TICO BAIANO
Jogador de futebol preso na Bahia pode ter contado com ajuda de amigos
Já são 16 o número de vítimas de Carlos Eduardo
Por Andrêzza Moura

Até chegar à identidade do jogador de futebol Carlos Eduardo Bastos dos Santos, 25 anos, como sendo o autor de uma série de crimes em Feira de Santana, a 115 Km de Salvador, o delegado Yves Rocha, titular da 1ª Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Coorpin), revelou que o trabalho de investigação demorou um certo tempo, já que, quando as primeiras denúncias chegaram à unidade policial, os casos não pareciam ter relação. As ações criminosas aconteceram entre os anos de 2022 e 2024.
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"No início, a gente não tinha ainda a noção de quem era o autor. Então, a autoria chegou para a gente só após ações de inteligência, de conseguir cruzar os dados. Nossa equipe percebeu depois que os fatos eram conexos, ou seja, eles tinham ligação entre um e outro. E uma vez, com a identidade dele e a foto, as vítimas foram chamadas novamente e o reconheceu formalmente", afirmou Rocha.
Tico Baiano, como é mais conhecido no mundo do futebol, foi detido na terça-feira, 18, no bairro Sobradinho, por investigadores da 1ª Coorpin e da 2ª Delegacia Territorial de Feira de Santana. Segundo a delegada Lorena Almeida, titular da 2ª DT, ele havia acabado de chegar à cidade para passar férias, depois do fim do campeonato Goiano, o qual teria participado como atleta do Clube Recreativo e Atlético Catalano (CRAC). Carlos Eduardo foi preso por força de mandado de prisão preventiva e deve responder pelos crimes de estupro, roubo, extorsão, constragimento ilegal e importunação sexual.
Conforme o delegado Yves, em depoimento, o jogador não assumiu os crimes e firmou ter se relacionado consensualmente com algumas das vítimas.
"Ele se contradisse em várias partes do depoimento. Em alguns momentos, ele assumiu ter tido contato com as vítimas, mas falou que tinha sido consentido. Mas, por azar dele, a gente tem várias vítimas relatando. Não é só uma vítima", disse Rocha.
Ainda de acordo com o coordenador, a forma de agir de Tico Baiano era quase sempre a mesma, inclusive, na hora de escolher as vítimas que, em sua maioria, eram mulheres universitárias ou garotas de programa, com idades entre 18 e 43 anos. A única exceção foi uma travesti. Ele lembrou também que o atleta costumava contatar as vítimas por meio das redes sociais. Até o momento, 16 pessoas procuraram a polícia para denunciá-lo
"Chama atenção que, mesmo diante de duas, três mulheres, ele utilizava o mesmo modus operandi. Ou seja, ele constrangia as mulheres, as roubava e as extorquia. Um misto de diversos crimes pratricados pelo mesmo indivíduo. A gente imagina que tenha outras vítimas", declarou o titular, afirmando que "há indícios de crimes dele em outros estados, mas, confirmado tem no Ceará, por crime de roubo". No Ceará, o suspeito tem passagens como atleta pelos clubes Paracatuba, Horizonte e Floresta, entre os anos de 2023 e 2025. O delegado não soube informar em qual ano o crime foi cometido.
A polícia apura a participação de outros dois homens nos crimes. Eles seriam amigos de infância de Carlos Eduardo. "O que se sabe, até então, é que, quando ele exigia dinheiro, transfência através de pix, ele não dava o número da conta dele e sim de outra pessoa. Essa pessoa, então, transferia para ele. Essa pessoa já está identificada. Não descartada também a possibilidade de existir outros indivíduos na prática do crime", afirmou a delegada Rogéria Araújo, diretora do Departamento de Polícia do Interior (Depin).
Diante de todas as denúncias, a diretora do Depin esclarece que, agora, a intenção da Polícia Civil é identificar outras vítimas e fazer com que o jogador seja punido judicialmente. "Os próximos passos é procurar identificar o maior número de vítimas, é submeter à Justiça e procurar identificar todos os atos para que ele responda", concluiu.
Além do trabalho integrado entre as instituições da Polícia Civil baiana, o delegado Yves Rocha afirma que comunicará o fato às forças de seguranças de outros estados na tentativa de identificar possíveis crimes de Carlos Eduardo. "Vamos integrar com as polícias de Goiás, Ceará e demais polícias para poder, justamente, identificar se tem outras vítimas nessas localidades. Percebe que é um caso que, na verdade, ultrapassa as fronteiras da Bahia?", questiona o delegado.
HISTÓRICO
Atleta de um time de futebol de Feira de Santana, Carlos Eduardo estava emprestado ao Crac desde o ano passado, segundo a delegada Lorena Almeida. Por meio de nota, o Clube Recreativo e Atlético Catalano se pronunciou e disse que o suspeito não tem relação com o time e que seu vínculo com a organização durou apenas dez dias, a contar da data do empréstimo, válido apenas para duas partidas contra o time do Goiás. A assessoria de comunicação informou que Tico Baiano foi contratado no dia 27 de fevereiro deste ano, contrariando o que disse a delegada, e que teria deixado a agremiação no dia 5 de março.
"Contratado por empréstimo apenas para a disputa dos jogos da fase eliminatória, não foi sequer aproveitado pelo treinador em nenhuma das partidas disputadas. Logo após a eliminação do clube, nos jogos contra o Goiás, o atleta se desligou da instituição sem nem mesmo comunicar à diretoria, tampouco explicar os respectivos motivos, mantendo-se incomunicável a partir de então. Sendo assim, o Clube Recreativo e Atlético Catalano (Crac) reitera sua total desvinculação tanto do atleta – de quem desconhecia o histórico pessoal – quanto de sua eventual conduta noticiada, reforçando o ilibado comportamento institucional do clube e seu indissociável compromisso com a legalidade e a moralidade", diz trechos da nota.
Além do Crac, Paracatuba, Horizonte e Floresta, o jogador teve passagens também pelos clubes Caiçara, Garibalde, União Mogi, Feirense, Fluminense de Feira, Doce Mel, Bahia de Feira e Barcelona de Ilhéus, entre os anos de 2019 e 2025. Essses times são do Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul, Piauí e São Paulo.
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