Brasil empaca contra a Tunísia e debate sobre quatro atacantes volta à cena
Mudanças táticas, dificuldades de criação e variações na marcação reacendem discussão sobre o modelo da seleção

A partida contra a Tunísia revelou problemas já conhecidos do futebol brasileiro. Diferentemente do duelo contra o Senegal, em que o adversário pressionou alto e abriu espaços generosos para a velocidade dos atacantes, os tunisianos adotaram uma postura mais estratégica e disciplinada.
Tunísia fechada e Brasil apressado
Com linha de cinco defensores e blocos compactos, a Tunísia não cedia espaços entre os marcadores, mas deixava a intermediária com pouca pressão. Ainda assim, o Brasil não conseguiu aproveitar: faltou domínio da bola, troca de passes qualificada e paciência para construir.
A entrada de Vitor Roque, embora aumentasse a velocidade, reduziu ainda mais as triangulações no meio. Resultado: um time apressado e pouco criativo no empate por 1 a 1. O único destaque foi Estevão, novamente decisivo e lúcido.
Quatro atacantes não são novidade
Antes, durante e depois da vitória contra o Senegal, a discussão central girou em torno da presença de quatro atacantes. Muitos trataram como ousadia inédita. Não é.
Grandes equipes e seleções utilizam formações similares. A diferença está na execução.
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Não se trata de quatro jogadores parados esperando a bola, mas de atacantes que recuam, pressionam e participam da recomposição — algo que não acontecia com treinadores anteriores.
Funções, e não números
Os rótulos 4-2-4, 4-2-3-1 ou 4-4-2 dizem pouco.
Quando o Brasil perde a bola, Rodrygo e Estevão voltam pelos lados, enquanto Matheus Cunha recua ao centro. A equipe defende com cinco no meio e ataca com quatro na frente.
Outras seleções fazem parecido.
A Argentina marca com três meias e um atacante que recompõe, deixando Messi e o centroavante mais avançados.
Já o Real Madrid de Ancelotti viveu seu auge com o trio Casemiro, Kroos e Modric, privilegiando a qualidade técnica do meio-campo.
Na seleção atual, com mais talentos ofensivos disponíveis, a escolha é natural: mais atacantes, menos meio-campistas.
O passado explica o presente
Na Copa de 1994, o Brasil defendia com quatro no meio, mas avançava com apenas Romário e Bebeto, isolados pela pouca projeção de Zinho e Mazinho.
Hoje ocorre o contrário: os atacantes voltam para marcar e chegam à frente rapidamente ao recuperar a bola.
Essa alternância dinâmica é uma das maiores evoluções do futebol moderno: o coletivo potencializa o talento individual.
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