POLÍTICA
Preso após fuga, ex-chefe da PRF é condenado por interferir nas eleições de 2022; relembre
Envolvimento no golpe de Estado custou liberdade e direitos políticos

Por Isabela Cardoso

O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso nesta sexta-feira, 26, no Paraguai. De acordo com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, Vasques tentava embarcar em um voo com destino a El Salvador no momento da captura.
A prisão ocorre após uma série de condenações judiciais que consolidam o entendimento de que Vasques utilizou o cargo máximo da corporação para atuar politicamente em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de envolvimento na tentativa de golpe de Estado.
Atuação nas eleições de 2022: uso indevido da estrutura pública
Silvinei Vasques foi condenado por improbidade administrativa pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). A Justiça concluiu que ele promoveu uma "confusão intencional" entre sua função pública e sua preferência política, utilizando símbolos e a força da PRF para fins eleitorais. Entre as provas citadas no processo estão:
- Propaganda com farda: Publicações em redes sociais utilizando o uniforme e insígnias da PRF para apoiar a candidatura de Bolsonaro.
- Gestos políticos: A entrega de uma camisa com o número "22" ao então ministro da Justiça, Anderson Torres, às vésperas do segundo turno.
- Pedidos de voto: Participação em eventos oficiais com manifestações explícitas de apoio eleitoral.
Por essas condutas, ele foi condenado ao pagamento de uma multa de R$ 546,6 mil e está proibido de contratar com o poder público por quatro anos.
Condenação por trama golpista e bloqueios no Nordeste
O caso mais grave, julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), resultou em uma pena de 24 anos e seis meses de prisão em regime fechado. Vasques foi identificado como peça-chave do "núcleo operacional" de uma organização criminosa que visava reverter o resultado das urnas.
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O STF entendeu que Silvinei Vasques ordenou operações da PRF no dia do segundo turno das eleições, com foco desproporcional na região Nordeste, para dificultar o deslocamento de eleitores e interferir no pleito. Além da prisão, ele teve os direitos políticos suspensos e deve contribuir para uma indenização coletiva de R$ 30 milhões.
Do auge à exoneração
Natural de Ivaiporã (PR), Silvinei teve uma carreira de 27 anos na PRF. Após se aposentar voluntariamente com salário integral logo após o fim das eleições de 2022, ele chegou a assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico em São José (SC), cargo do qual pediu exoneração em dezembro de 2025 devido ao cerco judicial.
Vasques já havia cumprido prisão preventiva em 2023, mas aguardava os recursos em liberdade sob medidas cautelares até a tentativa de fuga registrada nesta sexta-feira.
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