VINGANÇA
Simões Filho: Tamara foi morta por vingança; Mayane foi queima de arquivo
Suspeito diz que Mayane atraiu Tamara ao local do crime e acabou executada por saber demais; Tamara teria furtado R$ 15 mil do suspeito

Por Andrêzza Moura

O Portal A TARDE teve acesso com exclusividade aos detalhes chocantes que envolvem o assassinato das amigas Tamara Trindade da Silva, de 28 anos, e Mayane Coelho Brandão, de 20, encontradas mortas após mais de uma semana desaparecidas. Os corpos foram localizados nessa quinta-feira, 2, em uma área de mata de difícil acesso, na região de Fazenda Nova, Pitanguinhas, em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Foi o ajudante de pedreiro Jonas Souza Santos, 20, mais conhecido como Índio e réu confesso, quem indicou à polícia o local onde os corpos estavam escondidos. Segundo o delegado Jader Oliveira, titular da 22ª Delegacia Territorial, o homem foi detido por investigadores do Serviço de Inteligência (SI) da unidade policial, na Avenida Elmo Serejo de Farias, no Centro de Simões Filho, na manhã dessa quinta-feira. Ele já estava sendo acompanhado pelos agentes.

"A Polícia Civil, da 22ª DT, conseguiu apurar os fatos de forma rápida, localizar e prender um dos autores e identificar onde os corpos estavam escondidos. Sendo que bombeiros, Polícia Civil, todos os agentes das Forças de Segurança já tinham vários dias procurando [corpos]. Ele [Jonas] indicou o local", reafirmou Oliveira.
Crime premeditado e motivação por vingança
Ainda segundo o delegado, durante depoimento, Jonas afirmou que teve um relacionamento com Tamara e que ela teria furtado dele a quantia de R$ 15 mil, que estava guardada debaixo da cama onde dormia. O suposto furto teria ocorrido semanas antes do crime. A motivação, segundo ele, foi a vingança.
O suspeito contou ainda que, na noite do dia 25 de setembro, ele, o comparsa - um homem, de 21 anos, e de que não teve o nome revelado -, e Mayane estavam bebendo em um bar no Cia II. Foi a jovem quem chamou Tamara para se juntar ao grupo.
Índio revelou que, em seguida, os quatro seguiram para a sua casa, na Fazenda Nova, com a desculpa de que se relacionariam. Chegando lá, ele aproveitou o momento para confrontar Tamara sobre o dinheiro e que ela teria dito que não pagaria e ainda o ameaçou.
"Ele encontrou a oportunidade de cobrar [o dinheiro] a ela. Segundo ele, Tamara disse que não iria pagar e ia chamar os caras [traficantes] para pegá-lo. Quando ela pegou o celular, ele deu a primeira facada, depois deu a outra", lembrou o delegado.
Queima de arquivo
Ainda segundo o depoimento de Jonas, Mayane não era o alvo inicial. Ela teria conhecimento do furto e foi com a intenção de convencer a amiga a entregar o valor furtado, com a promessa de que receberia R$ 3 mil, caso Tamara devolve o dinheiro que ele estava juntando para comprar uma moto.

Contudo, ao presenciar o ataque a Tamara e tentar gritar por socorro, Jonas decidiu que também a mataria, para evitar ser denunciado. Ela também foi esfaqueada. O comparsa de Jonas e com a jovem mantinha um relacionamento esporádico, ajudou a segurá-la e ainda lhe deu socos no rosto.
Outra versão apontava de que as amigas teriam sido mortas por não aceitar se relacionar com os suspeitos. O delegado contou que essa versão não foi sustentada por nenhuma das pessoas ouvidas.
Conforme Jader Oliveira, além de facadas, as amigas receberam golpes de machado. As armas foram dispensadas pela dupla enquanto seguiam para ocultar os corpos e ainda não foram localizadas. A motocicleta que as jovens usavam no dia em que desapareceram foi jogada em um lago, também em Simões Filho, e ainda não foi resgatada.
Frieza
De acordo com o delegado, durante o depoimento, Jonas não demonstrou arrependiemnto pela morte de Tamara. "Ele disse que ela o roubou e fez o que tinha ser feito", afirmou o titular.
Ele segue custodiado na Central de Flagrantes da Região Metropolitana (RMS) aguardando para passar por audiência de custódia. O dia ainda não foi definido. O delegado revelou que já solicitou à Justiça a conversão da prisão em flagrante pela preventiva. A Polícia Civil segue em busca do segundo envolvido, que está foragido.
Oliveira revelou que não há indicios de participação de outras pessoas. Inclusive, revcelou que o irmão adolescente de Jonas foi ouvido e não tem nenhum envolvimento com o fato. O delegado pediu que a população respeite a família do suspeito, já que eles estão sofrendo ameaças. "A família não tem nada haver com o crime", reforçou o titular.
Amigas
Tâmara e Mayane se conhecem há quatro anos e costumavam passar muito tempo juntas. A família de Mayane informou que ela saiu de casa, no bairro Ponto Parada, no dia 18 de setembro, para ficar na residência de Tâmara, no Cia II, como era habitual. O último contato de Mayane com familiares ocorreu, na quarta-feira, 24, um dia antes do desaparecimento.
Na noite do sumiço, as jovens foram vistas saindo para beber em um depósito de bebidas localizado em frente a um cemitério. Câmeras de segurança registraram que, por volta da meia-noite da sexta-feira, 26, as duas saíram em uma motocicleta Honda PCX, pertencente a uma delas, e foram seguidas por outra moto com dois homens. Os celulares das vítimas estão incomunicáveis desde então.
Tâmara trabalhava como atendente em um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) em Salvador, enquanto Mayane, mãe de uma criança pequena, não tinha emprego fixo.
Leia Também:
Cronologia dos fatos
- 18/09: Mayane vai para a casa de Tamara, como costumava fazer.
- 24/09: Último contato de Mayane com a família.
- 25/09: Ambas desaparecem após saírem para beber em um depósito em frente a um cemitério.
- 26/09: Câmeras registram as jovens saindo em uma moto, sendo seguidas por dois homens.
- 02/10: Corpos são encontrados após confissão de Jonas.
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