CÉU E INFERNO
Bolsonaro: de ex-militar à condenação pelo STF; veja perfil
Ex-presidente colecionou polêmicas tanto quando esteve nas Forças Armadas, como enquanto dirigente político

Por Yuri Abreu

Condenado a 27 anos e três meses por pelo menos cinco crimes — entre eles organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado —, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vem colecionando polêmicas não apenas enquanto um dos personagens mais emblemáticos da política brasileira.
As controvérsias envolvendo o liberal vem desde quando ele era membro das Forças Armadas, motivo pelo qual ele se orgulha até os dias atuais. Apesar de, em 2016, ter citado o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ao declarar voto favorável pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, a relação dele com o Exército não foi bem um "mar de rosas" — um dos presidentes que governou o Brasil no período da ditadura, Ernesto Geisel, chegou a avaliar Jair Bolsonaro com um "mau militar".
Em 1986, desrespeitando a disciplina e a hierarquia exigidos pela função, Bolsonaro escreveu um artigo para a revista Veja reclamando dos baixos salários pagos à tropa. No ano seguinte, ele foi responsável por elaborar um plano para explodir bombas no Rio de Janeiro a fim de pressionar o comando das Forças Armadas a conseguir o aumento dos vencimentos de seus integrantes.
Inicialmente, ele chegou a negar a autoria do atentado que não deu certo, mas acabou sendo desmentido por uma investigação interna e acabou sendo mandado para a reserva.
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Vida política
A vida política do ex-presidente começou em 1989, quando se elegeu vereador no Rio de Janeiro. No entanto, dois anos depois, mudou o "domicílio eleitoral" para Brasília. Na capital federal, foram sete mandatos como deputado, até janeiro de 2019.
Nesse período, uma atuação discreta, fazendo parte do chamado baixo clero no parlamento nacional. Mas não sem estender seu capital político para três dos seus filhos: Flávio, Carlos e Eduardo. A ascensão política dele veio justamente no momento em que as redes sociais ganhavam cada vez mais espaço junto ao eleitor. Aliado a isso, polêmicas principalmente com colegas mulheres de parlamento.
Esse combustível, que ganhou mais força com o apelido de "Mito" — dado pelos seus apoiadores mais fieis — sem contar a facada sofrida por ele durante um evento de campanha, em Juiz de Fora (MG), fizeram com que ele atingisse a Presidência da República.
No Planalto
Ao longo dos quatro anos em que foi chefe do Executivo nacional, as controvérsias continuaram. Uma das principais foi durante a pandemia de Covid-19: além de sabotar recomendações sanitárias, negligenciou a compra de vacinas e desdenhou das mortes provocadas pela doença, que chegaram a 700 mil no Brasil.
Contra o Judiciário, vários foram os momentos de tensão: atacou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), colocou em xeque a credibilidade da Justiça Eleitoral e contestou a segurança e a confiabilidade das urnas eletrônicas. Ameaçou ainda descumprir decisões do STF, xingou magistrados e deixou claro que não aceitaria outro resultado eleitoral em 2022 que não fosse a sua reeleição.
No entanto, veio a derrota para Lula e, a partir daí, mais ataques ao Supremo e a esquerda, seu alvo mais latente. Insuflou seus apoiadores mais fieis a realizar manifestações por todo o país, culminando com o fatídico 8 de Janeiro de 2023, quando Jair Bolsonaro já não estava mais em solo brasileiro.
Com todo esse histórico à frente do Executivo nacional — e fora dele —, Bolsonaro acabou sendo alvo da Justiça e, em dois momentos, viu novamente que suas ações teriam graves consequências: em junho de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou o ex-presidente inelegível por oito anos por, em julho do ano anterior, ter atacado o sistema eletrônico de votação durante reunião com embaixadores. E, agora, novamente condenado, desta vez pelo STF.
Agora, a expectativa é saber onde Jair Bolsonaro vai cumprir a pena estabelecida pela mais alta Corte do país. Isso também está nas mãos do STF.
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