CASO DAS JOIAS
Clã de Bolsonaro mentiu sobre joias na Fazenda Piquet, diz PF
Para os agentes federais, a versão falsa do depoimento é uma “estratégia articulada pelos investigados”
Por Da Redação
O relatório da Polícia Federal (PF) aponta que o clã do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mentiu durante depoimento e chegou a emplacar a narrativa na imprensa sobre o armazenamento das joias na Fazenda Piquet, do ex-piloto de Formula 1, Nelson Piquet, em Brasília.
Segundo os agentes federais, o documento é uma “estratégia articulada pelos investigados”. A narrativa mentirosa da cúpula trata sobre o conjunto “kit ouro rosê”, contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe e um relógio, recebido pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após viagem a Arábia Saudita. O item foi a leilão em Nova York, mas não foi arrematado.
“Posteriormente, após a tentativa frustrada de venda, e cientes da restrição legal de comercializar bens do acervo privado presidencial no exterior, somado à divulgação na imprensa da existência do referido kit, Mauro Cid, Marcelo Camara e Osmar Crivelatti organizaram uma ‘operação de resgate’ dos bens”, diz o documento.
Leia mais
>> Pai de Cid confirma entrega de US$ 68 mil a Bolsonaro em NY, diz PF
>> Caso das joias: STF derruba sigilo de relatório que indiciou Bolsonaro
>> PF corrige estimativa e aponta desvio de R$ 6,8 mi em caso das joias
Em troca de mensagens, Paulo Camara citou uma matéria veiculada pela imprensa sobre a possibilidade de vistoria do Tribunal de Contas da União (TCU) na fazenda. “O problema é que essa matéria está falando que se o TCU quiser ir lá vai encontrar e não vai”.
Entenda
Osmar Crivelatti, que atuava como segurança do ex-presidente, em depoimento à PF declarou uma versão falsa sobre o armazenamento das joias na fazenda. Ao ser convocado novamente pelos agentes, em março de 2024, ele mudou a versão.
“Indagado sobre o motivo de faltar com a verdade no depoimento prestado, na condição de testemunha, afirmando falsamente que retirou os itens integrantes do kit em ouro rose diretamente da Fazenda Piquet e os entregou ao advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, respondeu que tinha ciência de que o coronel Marcelo Camara, em declarações anteriores à Polícia Federal, tinha afirmado falsamente que o kit em ouro rose estaria na Fazenda Piquet. Que, diante disso, quando foi convocado a prestar esclarecimentos na Polícia Federal, o declarante procurou manter a mesma versão, mesmo ciente da falsidade das afirmações”, diz o documento da PF.
A mesma versão falsa foi repetida por diferentes testemunhas ouvidas, como o próprio Jair Bolsonaro, “com o objetivo de não revelar que as joias foram enviadas aos Estados Unidos para serem vendidas ilegalmente”. O relatório aponta que o grupo demonstrava preocupação que fosse descoberto que os itens não estavam no Brasil.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes