CENÁRIO ATUAL
De Salvador a Itacaré de carro elétrico: como está a infraestrutura
Viagem de ida e volta mostra cenário dos dois caminhos terrestres para chegar ao destino turístico, calculando custos, percurso e tempo de viagem
Por Jair Mendonça Jr

Impulsionado pela busca por uma mobilidade mais sustentável, tecnológica e econômica, o mercado de carros elétricos tem crescido significativamente no Brasil, com recordes de vendas e aumento da popularidade. Na Bahia, conforme dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), entre janeiro e abril de 2024, foram 1.476 veículos eletrificados emplacados. No mesmo período de 2025, o número disparou para 2.751, um crescimento de 86%.
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Os novos usuários desse tipo de veículo que moram em capitais, além da comodidade de carregá-los na sua residência, têm à disposição vários pontos de carregamento, como shoppings centers, postos de combustíveis, supermercados, concessionárias, farmácias, dentre outros. No entanto, longe dos centros urbanos, será que a realidade é a mesma?
Para mostrar o cenário na Bahia, a equipe de reportagem do GRUPO A TARDE partiu de carro elétrico de Salvador rumo a um dos principais destinos turísticos do país: Itacaré, localizado na Costa do Cacau, no sul do estado. A missão é saber se existem carregadores no trajeto, calcular distância entre eles, tempo de recarga - que depende da potência do carregador -, custos para o carregamento, tempo de viagem e total de quilômetros percorridos.
Mesmo após pesquisas identificarem existir pontos de recarga no trajeto, por segurança, o veículo que usamos foi um BYD King GS, que combina motor a combustão com motor elétrico. Juntos, tem uma autonomia de cerca de 1.200 km.

De Salvador a Itacaré de carro existem dois caminhos: pelo Terminal Marítimo de São Joaquim, pegando o ferry boat e realizando a travessia da Baía de Todos os Santos para a Ilha de Itaparica e, chegando lá, seguir pela BA-001. Ou pela BR-324 sentido Feira de Santana, continuar pela BR-101, depois BR-030 e então a BA-001 até Itacaré. Para trazer mais informações e opções aos leitores, fizemos os dois trajetos: fomos pelo ferry e voltamos pela BR-116.
IDA

Com tanque de combustível cheio e nível da bateria em 60%, partimos da capital baiana. Sem fila, assim que chegamos no Terminal de São Joaquim, embarcamos. Pagamos 79,80 (uma terça-feira) pela travessia até Bom Despacho (Ilha de Itaparica). O trajeto durou 50 minutos. Chegando lá, seguimos via terrestre pela BA-001, que dá acesso direto a cidade de Itacaré.

Para nossa surpresa, porque não identificamos resgistros desse ponto, há cerca de 4km do terminal de Bom Despacho, encontramos o primeiro ponto de recarga. As estações de carregamento ficam no estacionamento do supermercado Atacadão e é preciso baixar um aplicativo para ter acesso ao equipamento.
Ao chegarmos no local, a bateria marcava 44%. Iniciamos o carregamento, com a potência de 5,5 kv. Para não perder muito tempo no primeiro ponto, carregamos por 60 minutos e o nível da bateria subiu para 72%. O custo foi de R$ 7,24.

Seguimos dirigindo por horas pela BA-001. Passamos por diversos postos de combustíveis, cidades, distritos e povoados e não encontramos mais nenhum ponto de carregamento.

Ao longo do trajeto, paramos em todas as cidades que margeiam a BA-001 e perguntamos a moradores e comerciantes se haviam pontos de recarga, sem sucesso. Isso impactou no tempo de viagem.

Chegamos na cidade de Itacaré seis horas após a saída, em Salvador. Lá também não tem nenhum ponto de carregamento. No total, percorremos 256 km e o painel do veículo marcava que ainda restavam 23% de bateria e mais 834 km de autonomia a combustão. Gastamos, incluindo ferry e carregamento, R$ 87,04 para chegar ao destino.





VOLTA
Partimos rumo a Salvador com 23% de bateria e mais 834 km de autonomia a combustão. Novamente, paramos em todas as cidades às margens do nosso trajeto, que dessa vez foi pela BR-116.

Só fomos encontrar o primeiro ponto na cidade de Santo Antônio de Jesus, distante cerca de 200 km de Itacaré, dentro do Pena Branca Hotel e Eventos, localizado no Km 262, em Amparo. A única estação de carregamento fica no estacionamento do estabelecimento e o valor cobrado pela hora é de 8 reais para quem é hóspede e 12 reais para quem não é. A potência de recarga é de 5 KW.

Seguimos em direção a Salvador e encontramos mais um ponto de recarga, na cidade de Cruz das Almas, distante 45 km de Santo Antônio de Jesus. O equipamento fica dentro do Valparaíso Hotel, na rua Lions Clube, 1367. Por 20 minutos de carga, pagamos R$ 8.
Já próximo a Salvador, encontramos mais dois locais: Feira de Santana, no Boulevard Shopping - com estações no estacionamento G1 -, e no restaurante Maria Antônia, na BR-324, km 584, distrito Industrial, em Candeias. Decidimos não carregar porque tinhamos autonomia no veículo para chegar ao destino final.


Após nove horas de viagem, chegamos em Salvador. O total percorrido na volta foi de 395 Km. Com 25% bateria, o veículo ainda marcava uma autonomia de 168 km. Como não pegamos ferry boat, o custo total da viagem de volta foi de R$ 27 (20 de recarga e 7 de pedágio, em Candeias, concessionária Bahia Norte). Vale ressaltar que a capacidade do tanque de combustível do BYD King GS é de 48 litros e foi abastecido na ida.

Calculando o valor da gasolina, que em Salvador custa em média R$ 6,50 o litro, e multiplicando por 48 (capacidade do BYD King), temos um total de R$ 312 de custo de gasolina ida e volta, mais R$ 34,24 de carregamento, mais R$ 79,80 travessia de ferry, mais R$7 pedágio. No total, ida e volta, gastamos R$433,04.
BYD anuncia a maior e mais inovadora rede de recargas do Brasil
A BYD, líder mundial em vendas de carros eletrificados, em parceria com a EZVolt e a Tupi, a solução, permitirá que motoristas utilizem uma ampla rede de carregadores, com localização e pagamento diretamente na plataforma BYD Recharge. Segundo a montadora, a partir de agora, os clientes contam com mais de 450 eletropostos EZVolt, referência nacional em infraestrutura de recarga, consolidando a plataforma da BYD como a maior rede de carregadores disponíveis no Brasil.
Desenvolvido também em parceria com a Tupi Mobilidade, responsável pela tecnologia por trás do BYD Recharge, o sistema permite que os motoristas visualizem em tempo real os pontos de carregamento disponíveis, escolham a melhor opção e realizem o pagamento em um único app.
"Queremos tornar a recarga de veículos elétricos mais simples e acessível, ampliando significativamente a infraestrutura no Brasil. Com essa inovação, os motoristas poderão acessar milhares de eletropostos por meio de um único aplicativo, garantindo mais praticidade e eficiência", afirma Alexandre Baldy, Vice-Presidente Sênior da BYD Brasil.
Na Bahia

Segundo João Vítor, instrutor de treinamento da BYD, a fabricante de automóveis está prospectando parceiros e empresas baianas que dispõem desse serviço para aumentar o número de pontos de recarga no estado.
Ainda conforme Vítor, os clientes BYD ainda tem o aplicativo Recharge, que permite que o motorista encontre pontos de recarga próximos, verifique a disponibilidade em tempo real, visualize preços, inicie a recarga, acompanhe o andamento da sessão e realize o pagamento por diferentes meios. “Tudo isso de forma simples e rápida, diretamente pelo celular. Ele é gratuito e disponível para iOS e Android”, explica.
Sobre o BYD King CS

Projetado para oferecer eficiência energética, o King GS, veículo cedido pela marca para produção dessa matéria, possui capacidade de realizar até 44 km/l em condições ideais de uso elétrico. A combinação do motor elétrico e do motor a combustão resulta em um desempenho de aproximadamente 1.200 km. O sedã híbrido plug-in tem um motor de 1.5L a gasolina e um motor elétrico, oferecendo uma potência combinada de 235 cv. Acelerando de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos, com velocidade máxima de 185 km/h. Possui uma bateria de 18,3 kWh que permite uma autonomia de cerca de 100 km em modo elétrico. Consumo cidade é de 44,2 km.
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