BRASIL
Bolo e arroz: mortes por envenenamento acendem alerta no Brasil
Especialista explica gravidade, sintomas e como agir
Por Victoria Isabel
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Os recentes casos de envenenamento registrados em Torres (RS) e Parnaíba (PI) colocaram em evidência a gravidade desse tipo de crime e as consequências. As investigações destacaram o uso de métodos silenciosos e letais, como a contaminação de alimentos, que resultaram em mortes e hospitalizações. Ao portal A TARDE, o especialista em Medicina de Emergência, Oswaldo Neto, explicou os sintomas e os procedimentos realizados.
Casos que chocaram o Brasil
Em Torres, no litoral gaúcho, Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, foi presa suspeita de tentar matar a sogra Zeli, ao envenenar um bolo que matou três mulheres da mesma família e deixou outras duas pessoas hospitalizadas.
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Com as suspeitas de envenenamento, a polícia decidiu investigar também a morte do sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, que era marido de Zeli. Ele morreu em setembro e seu corpo foi exumado na semana passada. A perícia apontou que ele também havia ingerido arsênio.
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Já em Parnaíba, no Piauí, Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos, foi acusado de envenenar um prato de baião de dois, causando a morte de quatro pessoas e deixando uma criança em estado grave. De acordo com a perícia realizada no almoço consumido pela família foi detectada a presença de terbufós no arroz que a família consumiu.
E o que a princípio parecia ser um caso de intoxicação alimentar rapidamente se tornou uma investigação criminal. Ambos os episódios levantaram discussões sobre as implicações do uso de substâncias tóxicas como arma e o que fazer caso haja suspeitas da prática.
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Atendimento e sintomas
De acordo com o médico Oswaldo Alves Bastos Neto, os sintomas de envenenamento podem variar de mal-estar discreto a uma parada cardiorrespiratória. “No atendimento de emergência, buscamos identificar a toxidrome — conjunto de sinais e sintomas característicos — para direcionar o tratamento a uma família de substâncias. Na maioria dos casos, o tratamento é de suporte, com o objetivo de manter as condições vitais até que o paciente se recupere”, explica.
Segundo o especialista, os sintomas podem ser confundidos com intoxicação e podem incluir alterações no nível de consciência, dificuldade respiratória, transpiração, alterações no ritmo cardíaco e pressão arterial.
No desespero, quem está sofrendo pode tomar medidas sem orientação médica, como a indução de mas segundo o especialista, o procedimento mais adequado é buscar atendimento médico e contatar o Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia - antigo CIAVE-. “Os procedimentos devem ser feitos sob supervisão da equipe de saúde ou orientação do CIATOX”.
Perigo do “chumbinho”
Entre as substâncias mais comuns nos casos de envenenamento está o “chumbinho” (carbamato), um raticida de uso proibido no Brasil, mas ainda amplamente comercializado de forma ilegal.
“O carbamato age no sistema nervoso, provocando sudorese, falta de ar, alterações cardíacas e neurológicas. Outros raticidas, embora menos perceptíveis inicialmente, podem causar hemorragias graves dias após a exposição”, alerta o médico.
Como agir em casos de intoxicação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orienta que, em situações de suspeita de envenenamento, o primeiro passo é buscar atendimento médico imediato. Além disso, a Anvisa disponibiliza o serviço de Disque-Intoxicação pelo número 0800-722-6001, que funciona como um canal de orientação e denúncia.
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