CRIME!
Polícia Federal investiga esquema milionário de fraudes em concursos
Quebra de sigilos bancários aponta movimentações financeiras suspeitas e indícios de lavagem de dinheiro

Por Luan Julião

A Polícia Federal intensifica a investigação sobre uma complexa rede de fraudes em concursos públicos, que envolve não apenas uma família criminosa, mas também candidatos que pagaram para garantir vagas de prestígio. O inquérito, autorizado pela Justiça a quebrar sigilos bancários, busca rastrear o fluxo milionário de recursos que abasteceu o esquema.
As primeiras evidências surgiram ainda em 2024, durante a Operação Before, conduzida pela Polícia Civil da Paraíba. Na ocasião, foram identificadas transações entre Wanderson Gabriel de Brito Limeira, filho do líder da quadrilha, Wanderlan Limeira de Sousa, e Bianca Paskelina Pereira Freire, flagrada com ponto eletrônico durante o concurso.
Prejuízo milionário ao erário
O impacto financeiro é significativo. Segundo informações do Metrópoles, um servidor aprovado de forma fraudulenta para o cargo de Auditor Fiscal do Trabalho, com salário inicial superior a R$ 22 mil, pode gerar mais de R$ 7 milhões em pagamentos ao longo de 30 anos, sem considerar benefícios e aposentadoria. Com pelo menos dez aprovações suspeitas já confirmadas no Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024, o prejuízo potencial desse núcleo supera R$ 70 milhões.
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O montante pode aumentar ainda mais caso outras fraudes sejam comprovadas em concursos das Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas, além de instituições como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Universidade Federal da Paraíba.
Fachadas e lavagem de dinheiro
Além das aprovações fraudulentas, a investigação identificou indícios de que negócios legais foram usados para disfarçar a origem do dinheiro. Um exemplo é Ariosvaldo Lucena de Sousa Junior, policial militar do Rio Grande do Norte, aprovado ilegalmente no CNU, que mantém uma clínica odontológica em Patos (PB), cidade onde não reside. Para a PF, o empreendimento poderia servir para dar aparência legal aos recursos ilícitos.
Durante a Operação Última Fase, um cofre apreendido em uma das residências dos investigados pode revelar documentos, valores em espécie e comprovantes de pagamentos feitos pelos candidatos.
Quem são os “clientes”?
A Polícia Federal busca mapear todos os candidatos que pagaram por aprovações. Entre eles, uma mulher chamou atenção por conquistar vagas em carreiras altamente concorridas, como medicina e auditoria fiscal, apresentando gabarito idêntico ao do líder da quadrilha. Outros nomes seguem sob sigilo.
Para proteger o erário, o Ministério Público Federal solicitou o sequestro de bens dos investigados, garantindo que, em caso de condenação, parte do dinheiro seja revertida aos cofres públicos.
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