Produtores não podem levar sós o desequilíbrio sistêmico do agro
Confira a coluna desta segunda
Sem diálogo entre os elos das cadeias produtivas não temos a gestão do agronegócio. Os agricultores são o elo vital para o sistema do funcionar.
Porém, são milhões e de um lado são os clientes dos insumos e da mecanização, onde ciência e tecnologia são feitas por corporações com alto investimento de capital e contadas em algumas centenas de empresas.
Por outro lado, são vendedores da produção para tradings, agroindústrias, supermercados que agregam valor, com distribuição e presença mundial, também contadas em algumas centenas de marcas.
Dessa forma, só algumas corporações impactam decisivamente os costumes, hábitos e preferências dos consumidores finais, estes na casa de bilhões. É o que chamamos do antes e do pós-porteira das fazendas.
Dentro das porteiras temos, como o engenheiro agrônomo Xico Graziano escreveu, “talvez um milhão de produtores rurais ativos no Brasil, e outros 3,5 milhões de pequenos produtores empobrecidos”, e acrescenta que “nos últimos 40 anos, cerca de um milhão de famílias agrícolas receberam lotes de assentamentos rurais”.
Mas quero tratar aqui dos produtores que estão dentro da ciência e da tecnologia, que os antecede e com relações com os setores industriais, comerciais e de serviços que os envolvem. Como está sendo esse diálogo? Tenho participado de debates, e um com a presença do presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, soja e milho, as maiores commodities do País hoje, e ficou evidente não termos o diálogo e relações que deveríamos ter dentro dos setores empresariais.
As lideranças dos produtores, nas diversas culturas, soja, milho, cana-de-açúcar, café, aves, suínos, bovinocultura de corte, leite, frutas, trigo, hortaliças, algodão, fumo, citros, feijão, arroz, ovos, etc, dialogam e participam da construção administrada das cadeias produtivas?
Precisamos de muito mais integração, diálogo e bom senso em todas as cadeias produtivas do agro nacional.
Há muita coordenação a ser feita, e os produtores rurais, o elo mais exposto, vulnerável ao risco, não podem carregar sozinhos as cargas do desequilíbrio sistêmico do agronegócio. A iniciativa privada, a sociedade civil organizada têm responsabilidade nisso.