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SUCESSO

Made in Bahia: Estado é o segundo do País que mais exporta frutas

Fruticultura comercializou 188 mil toneladas e faturou R$ 1,3 bilhão no mercado exterior no ano passado

Por Letícia Belém

15/05/2024 - 6:00 h
A manga lidera o ranking das frutas mais exportadas pelo estado da Bahia
A manga lidera o ranking das frutas mais exportadas pelo estado da Bahia -

Potência frutícola nacional, a Bahia ocupa o 2º lugar no ranking dos estados brasileiros exportadores de frutas e segue em expansão, com áreas disponíveis para irrigação e incrementos na produtividade. Um dos motivos que contribuem para essa performance é a altíssima produtividade da fruticultura irrigada no semiárido, na região do Vale do São Francisco, a abundância de sol durante todo o ano, a possibilidade de obtenção de duas ou mais safras por ano, um trabalho bem sucedido de defesa fitossanitária e a existência de polos consolidados de exportação, com estrutura para colheita, pós-colheita e exportação.

De acordo com a Secretaria de Agricultura, Irrigação, Pecuária, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), o estado foi responsável, em 2023, por cerca de 20% do valor exportado pelo setor no País, demonstrando o peso da fruticultura baiana para o agronegócio nacional. Foi exportado um volume total de 188 mil toneladas de frutas, gerando um valor de produção de R$ 1,3 bilhão.

A Bahia exporta em maior quantidade mangas, uvas, limões e limas, e mamões. Também vende para o exterior melões, melancias, abacates, abacaxis, laranjas, goiabas, bananas, figos, morangos, maçãs, peras, tangerinas, ameixas, caquis, cerejas, damascos, kiwis, pêssegos, pomelos, tâmaras, acerola, cajá, caju, cupuaçu, graviola, jaca, mangaba, pinha, seriguela, tamarindo, umbu, açaí e macadâmia, além das conservas, sucos e preparações de frutas.

A manga foi a fruta fresca da Bahia mais vendida no exterior em 2023, em um volume de 126 mil toneladas, o que correspondeu a 61% do total de frutas exportadas com um valor de comercialização de R$ 802 milhões. Em seguida, foram as uvas, em um volume de 47 mil toneladas, o que correspondeu a 23,36%, com um valor de comercialização de R$ 280 milhões; os limões e limas, em um volume de 34,5 mil toneladas, responsável por 14,4% do total de frutas exportadas, em um valor de comercialização de R$ 188,5 milhões; e os mamões, em um volume de 4 mil toneladas, correspondendo a (2,27%), com R$ 30 milhões.

Dados da Superintendência de Assuntos Econômicos e Sociais (SEI) mostram que, em 2023, as exportações de frutas baianas superaram R$ 1,5 bilhão, com crescimento de 49% sobre o ano anterior. Mangas, limões, uvas e mamões responderam por 84% de todo o volume exportado pelo estado no primeiro trimestre deste ano, no setor de frutas e suas preparações. A expectativa é de mais um ano favorável para as exportações baianas.

Mercados compradores

Os principais mercados compradores dos produtos baianos, em 2023 e 2024, são a União Europeia, com US$ 151,7 milhões (59,81% do total exportado), Estados Unidos, com US$ 64 milhões (23%), e Reino Unido, com US$ 24,2 milhões (9,56%).

Segundo a Seagri, no elogiado padrão tecnológico atingido na fruticultura do estado destaca-se a adoção das práticas da irrigação, de manejo, novas variedades, qualidade das sementes e mudas, bem como os cuidados com a defesa fitossanitária e com as atividades pós-colheitas. Tudo isso alça a fruticultura baiana a um elevado patamar.

A expansão do setor também é fruto de uma evolução nas barreiras fitossanitárias, uma estrutura de pós-colheita e áreas disponíveis para irrigação no semiárido. Além disso, os avanços científicos gerados pelas pesquisas das Embrapas proporcionaram um elevado incremento de produtividade ao longo dos últimos anos e também o cultivo de frutas de clima temperado no estado.

Para o presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, a Bahia desempenha um papel fundamental na fruticultura brasileira, sendo uma das principais regiões produtoras e exportadoras do País. “O estado oferece condições ideais para o cultivo de uma ampla variedade de frutas de alta qualidade, além de produzir frutas o ano inteiro”, disse.

Segundo ele, as exportações baianas de frutas têm apresentado um crescimento consistente, impulsionadas pela busca por produtos frescos e de qualidade nos mercados internacionais. “A qualidade dos produtos tem contribuído para conquistar a confiança dos consumidores estrangeiros e abrir portas para novos mercados”.

Orgânicos de Lençóis*

Na zona rural de Lençóis, as experiências e a produção de frutas orgânicas movimentam a Bioenergia Orgânicos Ltda., empreendimento agroindustrial com trabalhos voltados para as culturas de abacaxi, manga, maracujá e banana, dentre outras.

O projeto começou a ser implantado em 2012, em área livre de traços dos processos convencionais com produtos químicos. Ainda este ano, está prevista a conclusão e funcionamento da agroindústria, alcançando mais uma etapa do empreendimento.

Entre as parcerias, um dos destaques é a Embrapa Mandioca e Fruticultura, que desde o início atua na seleção de variedades resistentes para o clima semiárido em sistema orgânico e irrigado, selecionando a Imperial como mais produtiva, competindo em grau de igualdade com variedades convencionais como a Pérola. Também o governo estadual faz parte da iniciativa, principalmente na capacitação e assistência técnica rural para produtores da agricultura familiar que entram como parceiros do projeto através da produção das frutas orgânicas para reforçar a matéria-prima destinada à agroindústria.

De acordo com o diretor do empreendimento, José Carlos Silveira, toda a produção é certificada com selo internacional de orgânica, visando a exportação de valor agregado para mercados consumidores como Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, África e alguns países da Ásia. Entre outras inovações, a propriedade produz seus próprios adubos.

Um dos detalhes é a criação de animais em modelo orgânico para utilização do esterco para adubar o solo. Ainda em 2024, também devem iniciar a fabricação de fertilizantes organo-minerais para venda, com planta industrial no município de Wagner. Em outra frente, o empreendimento produz, além das próprias mudas para cultivo orgânico, igualmente mudas para os outros produtores. (*Miriam Hermes)

Bahia segue padrões internacionais de fitossanidade

Para expandir cada vez mais o mercado consumidor mundial e continuar a oferecer frutas com alto padrão de qualidade, rastreabilidade e segurança alimentar, a Bahia conta com um órgão estadual de proteção fitossanitária e defesa sanitária - a Agência de Defesa Agropecuária (Adab), que faz a orientação técnica, a prevenção e a fiscalização da exportação da fruticultura baiana desde a semente até a colheita.

O objetivo é garantir a proteção fitossanitária das frutas para exportação e acessar os mercados mais exigentes do mundo, com base nas normas da Convenção Internacional para a Proteção Vegetal, da Organização Mundial do Comércio (OMC). Trata-se de um tratado intergovernamental assinado por mais de 180 países com o objetivo de proteger os recursos vegetais do mundo contra a propagação e introdução de pragas entre os países, promovendo o comércio seguro e transparente.

De acordo com o diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Adab, Vinícios Videira, a agência, presente em todo o estado, tem alguns programas fitossanitários destinados a determinadas culturas e suas pragas específicas e quarentenárias de importância econômica - aquelas que ainda não estão presentes ou estão restritas a uma região sob controle oficial. As pragas podem comprometer a comercialização de produtos por danificar ou destruir cultivos, sendo um empecilho à exportação.

Videira explicou que um dos principais objetivos da defesa fitossanitária é impedir que novas pragas, presentes em outros estados, municípios ou países, cheguem à Bahia, comprometendo a produção. Quanto às doenças que existem no estado, a Adab orienta como conviver com elas, produzindo de maneira satisfatória.

Graças ao trabalho de fiscalização e controle da Adab e ao cumprimento das 31 normas internacionais, a Bahia é livre de pragas que circulam no Brasil, como a mosca-da-carambola, que ataca diversos frutos além da carambola; a mosca branca (que compromete a bananeira, o mangueiro e o abacateiro; o cancro cítrico, (que afeta todas as espécies e variedades de frutos cítricos de importância comercial); e a monilíase do cacaueiro e do cupuazuzeiro, apontada como oito vezes mais letal do que a vassoura-de-bruxa.

“Nosso papel é fazer a verificação e dispersão de cultivos para verificar se têm ou não pragas, e aí tomar as medidas necessárias”, esclareceu Videira. Se alguma praga chegar a uma cultura no estado, a Adab está preparada com o conhecimento, a técnica e o manejo da planta e do pomar para eliminá-la ou controlá-la. Há um controle específico de pragas regulamentadas de importância comercial, cujas mudas não podem adentrar outros municípios.

Em locais onde a praga está restrita e controlada, a Adab, a Superintendência Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e a Coordenação de Desenvolvimento Rural (CAR) buscam variedades vegetais melhoradas e mais resistentes para substituição do plantio, e orienta os produtores, as associações e cooperativas a como conviver com a doença, com o apoio da Embrapa.

“A Adab está em constante estado de alerta, com fiscalizações em pontos fixos e de trânsito nas estradas estaduais e federais nos 27 Territórios de Identidade do estado”, informou o engenheiro agrônomo. São fiscalizadas também a produção e comercialização de mudas e sementes, a colheita com ferramentas higienizada e as embalagens específicas para o transporte de cada cultura de modo a protegê-las e garantir o alto valor de mercado.

Além das barreiras fitossanitárias, a Adab realiza parcerias com o setor produtivo para cooperações técnicas e protocolos de intenção para promover a proteção sanitária. “Isso assegura aos produtos que, se forem atacados, causem um menor prejuízo, e garante a qualidade tanto no mercado interno quanto no internacional. A Adab promove o acesso das frutas a todos os mercados”, frisou.

A agência tem parcerias também com os órgãos de fiscalização do Ministério da Agricultura e Pecuária e com as gestões municipais, que identificam o ocorrido e acionam o órgão. Além das inspeções de rotina, diariamente, a Adab atende à demanda do setor produtivo, que pede visitas.

“Fazemos também trabalhos de extensão rural, orientação técnica, aplicação de defensivos e educação sanitária como palestras, seminários e visita às propriedades rurais, além da fiscalização de trânsito de material vegetal, mudas e frutas, que precisam estar acompanhadas da documentação de trânsito exigida no destino do material, que é a Permissão de Trânsito Interno de Vegetal para cada fruta”, explicou o diretor.

Ele acrescentou que a Adab emite certificados fitossanitários de origem e de carga consolidada, desde a fazenda produtora, seja pequena, média ou grande, o que garante a rastreabilidade do material vegetal inspecionado. “Se não tiver, o detentor do material é notificado e multado, a carga não entra na Bahia e fica retida para depois ser incinerada, tanto de frutas quanto de mudas. Para entrar no estado, é preciso apresentar a nota fiscal do produto e a permissão de trânsito, ou o certificado fitossanitário de origem. E para conseguir exportar, todos devem cumprir as medidas preconizadas pela OMC, senão a Adab não vai permitir”, alertou. A agência tem mapeadas as rotas de risco de onde alguns produtos podem chegar.

Destino das principais frutas exportadas

MANGA (126 mil) Holanda, Espanha, Portugal, França, Coreia do Sul, Reino Unido, EUA, Chile, Argentina, Itália, Alemanha, Canadá, Japão, Emirados Árabes e Suíça

UVA (75, 7 mil) Países Baixos, Europa, EUA e Reino Unido

LIMÕES E LIMAS (34,5 mil) Países Baixos. Reino Unido, Espanha, Portugal e França

MAMÃO PAPAIA (4 mil) Reino Unido, Espanha, Áustria, Portugal, Holanda, França, Alemanha, Itália, Canadá, Suíça, República Tcheca, Bélgica, Ilhas Marshall, Irlanda, Libéria, Gibraltar, Bahamas, Panamá, Singapura, Noruega, Malta, Luxemburgo, Hong Kong, Chipre, Antígua e Barbuda, Barbados, China, Filipinas, Dinamarca, Líbia, Ilhas Cayman, Emirados Árabes Unidos, Turquia, Grécia, Tailândia e EUA

MELÃO (231) Holanda, Espanha, Ilhas Marshall, Libéria, Panamá, Malta, Noruega, Grécia, Gibraltar, Bahamas, Singapura, Reino Unido, Antígua e Barbuda, Dinamarca, Hong Kong, Barbados, Chipre, Líbia, Alemanha, Itália, Turquia, China, Ilhas Cayman, Portugal, Luxemburgo, Arábia Saudita, Tailândia, Rússia e EUA

MELANCIA (157,7) Holanda, Paraguai, Ilhas Marshall, Libéria, Panamá, Hong Kong, Malta, Grécia, Gibraltar, Bahamas, Singapura, Noruega, Reino Unido, Ilhas Cayman, China, Chipre, Filipinas, Antígua e Barbuda, Barbados, Turquia, Dinamarca, Itália, Líbia, Luxemburgo, Alemanha, França, Bélgica, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Portugal, Espanha, Rússia, Tailândia e EUA

ABACAXI (19,59 milhões) Alemanha, Bahamas, Barbados, China, Chipre, Dinamarca, França, Espanha, Bélgica, Itália, EUA e Portugal, entre outros

Fonte: Abrafrutas e SEI, em toneladas, referente às safras 2022/2023/2024

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Tags:

agricultura irrigada defesa fitossanitária exportação de frutas fruticultura baiana mercados internacionais produtividade agrícola

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