POLÍTICA
Erika Hilton: transfobia é crime em cidade nos EUA que deputada visitaria
Parlamentar desistiu de viajar para o país após receber o visto com sua identificação no sexo masculino
Por Flávia Requião e Redação

Após receber o visto dos Estados Unidos com sua identificação no sexo masculino, a deputada federal Erika Hilton (PSOL -SP), que é uma mulher trans, desistiu de ir ao país, onde participaria do Brazil Conference, na cidade de Boston, capital do estado de Massachusetts.
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Apesar da desistência e toda a situação, o estado em que a deputada iria no país tem leis rigorosas sobre a transfobia.
Mesmo com a regra do presidente Donald Trump de existir no país apenas os gêneros feminino e masculino, os EUA aplicam leis federais contra crimes de ódio, que inclui raça, cor, religião, nacionalidade, orientação sexual, gênero, identidade de gênero ou deficiência.
A interpretação e a aplicação de leis contra crimes de ódio com a proteção da identidade de gênero variam entre as jurisdições estaduais. No Estado específico que Erika iria, Massachusetts, atos de ódio contra orientação sexual, gênero/sexo e identidade de gênero é crime.
A deputada iria para os EUA neste sábado, 12, para participar do painel organizado pela comunidade brasileira de Harvard e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), no entanto, não irá mais viajar por conta da situação.
"Fiquei preocupada com o tratamento que receberia no aeroporto, das autoridades americanas, tendo em vista que o nome é feminino e o gênero descrito era masculino. Senti medo, para ser sincero. E não aceitei me submeter a esse tipo de coisa", desabafou.
Erika acusa EUA de transfobia
Hilton acusou o governo dos Estados Unidos de cometer "transfobia de Estado", após receber um visto de entrada para um evento no país com o gênero masculino. A parlamentar disse em relato à Folha de S. Paulo que acionará o país na ONU (Organização das Nações Unidas) para considerar o caso de transfobia e um desrespeito a seus registros civis brasileiros.
De acordo com ela, um visto antigo expedido pelo mesmo país em 2023 informou que ela era do gênero feminino, seguindo as informações que constam na identidade da parlamentar trans.
Ela disse ainda que apresentou sua certidão de nascimento e o passaporte diplomático, ambos identificados como mulher, durante o processo para obtenção do novo documento.
“Os documentos que apresentei são retificados, e sou registrada como mulher inclusive na certidão de nascimento. Ou seja, estão ignorando documentos oficiais de outras nações soberanas, até mesmo de uma representante diplomática, para ir atrás de descobrir se a pessoa, em algum momento, teve um registro diferente”, declarou em post no Instagram, na manhã desta quarta-feira, 16.
"Não se trata apenas de um caso de transfobia. Se trata de um documento sendo rasgado sem o menor tipo de pudor e compromisso. Irei acionar o presidente [dos EUA] Donald Trump judicialmente na ONU e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Queremos que o Itamaraty chame o embaixador para dar explicação", ressaltou.
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