FALSO CONSÓRCIO
Prejuízo dado às vítimas em golpe do consórcio é de quase R$ 3 milhões
Mais de 160 pessoas procuraram a polícia para denunciar o crime, nas duas fases da operação
Por Andrêzza Moura

"Hoje, eu me sinto sim mais aliviada em saber que a justiça será feita. Espero que eles paguem pelo que cometeram comigo e com as outras pessoas. Tenho fé em Deus que vou recuperar meu dinheiro para poder comprar a minha casa", Desabafou a empregada doméstica Lorena Santana Araújo, de 35 anos, ao saber que um grupo que lhe aplicou um golpe financeiro havia sido preso, nesta sexta-feira, 25.
Lorena foi uma das mais de 40 vítimas de uma organização criminosa desarticulada por investigadores da Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon) e Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), durante a segunda fase da Operação Falso Consórcio. Seis empresas, que funcionam no Edifício Empresarial WN, na Avenida Antônio Carlos Magalhães, no Parque Bela Vista, em Salvador, foram autuadas. Entre estas, está a NewCred Consultoria e Soluções Financeiras, que aplicou o golpe de R$ 16,5 mil na empregada doméstica.
"Elas estavam sendo investigadas, há quase três meses. O inquérito tem mais de 500 páginas e eles têm o mesmo modus operandi das outras empresas [desarticuladas na primeira fase da operação]", explicou o delegado Thiago Costa, titular da Decon.
Em março deste ano, o Portal A TARDE já havia conversado com Lorena e, na ocasião, ela deu detalhes do golpe que caiu, em outubro do ano passado. Ela procurou a Newcred após ver o anúncio da venda de uma casa em um aplicativo de vendas e compras online. A empresa em questão, a ajudaria na transação comercial.
"Dezesseis mil não é lixo, não. Dezesseis mil reais, quem tem esse dinheiro? Era o dinheiro que eu tinha, o único dinheiro que eu tinha para poder entrar na casa", questionou a mulher, à época, falando que o valor era sua única economia, adquirida com a venda de bens, após a separação matrimonial.
"Eles fazem publicações de casas que não existem, apresentam um valor atrativo, com valores que cabem no bolso. Pedem pix de entrada para garantir o imóvel, esse é o problema", esclareceu Costa.
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Nesta etapa da operação, 40 pessoas foram conduzidas ao Decon. Destas, 12 foram presas em flagrante por exercício ilegal da profissão de corretor de imóveis, propaganda enganosa, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Entre os presos, estão duas mulheres, uma de prenome Jamile, e a outra identificada como Carla C. M. Silva. Elas aparecem como testemunhas no contrato assinado por Lorena. No documento, os CPFs das suspeitas o CNPJ da empresa aparecem como inexistentes.
As fases
Segundo o delegado, depois das prisões, cerca de 40 vítimas compareceram a Decon, nesta sexta-feira, 24. Dez foram ouvidas e 30 orientadas a retornar na segunda-feira, 28. Durante as diligências, 40 celulares, notebooks, máquinas de cartão, além de outros materiais usados na operacionalização dos golpes foram apreendidos.
No dia 26 de março, os investigadores já haviam desarticulado outro grupo criminoso, durante a primeira fase da Operação Falso Consórcio. Na época, três empresas foram autuadas e 11 pessoas foram conduzidas. Apenas cinco ficaram presas e vão responder por propaganda enganos - dentro da lei de crimes contra a ordem tributária - e estelionato.
Cerca de 120 pessoas pessoas procuram a polícia para registrar ocorrência. Entre elas estavam a aposentada Iracema* [nome fictício], 66 anos, e a filha dela, a estudante de nutrição Catarina* [nome também fictício], 33. Elas assinaram um contrato de consórcio para a compra de uma residência, na Ribeira, com a empresa Smartcred Intermediações Imobiliárias, no valor de R$ 20.545 - R$17 mil em espécie e 3.545 mil no débito automático.
A Polícia Civil estima que , se somado os valores contabilizados nas duas fases, o prejuízo dado às vítimas é de aproximadamente R$ 3 milhões. Na primeira fase, foram apreendidos uma quantia de R$18 mil em espécie, dois carros, 15 notebooks, 11 CPUs, três máquinas de cartão de crédito, sete celulares, uma caixa contendo diversos contratos de consultoria financeira e vários cadernos de anotações. Ao fim das investigações, é possível que os suspeitos presos nas duas etapas também respondam por lavagem de dinheiro.
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