
SÃO JOÃO
Show em libras: São João de Paripe leva intérpretes para o palco
Presença de profissionais garante participação de pessoas surdas no evento
Por Portal MASSA!/Jaísa de Almeida e Rebeca Nascimento

Durante o segundo dia do São João de Paripe, no subúrbio ferroviário de Salvador, neste domingo (22), além da diversão, o público também acompanhou a atuação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos shows. A presença desses profissionais tem garantido que pessoas surdas possam participar do evento, acompanhando de perto as apresentações e sentindo a energia da festa de forma acessível.
Nos bastidores do evento, os intérpretes se organizam com antecedência para acompanhar os artistas. Alisson George, um dos intérpretes do Pense em Libras, instituição que integrou o evento, destaca a importância da preparação, especialmente durante o período junino, em que o repertório costuma variar de artista para artista. Ele explica que o estudo prévio das músicas é fundamental para oferecer uma tradução mais precisa e envolvente.

“A gente estuda as músicas dos artistas e pensa nas possibilidades que podem aparecer. Como é época de São João, tem muitas músicas que vários cantores gostam de cantar, então já vamos nos organizando para isso”, relata.
A participação nos shows vai além da tradução técnica das letras. Alisson conta que há uma troca direta com o público surdo, que acompanha as apresentações de forma atenta e sensível. Segundo ele, essa conexão reforça o valor da presença dos intérpretes em eventos culturais.
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“É muito legal quando vem grupos de pessoas surdas. Ontem mesmo, uma mulher me procurou no fim da noite e disse que gostou muito, que estava atenta à nossa interpretação. Pra ela, era mais importante ver a poesia da música traduzida do que o próprio cantor”, lembra.
A dinâmica no palco também envolve o trabalho conjunto entre intérpretes ouvintes e surdos. Jamile Simeia, que também é surda, depende da colega Priscila Mota para traduzir verbalmente o que ela expressa em Libras, mas também se guia pela vibração da música e o retorno visual dos parceiros. O trabalho em dupla é essencial para que ela acompanhe o ritmo e consiga transmitir as canções.

“Eu não escuto a música, então preciso de um espelho visual, um colega intérprete que me dê o retorno. Com isso, vou sentindo a vibração, acompanhando, e consigo transmitir a música”, explica.
Além de Salvador estar recebendo mais eventos com acessibilidade, os profissionais também destacam a ampliação da presença de intérpretes surdos atuando em palcos de grande circulação. “Aqui em Paripe, no Parque de Exposições, no Pelourinho… temos intérpretes em todos esses lugares. E não só ouvintes, mas também surdos como eu”, apontam.
A expressividade corporal e facial dos intérpretes também chama atenção de quem acompanha os shows. Para Jamile, essa liberdade de movimento contribui para que a tradução seja mais completa e conectada com o ritmo da festa.
“Consigo usar expressão facial, corporal, acompanhar o ritmo. Me sinto livre e muito bem ao fazer isso. É uma energia muito boa estar com outros intérpretes também”, afirma.
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