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USO IRREGULAR DO ESPAÇO PÚBLICO

Motoristas relatam medo e constrangimento com atuação de flanelinhas

Transalvador e GCM intensificam ações contra atuação irregular de flanelinhas

Por Andrêzza Moura

11/08/2025 - 22:26 h
Flanelinhas trabalham até nas  áreas da Zona Azul
Flanelinhas trabalham até nas áreas da Zona Azul -

“Você tem que dar, eles estipulam um valor e você tem que pagar. Então, você fica com certo receio de não dar. Quando é mulher, ainda é pior. Mas eu acho que isso aí está errado, porque nos obriga, a gente fica constrangida e termina dando.”

O desabafo dessa aposentada, que preferiu não se identificar, reflete uma situação comum enfrentada diariamente por motoristas que tentam estacionar seus veículos em Salvador.

A presença de flanelinhas e a cobrança abusiva por vagas em áreas públicas, principalmente na orla e no centro da cidade, próximos a bares, restaurantes, teatros e casas de show, têm gerado medo e desconforto, especialmente entre mulheres.

Flanelinhas agem em vários pontos de Salvador
Flanelinhas agem em vários pontos de Salvador | Foto: Foto: Raphael Muller/AG. A TARDE

Infelizmente, essa prática é corriqueira. Inclusive, esses guardadores de carros informais atuam até mesmo em estacionamentos regulamentados pela prefeitura, através da Transalvador, órgão que administra e fiscaliza o serviço Zona Azul Digital.

"A gente bota para andar. Se a gente estiver em grupo, uns nove, a gente bota para andar mesmo. A área é nossa e eles [Transalvador] colocaram a Zona Azul. Nós somos da área, moramos aqui", afirmou outro flanelinha revelando que expulsam os agentes da prefeitura que trabalham em alguns pontos da orla, na Avenida Otávio Mangabeira.

Na noite da última sexta-feira, 8, o Portal A TARDE esteve na Rua Adelaide Fernandes da Costa, no bairro do Costa Azul, nas proximidades do Parque Costa Azul, onde acontecia o festival Oxe, é Jazz.

No local, a equipe conversou com um grupo de cerca de 11 guardadores de carros. A princípio, eles evitaram falar, mas depois aceitaram contar um pouco sobre a rotina de trabalho.

Flanelinhas dizem que precisam levar o sustento da família
Flanelinhas dizem que precisam levar o sustento da família | Foto: Foto: Raphael Muller/AG. A TARDE

Sem se identificar, um deles alegou que o grupo tem sofrido constantes investidas dos agentes da Transalvador e da Guarda Civil Municipal. Ele se referia às operações que os órgãos municipais vêm realizando nos finais de semana, na capital baiana, para coibir a ação ilegal desses guardadores.

“Já perdi quatro coletes pros cara. Como eles dizem: ‘é o trabalho deles’. Mas eu acho que esse trabalho deles aí não tá correto. Eles estão abusando do poder. Comecei a trabalhar com 12 [anos], hoje em dia eu tenho 30. Há 18 anos, eu trabalho aqui para sustentar minha família”, disse o rapaz, sem revelar o nome.

“No dia a dia, a gente trabalha com medo. Chegam tomando nosso colete, mandam a gente pra casa. Não dá nem tempo pra gente correr”, lembrou outro, revelando que o grupo também atua nas proximidades do restaurante Espetto Baiano Prime, na Pituba.

Coação aos clientes

Questionados sobre a coação aos clientes, eles afirmaram que alguns guardadores realmente agem de forma truculenta. No entanto, segundo eles, não é o caso do grupo entrevistado.

“Mas não é todo mundo que faz isso, não. Eles [agentes municipais] generalizam”, afirmou um dos homens, também sem se identificar.

Flanelinhas agem em grupo
Flanelinhas agem em grupo | Foto: Foto: Raphael Muller/AG. A TARDE

“A problemática dos guardadores de carro é séria, é uma coisa séria. Porque algumas pessoas não sabem lidar, se sentem ameaçadas. Às vezes, a pessoa realmente é ameaçadora, às vezes não. Às vezes ele está querendo trabalhar, ganhar um trocado, precisando disso. Mas outras vezes, eles são perigosos. E aí pode gerar vários tipos de incidentes, até violência, até algum tipo de crime. Tem que ser mais monitorado e analisado isso aí”, analisou o engenheiro Tiago Guimarães.

Ainda segundo ele, é preciso sabedoria para lidar com os guardadores.“Tem que ter jogo de cintura. Com jogo de cintura, você ajuda a pessoa que está precisando trabalhar, de certa forma. Porque a gente sabe que a realidade está difícil de se viver, né? E quando a pessoa chega numa boa, com educação, acaba ganhando”, finalizou o engenheiro.

Durante o tempo em que a equipe de reportagem esteve no local, os homens se revezavam para guardar os carros das pessoas que se dirigiam ao show. Os veículos estavam sendo estacionados a poucos metros do parque. Eles revelaram que, dependendo do dia, é possível ganhar entre R$ 300 e R$ 400. O valor cobrado pode variar de acordo com cada cliente.

Ação conjunta Transalvador e GCM

“Nossa operação visa coibir a ação de flanelinhas e extorsão nas áreas públicas de Zona Azul. Nós seguimos o roteiro previamente definido pela equipe da Transalvador e fazemos o acompanhamento. Onde houver irregularidades na abordagem a motoristas, pessoas fazendo extorsão, cobrando por estacionamentos irregulares, nós agimos”, explicou Ubirajara da Cruz, encarregado de operações da Guarda Civil Municipal.

Operação coibe ação de flanelinhas
Operação coibe ação de flanelinhas | Foto: Divulgação GCM

Segundo ele, nas ações, os agentes recolhem e apreendem materiais usados pelos flanelinhas, como coletes, cones e até maquininhas de cartão. Os valores praticados pelos guardadores clandestinos são mais altos que os da Zona Azul.

“O valor [cobrado pelos flanelinhas] é entre R$ 10 a R$ 20. No Zona Azul, você tem três horas de serviço, duas horas... eles [os clientes] pagam em média seis reais”. De acordo com informações da assessoria de comunicação da Transalvador, atualmente, são 15.587 vagas regulamentadas em toda a capital baiana.

Além das abordagens aos guardadores, as equipes também interceptam pessoas em situação suspeita. Durante as operações, que vêm acontecendo há um mês, são realizadas, por dia, entre oito e nove autuações. Dois mandados de prisão por crimes de extorsão e roubo já foram cumpridos.

Apreensão de drogas
Apreensão de drogas | Foto: Divulgação GCM

No último sábado (9), um homem identificado como Anderson Santos Borges foi preso em flagrante por tráfico de drogas. Com ele, foram apreendidas várias pedras de crack. Ele foi conduzido à Central de Flagrantes. Segundo informações da GCM, no momento da prisão, ele guardava veículos e usava um colete refletivo, comumente utilizado por flanelinhas.

Leia Também:

O encarregado da Guarda Civil Municipal informou que, em caso de coação, o motorista pode ligar para os números:

  • 190 (Segurança Pública),
  • 156 (Fala Salvador/Prefeitura), ou ainda para o
  • (71) 3202-5312 (GCM).

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Tags:

Cobrança Abusiva Estacionamento irregular extorsão Flanelinhas Guarda Civil Municipal Transalvador zona azul

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