PALESTRA
Escola Ybá discute cuidados com desenvolvimento emocional infantil
Evento promove reflexão sobre a importância da educação emocional desde a primeira infância
Por Gabriela Araújo
A primeira instituição de ensino a adotar o conceito “greenschool” em Salvador, a escola Ybá, abriu as portas para recepcionar pais e professores para o 1º Encontro da Educação na noite desta sexta-feira, 27.
A reunião, realizada na sede da instituição, localizada no bairro de Patamares, convidou os presentes a refletirem sobre os impactos de olhar e cuidar do desenvolvimento emocional das infâncias, provocado pelo psicólogo Rossandro Klinjey.
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Em conversa com o Portal A TARDE, Klinjey defendeu a importância dos pais olharem as escolas como um espaço de construção emocional. Ele ainda relembrou o período em que os colégios precisaram trancar as salas de aula devido a pandemia da Covid-19.
“Quanto mais a gente olhar para as escolas, não apenas como lugar de aquisição de saberes, mas também de emoções, a gente vai entender a dimensão que a escola tem. Embora ela não seja um ambiente de terapia, ela é terapêutica pelo ambiente coletivo que ela proporciona”, contou.
E continuou: “Por isso, que a pandemia mostrou que não existe educação online, que nós precisamos ter contato com as pessoas, o professor não é apenas uma pessoa que repassa conteúdo, ele se relaciona com os alunos. Mesmo o professor dando aula virtual com os mesmos alunos, não tinha o mesmo efeito [que o presencial], porque a relação foi quebrada, assim como o olho no olho. [...]”.
Pensando no desenvolvimento emocional associado ao contato com a natureza, o nutricionista Daniel Cady desenvolveu a instituição, voltada para educação inicial, atendendo do Grupo I até o 1º ano do Ensino Fundamental. O encontro desta noite, segundo ele, é para aproximar os pais, profissionais e a sociedade civil da educação ecológica.
“A ideia desse projeto é a gente reunir pais, profissionais, não só da escola, mas de toda a cidade para a gente discutir a importância de um processo educativo das crianças e incluir a alimentação saudável, a conexão com a natureza, a alfabetização ecológica, que é um termo que se usa muito hoje. E fazer com que as crianças tenham uma formação além da teoria, além do básico e do vestibular”, disse Cady ao Portal A TARDE.
A escola, que vem se consolidando como referência educacional na cidade, também vive um novo momento: a tão sonhada ampliação da unidade. A nova sede está sendo construída ao lado da primeira e vai atender crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental, até os 10 anos, a partir de 2025.
“Hoje a gente já tem um projeto de implantação até o 5° ano do ensino fundamental e o futuro é o que vai defender exatamente esse processo de crescimento”, disse a diretora da unidade de ensino, Cintia Andrade.
Um dos pilares da Ybá, conforme explicou Cintia, é dar protagonismo ao público infantil, por meio do desenvolvimento das habilidades emocionais, sociais e a sustentabilidade. “A gente fala da sustentabilidade no sentido de empoderamento dessas crianças, né? Como sujeitos pensantes e de direito”, acrescentou.
A diretora tratou o encontro inaugural como uma oportunidade da escola se comunicar não apenas com os profissionais do setor, mas também com as famílias, a fim de endossar o cuidado com os pequenos.
“Esse encontro também é para apresentar a Ybá para a sociedade de Salvador, convidando não só profissionais da área da educação, mas outros profissionais de áreas distintas, assim como famílias, que fazem parte dessa comunidade, para que a gente possa dialogar e entender de que maneira a escola de hoje tem uma responsabilidade com o presente”, declarou.
“Muitas vezes, a gente fala da criança como um ser que ainda vai se tornar, mas ele está aqui, agora, e a gente precisa cuidar dessas crianças que estão aqui no presente. É importante que a gente esteja engajado nessa causa para que a gente reflita e dialogue acerca de temáticas sensíveis, mas que são necessárias”, emendou.
O Grupo A TARDE também marcou presença no evento que segue até sábado, 28, quando acontece a palestra de Daniel Cady, que também é especialista em Impacto Ambiental, às 8h10. Na ocasião, estiveram no encontro a coordenadora de Projetos Educacionais de A TARDE, Berta Cunha, e outras duas representantes do A TARDE Educação, Cinthia Arouca e Danielle Fonseca.
Ansiedade atrelada ao uso excessivo das telas
Adotar a prática de desenvolver nas crianças uma educação emocional desde os seus primeiros anos na escola pode desenvolver o autoconhecimento desses futuros adultos. O uso excessivo das telas, ainda na infância, contudo, pode prejudicar o amadurecimento do público infantil.
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Nesse sentido, o psicólogo Rossandro Klinjey se colocou a favor da proibição dos celulares de crianças e adolescentes em sala de aula. De acordo com o profissional, o uso das telas tem um potencial de aumentar a carga de ansiedade do ser humano.
“[...]. Em uma sociedade em que você é altamente consumista, que tem redes sociais e influenciadores digitais mirins, você aumenta a carga de comparação, e por consequência, de ansiedade, depressão e sentimento de baixa autoestima. Uma das coisas fundamentais é fazer com que a criança saia desse universo”, iniciou Klinjey.
“Por isso, a proibição que o governo federal está querendo colocar para tirar o celular da escola, eu acho que vai dar certo. Todas as escolas que tiraram o celular [apresentaram] uma diminuição de [crianças com] ansiedade, cyberbullying, bullying e aumentaram a convivência e o aprendizado. Essa é uma medida extremamente importante para que a gente diminua a ansiedade nas escolas e em casa”, justificou.
Já a diretora da Ybá, Cintia Andrade, afirmou que o uso da tecnologia está inerente a algumas atividades da instituição, e falou sobre a necessidade do uso das telas, com moderação, na prática escolar.
“Essa é uma escola que usa a tecnologia da forma que as pessoas conhecem com o uso de telas, mas de forma cuidada. As crianças pequenas têm um acesso muito esporádico. [...]. A gente tem muitos materiais tecnológicos, quando a gente usa elementos estruturados e não estruturados, como a gente chama aqui na escola, materiais que as crianças usam no cotidiano, isso faz parte de algo tecnológico, mas não o uso da tela”, afirmou.
“É importante que a gente compreenda o uso desses acessos para fazer pesquisas, então, existem momentos em que esse uso precisar acontecer, mas de forma acompanhada”, concluiu.
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