TECNOLOGIA
Governo barra uso do Office 365 em órgãos públicos
Autoridades afirmam que serviços SaaS não garantem proteção adequada e podem expor dados sensíveis do Estado

Por Iarla Queiroz

Os responsáveis pela proteção de dados da Suíça emitiram um alerta para o uso de plataformas em nuvem por instituições do governo, incluindo o Microsoft 365, antigo Office 365. O grupo, conhecido como Privatim, orientou que órgãos públicos não utilizem soluções SaaS — softwares acessados por assinatura — nem serviços de grandes empresas internacionais, apontando fragilidades consideradas críticas para segurança e privacidade de informações oficiais.
Motivo da recomendação: acesso a dados e regras inconsistentes
A orientação deriva de um documento apresentado durante uma conferência do setor e destaca a crescente preocupação com a ausência de criptografia de ponta a ponta funcional. Segundo o texto, plataformas hospedadas em nuvens sujeitas ao CLOUD Act dos Estados Unidos não atendem ao padrão de proteção exigido para dados altamente sensíveis.
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Para os encarregados de privacidade, muitos serviços SaaS ainda permitem acesso do provedor aos dados em texto puro, o que viola requisitos legais de segurança. Outro ponto crítico é a possibilidade de grandes empresas alterarem seus termos de serviço de forma unilateral, modificando garantias contratadas sem aviso prévio.
A recomendação do grupo é clara: dados estratégicos não devem ser colocados em ambientes externos quando o governo não consegue controlar o risco de violações. O documento afirma que, “na maioria dos casos”, soluções de grandes fornecedores internacionais não deveriam ser utilizadas pelo setor público — com o Microsoft 365 citado explicitamente como exemplo inadequado.
Casos recentes reforçam preocupação com segurança digital
Enquanto a Suíça aperta suas diretrizes, novos episódios expõem vulnerabilidades no ecossistema digital global. Um exemplo veio do engenheiro de segurança Luke Marshall, que analisou a exposição de informações em repositórios públicos do GitLab.
Utilizando filas da AWS e a ferramenta TruffleHog, ele examinou 5,6 milhões de projetos e encontrou 17 mil segredos válidos — como chaves da AWS, credenciais do Google Cloud, tokens do Telegram e acessos ao OpenAI. O trabalho custou cerca de US$ 770 e foi concluído em aproximadamente 24 horas.
Outra plataforma que revisa suas políticas é o aplicativo Strava, que publicou uma atualização preliminar responsabilizando totalmente o usuário por problemas decorrentes de rastreamento de localização. A mudança acontece após mapas compartilhados no serviço exporem posições de agentes de segurança.
Já no cenário de ameaças globais, o pesquisador Nariman Gharib divulgou documentos que, segundo ele, revelam operações do grupo iraniano Charming Kitten. Os registros detalhariam desde desenvolvimento de ferramentas ofensivas até ações destinadas a identificar alvos considerados inimigos do regime. Segundo Gharib, “cada banco de dados de companhias aéreas violado, cada sistema de hotel invadido e cada clínica médica comprometida alimenta um sistema feito para localizar e matar pessoas que o regime iraniano considera inimigas”.
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