltada à adulteração e comercialização irregular de combustíveis na Bahia.
O balanço da ação foi apresentado nesta sexta, 17, no Centro de Operações e Inteligência (COI), em Salvador. A exposição dos dados contou com a presença dos dos seguintes nomes:
- Secretário estadual da Segurança Pública, Marcelo Werner;
- Delegado Geral da Polícia Civil, André Viana;
- Diretor do Draco (Delegacia de Repressão ao crime organizado), delegado Fábio Lordello;
- Delegada Haline Peixinho e demais representantes do Draco.
Ligação com o PCC
Durante coletiva de imprensa, a delegada Haline Pinheiro falou sobre a possível conexão do grupo com o PCC (Primeiro Comando da Capital). A oficial, que esteve à frente da operação, expôs o elo entre a facção criminosa e a fraude dos combustíveis.
“É algo que já tá sendo analisado no bojo da investigação. Temos fortes indícios de que há uma vinculação direta com essa facção criminosa.”
Segundo a delegada, a suspeita surgiu a partir do uso de pessoas ligadas ao grupo criminoso como laranjas.
“Principalmente pela questão de várias interposições no quadro societário e, além disso, as movimentações financeiras que foram analisadas e também a repercussão durante a investigação”, destacou.
Na ocasião, a polícia identificou que grupo fazia uso de equipamentos e insumos como batederia de nafta, durante o cumprimento dos mandados. A delegada explicou como funcionava o uso.
"Era utilizada justamente para realizar essa adulteração, principalmente em alguns galpões vinculados ao grupo criminoso. Além disso, através da análise de todos os documentos apreendidos, conseguimos rastrear a vinculação com esses envolvidos.”

Questionada sobre uma possível relação com a operação deflagrada recentemente na Avenida Faria Lima, em São Paulo, Haline confirmou.
“Sim, com certeza. Inclusive, nós conseguimos identificar ligação direta com esse grupo que também está sendo investigado lá. Inclusive, dois alvos dessa operação também foram alvos da Operação Carbono Oculto e que inclusive estão foragidos.”
De acordo com a Polícia Civil, a base do grupo criminoso estava em Feira de Santana (BA), com ramificações em outros municípios As investigações apontam que cerca de 200 postos de combustíveis estariam vinculados à organização investigada.
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Bloqueio financeiro
Já o delegado-geral da Polícia Civil, André Viana, afirmou que o bloqueio financeiro realizado durante a operação foi uma medida estratégica para enfraquecer o grupo criminoso.
“Essa vertente de asfixia financeira não é só do Departamento de Repressão e Atenção aos Crimes Organizados. Todos os departamentos da Polícia Civil estão com esse norte específico, com núcleo de recuperação de ativos, para quê? Para que a gente possa justamente apreender o recurso financeiro e utilizar o recurso financeiro, o dinheiro, os bens, justamente no enfrentamento à criminalidade em todo o estado da Bahia.”

O secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner destacou a integração com as policias de outros estados.
"A integração que tem que haver, eu prego muito isso entre as forças de segurança, porque hoje as organizações criminosas não tem mais fronteira, não tem fronteira entre estados e não tem fronteira inclusive entre países. Então a gente precisa fortalecer essa rede de contato, essa rede de informação".
Balanço da operação
Durante a operação, as forças policiais cumpriram:
- 62 mandados de busca e apreensão;
- 12 mandados de prisão, desarticulando um esquema criminoso que envolvia 200 postos de combustíveis.
O balanço também registrou a apreensão de 12 veículos de luxo e cinco armas de fogo, entre elas quatro pistolas e uma submetralhadora.
Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 6,5 bilhões em bens e valores ligados aos investigados, resultado de movimentações financeiras suspeitas associadas à lavagem de dinheiro e à sonegação fiscal.
Modus operandi
- Adulteração de combustíveis em galpões clandestinos (“batedeiras de nafta”);
- Emissão de notas fiscais frias e simulação de negócios lícitos;
- Participação direta de familiares e interpostas pessoas;
- Lavagem de dinheiro e fraudes contábeis complexas, com suporte de operadores
- financeiros.
Rede criminosa

Foragidos
- São Paulo: Mohamad Hussein Mourad e Roberto Augusto Leme da Silva, ambos foragidos também da Justiça de São Paulo, alvos da Operação Carbono Oculto da PCSP.
- Bahia: Aloísio Batista Cardoso.
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