SAÚDE
Medo da 'super gripe'? Especialistas descartam risco imediato
Primeiro caso da variante K foi registrado no Pará, mas não há indícios de transmissão local

Por Andrêzza Moura

O registro de uma nova variante do vírus influenza A (H3N2) no Brasil passou a fazer parte do monitoramento das autoridades de saúde após a confirmação de um caso no estado do Pará. Conhecida como variante K ou 'super gripe', a linhagem foi identificada em uma paciente estrangeira e, segundo especialistas, não representa, neste momento, motivo para preocupação ou mudança no cenário epidemiológico da gripe no país.
A avaliação é do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, que explica que o surgimento de novas variantes do influenza ocorre de forma contínua. De acordo com ele, ainda não há base científica para prever se a variante K terá maior impacto na próxima temporada.
“Não sabe se essa vai ser a variante circulante e predominante ainda no mundo. Está começando a temporada no Hemisfério Norte. Nem sabemos se vai ser a temporada do H3N2 ou se vai vir outro H1N1. Isso é tudo muito teórico ainda”, afirmou.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nota informativa alertando para o crescimento acelerado da circulação da variante K no Hemisfério Norte, especialmente na Europa, na América do Norte e no Leste Asiático.
Em países europeus, a atividade da influenza começou mais cedo do que o habitual, e a nova variante respondeu por quase metade dos casos notificados entre maio e novembro de 2025.
Mas, apesar do avanço, não houve registro de mudanças significativas na gravidade clínica, como aumento de internações hospitalares, admissões em unidades de terapia intensiva ou óbitos.
Na quarta-feira,17, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou informações adicionais sobre o registro do caso no Brasil. Segundo a Fiocruz, a amostra foi coletada no dia 26 de novembro, em Belém (PA), e analisada inicialmente pelo Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen-PA).
Após a confirmação de influenza A (H3N2), o material foi encaminhado ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), onde passou por sequenciamento genético que identificou a nova variante.
O caso envolve uma paciente adulta, do sexo feminino, estrangeira, oriunda das ilhas Fiji. A ocorrência foi classificada como importada e, até o momento, não há evidências de transmissão local da variante K em território brasileiro.
Para Kfouri, a detecção de novas linhagens do vírus é esperada e reforça a importância da imunização anual. “Todo ano temos novidade do influenza. É da natureza do vírus sofrer mutações e causar epidemias anuais. Por isso, que precisamos tomar vacina todo ano. As vacinas são atualizadas conforme o que se consegue prever do que vai circular na temporada seguinte”, explicou.
O especialista acrescenta que, mesmo quando existe alguma distância genética entre a vacina e o vírus predominante, a imunização continua oferecendo proteção, especialmente contra formas graves da doença. “O que faz às vezes com que a efetividade da vacina seja um pouco maior em um ano do que em outro ano, mas nunca se perde a efetividade. Há sempre alguma perspectiva ou expectativa de proteção, especialmente contra desfechos mais graves de hospitalização e morte”, disse.
Orientação da Fiocruz
Pesquisadores da Fiocruz reforçam que a vacinação permanece como a principal estratégia de prevenção. A composição da vacina recomendada pela Organização Mundial da Saúde foi atualizada em setembro para a próxima temporada, com cepas mais próximas das atualmente em circulação, incluindo o subclado K.
“A composição da vacina de influenza recomendada pela Organização Mundial de Saúde foi atualizada em setembro para o próximo ano, com cepas mais próximas dos clados atualmente em circulação, incluindo o subclado K”, afirmou Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC.
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As orientações de saúde incluem a higienização frequente das mãos, evitar contato próximo em caso de sintomas respiratórios, uso de máscara e a busca por atendimento médico, especialmente diante de febre. Para os serviços de saúde, a recomendação é manter o fortalecimento contínuo da vigilância epidemiológica, laboratorial e genômica. As informações são da Agência Brasil.
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