CARBONO OCULTO 86
Laços com PCC: Postos interditados no PI, MA e TO também eram da Shell
Investigações apontam envolvimento do irmão e de um ex-assessor do senador Ciro Nogueira em esquema de adulteração de combustíveis

Por Redação

Depois da Operação Primus, na Bahia, mais três estados foram alvo de investigações que apuram adulteração de combustíveis, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro para a facção paulista Primeiro Comando da Capital, o PCC.
A operação Carbono Oculto 86, que faz referência ao DDD do Piauí, é mais um desdobramento da operação de mesmo nome comandada pelo Ministério da Justiça e Polícia Federal, que revelou a ligação entre empresas do sistema financeiro e o PCC. Em comum, as redes de postos investigadas ostentam a bandeira da petroleira Shell.
A Polícia Civil do Piauí interditou 49 postos nessa quarta-feira, 5, nos municípios de: Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira, no Piauí; Peritoró, Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras, no Maranhão; e São Miguel do Tocantins, no Tocantins.
As investigações mostraram que empresários piauienses utilizavam empresas de fachada e fundos de investimento para lavar o dinheiro do tráfico. Entre os investigados está Denis Alexandre Jotesso Villani: empresário paulista ligado à Rede Diamante, com 12 postos no Piauí.
Também são alvos da operação Haran Santhiago Girão Sampaio e Danillo Coelho de Sousa: antigos donos da “Rede HD”, vendida em dezembro de 2023. A rede HD possui dezenas de postos no Piauí, Maranhão e Tocantins, e foi vendida à Pima Energia e Participações, criada apenas seis dias antes da aquisição.
Tanto a rede HD quanto a Diamante operavam sob a bandeira da Shell. Além da lavagem de dinheiro para o PCC, há indícios de fraude fiscal e de emissão de notas fiscais frias pelo grupo, além do uso de fundos e holdings para ocultar recursos.
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Ciro Nogueira e PCC
Os policiais também detectaram ligação do ex-assessor e amigo do senador Ciro Nogueira, presidente do partido Progressistas (PP), Victor Linhares de Paiva. Victor é ex-vereador de Teresina pelo PP e ex-secretário municipal de Articulação Institucional na gestão de Silvio Mendes, em Teresina.
Ele teria recebido transferências de empresários do ramo de combustíveis. Uma delas, de R$ 230 mil, feita pelo empresário Haran Santhiago Girão Sampaio, antigo dono do HD Postos.
A empresa HD Petróleo Uruguai já dividiu endereço com uma firma do irmão do senador Ciro Nogueira e recebeu recursos públicos da cota parlamentar do político. Outra empresa do mesmo grupo pagou combustível usado para abastecer o jatinho do PP. A HD Petróleo Uruguai integrava a rede Postos HD.
De acordo com documentos da Junta Comercial do Piauí, em fevereiro de 2018, a HD Petróleo Uruguai mudou de endereço em Teresina, transferindo-se para o mesmo local onde funcionava uma filial da CN Petróleo.
As iniciais são do senador, mas a empresa está registrada em nome do irmão de Ciro Nogueira, Raimundo Neto e Silva Nogueira Lima. As duas companhias operaram no mesmo endereço por um ano e meio, até 2019. Há suspeita de que a CN Petróleo tenha sido arrendada pela HD.
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