POLÍTICA
Lula oficializa Guilherme Boulos como ministro de olho em 2026
Presidente faz novas mudanças na Esplanada dos Ministérios

Por Cássio Moreira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou, nesta segunda-feira, 20, a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos, do Psol de São Paulo, para o Ministério da Secretaria-Geral da Presidência da República. A mudança ministerial foi antecipada pelo Portal A TARDE em maio deste ano.
Boulos assume o cargo ocupado anteriormente por Márcio Macêdo (PT-SE), indicado desde 2023 para o posto. A alteração na pasta é uma estratégia do presidente Lula para se fortalecer diante dos movimentos sociais para as eleições de 2026, visto que o parlamentar do Psol é conhecido por seu trânsito com importantes lideranças desses grupos.
A substituição está engatilhada desde maio, como noticiado por A TARDE. Na ocasião, a volta de Lula da China era tida como a data limite para o anúncio que, de acordo com fontes ligadas ao Psol, foi adiado por precaução do chefe do Planalto, que preferiu aguardar as eleições nacionais do PT para poder fazer qualquer movimento.
"Convidei o deputado Guilherme Boulos para assumir o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele vai substituir o companheiro Márcio Macedo na função, a quem agradeço por todo o trabalho realizado para a ampliação e o fortalecimento da participação social em nosso governo", escreveu Lula em publicação nas redes sociais.

Nas últimas semanas, no entanto, o nome de Boulos voltou a ficar em evidência para assumir a Secretaria-Geral da Presidência. O acordo, segundo apurou o Portal A TARDE, envolve a sua permanência como ministro até o final do mandato atual de Lula, desistindo da reeleição para a Câmara dos Deputados em 2026.
Para assumir o Ministério, Boulos articulou com movimentos sociais e lideranças, a fim de evitar uma rejeição ao assumir o cargo. O Psol, seu partido, ficou 'dividido', embora a direção nacional tenha afirmado ao Portal A TARDE, no último mês, que ele não seria alvo de qualquer retaliação.
Perda de votos
Um dos fatores que levanta preocupação no Psol, segundo fontes ligadas ao partido, é a perda do principal puxador de votos da legenda para o legislativo no país. Principal ativo da sigla, o deputado e agora ministro obteve uma das maiores votações para a Câmara dos Deputados em toda a história na sua primeira tentativa, em 2022, tendo 1.001.472 de votos.
Na ausência de Boulos nas urnas, o Psol agora aposta em nomes como o de Erika Hilton, responsável pela inserção do debate do fim da escala 6 x 1 de trabalho, e Sâmia Bonfim, deputada de longa data da legenda, como opções para fazer uma ampla bancada no próximo ano.
Além disso, a presença de nomes como Ricardo Galvão e Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, que tem uma federação com a legenda, é apontada como uma possibilidade para fortalecer a bancada. Atual ministra do Meio Ambiente, Marina é deputada licenciada pela federação partidária, assim como a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, do Psol.
Foco é 2028
A ida de Boulos para o ministério, assim como sua desistência de concorrer à reeleição na Câmara dos Deputados, tem um grande objetivo: turbinar seu nome para uma nova disputa pela prefeitura de São Paulo nas eleições de 2028.

Boulos, que deve ser candidato pela terceira vez, novamente com o apoio do presidente Lula e da estrutura do PT, entende, segundo nomes próximos ao novo ministro, que ao mostrar um trabalho competente dentro da Esplanada dos Ministérios, ele conseguirá 'furar a bolha' entre os eleitores que não acreditam no seu potencial enquanto gestor.
Trajetória de Boulos
Conhecido por sua trajetória como dirigentedo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Boulos ganhou projeção nacional com sua candidatura à presidência da República em 2018. Defensor da liberdade de Lula, na época preso por suas condenações na Lava-Jato, o psolista teve um desempenho aquém do esperado nas urnas, com a pior votação da história do partido em uma disputa pelo Planalto (617 122 votos).
Em 2020, durante a pandemia, foi candidato a prefeito de São Paulo. Iniciando longe de alcançar uma vitória, Boulos cresceu durante a campanha e colocou o Psol no segundo turno da eleição da principal cidade da América Latina.
Apesar do feito, Boulos perdeu para Bruno Covas (PSDB) no segundo turno, com 2 168 109 votos.
Em 2024, já como deputado federal, Boulos voltou a concorrer à prefeitura de São Paulo, indo para o segundo turno contra Ricardo Nunes (MDB), alçado a prefeito com a morte de Bruno Covas. Mais uma vez, o psolista foi derrotado nas urnas, tendo 2 323 901 votos.
Veja o desempenho eleitoral do novo ministro
- Eleições 2018 (presidente) - 617.122 votos
- Eleições 2020 (prefeito SP) - 2.168.109 votos
- Eleições 2022 (deputado federal) - 1.001.472 votos (eleito)
- Eleições 2024 (prefeito SP) - 2.323.901 votos
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes