EXCLUSIVA
Cravinho: proprietária não aceita orientação e mantém bar fechado
Estabelecimento foi alvo de fiscalização e está fechado desde a tarde da quinta-feira, 16

Por Andrêzza Moura

Em entrevista exclusiva ao Jornal A TARDE, nesta sexta-feira, 17, Meire Gomes, proprietária do bar O Cravinho, comentou sobre o momento delicado que tem enfrentado desde que o estabelecimento, que fica no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, foi alvo de uma operação conjunta entre órgãos estaduais e federais, no início da tarde da quinta-feira, 16.
"O sentimento é de muita chateação. E, principalmente, porque, infelizmente, a operação ainda acontecendo e as pessoas já falando: 'olha, está com problema. Olha, é bebida adulterada, olha, falta de documentação, falta de nota fiscal, falta de, enfim. E isso, claro, gerou todo esse pandemônio. Isso é uma uma fiscalização que é normal, a gente sempre tem", afirmou a empresária.
Ela falou ainda sobre a importância do controle, principalmente diante dos riscos para a saúde pública. "Eu sei que isso [fiscalização], e nesse momento, é ainda mais necessária, porque a gente está tendo mortes por conta de bebidas falsificadas. E, por causa do metanol. Mas o sentimento é esse [chateação], mas a gente está tentando resolver", reafirmou ela.
Impasse burocrático
Meire explicou que, diante de todas as dificuldades, a burocracia tem sido o maior obstáculo para o funcionamento normal do bar. "O que ficou definido é que eu posso abrir o bar, só não posso vender o cravinho. A minha dificuldade toda, no momento, chama-se burocracia. Tem um documento que não tem relação nenhuma com qualidade do que se vende. E esse documento eu estou esperando o Ministério da Agricultura [e Pecuária] (MAPA) me mandar", esclareceu.

"Eles ficaram de mandar hoje. Estive hoje cedo lá, mas eles me informaram: 'olha, já foi feito aqui a solicitação, mas é um é uma resposta que vem de Brasília'. Eles, inclusive, foram super tranquilos, super de boa, mas decidiram que, no momento, até chegar o documento, 'você não pode comercializar a bebida'. Beleza!! E, me orientaram abrir a casa. Não, não aceito! Só aceito abrir a casa para vender o cravinho [cachaça]. Todas as outras coisas que eu vendo, tudo isso é depois da cachaça. Então, eu não abro", declarou Meire, ao falar do motivo pelo qual vai manter o bar O Cravinho fechado.
Nota Oficial – O Cravinho
Após a fiscalização realizada ontem (16) e a pronta liberação das atividades nesta sexta-feira (17), o Cravinho reafirma seu respeito às autoridades e à sociedade baiana.
Por iniciativa própria, o estabelecimento optou por manter-se temporariamente fechado, em respeito aos nossos clientes e às instituições, até que todos os esclarecimentos fossem concluídos com transparência. O breve intervalo confirmou a plena regularidade do bar - com alvará, certificações e notas fiscais em dia - e reforçou, com base em laudos técnicos emitidos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), a excelência e a segurança dos nossos produtos, reconhecidos há décadas pela sua qualidade artesanal.
Agradecemos à imprensa séria e responsável pelo tratamento ético das informações e pelo compromisso com a verdade. Quanto às notícias falsas e publicações distorcidas que circularam, informamos que as medidas cabíveis de retratação e responsabilização já estão sendo adotadas.
O Cravinho segue firme como patrimônio cultural e afetivo da Bahia - símbolo da tradição, da autenticidade e da hospitalidade do nosso povo.
Tradição
"Eu imagino que você, pelo menos, já ouviu falar da gente. Estamos aqui há quase 50 anos, trabalhamos de uma forma extremamente séria. Somos patrimônio da Bahia. Essa é a verdade. Todo mundo, a gente vende cravinho para o mundo inteiro", pontou Meire Gomes.
"Hoje, inclusive, uma coisa bem importante, quando começou esse problema [contaminação por metanol], eu solicitei um laudo. Pedi ao meu engenheiro químico e ele solicitou um laudo que foi feito pela UFBA [universidade Federal da Bahia] e que saiu hoje de manhã [sexta-feira, 17]. Isso eu pedi no dia primeiro [de outubro], levei a primeira prova, no dia 3 levei a contraprova e saiu o laudo hoje que já está aí, que já foi divulgado", falou a empresária sobre o resultado do laudo técnico que apontou “excelência” e “segurança” nos materiais utilizados na produção das bebidas comercializadas no bar.
A Operação
O bar Cravinho, tradicional ponto do Pelourinho em Salvador, foi alvo da Operação Bebidas Etílicas, realizada nesta quinta-feira, 16, por uma força-tarefa composta pelo Procon-BA, Polícia Civil (DECON e DPT), Codecon e Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). A ação faz parte das investigações relacionadas a possíveis adulterações em bebidas alcoólicas no estado, motivadas por casos de intoxicação por metanol registrados em outras regiões do país.
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Segundo informações dos órgãos, durante a fiscalização, foram apreendidas 90 garrafas de bebidas sem autorização do MAPA em vários estabelecimentos, incluindo o Cravinho. Como medida preventiva, a produção e comercialização de bebidas no bar foram temporariamente suspensas para a análise das amostras coletadas, enquanto as autoridades seguem investigando possíveis irregularidades.
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