ECONOMIA
Adeus, IR? Nova regra pode isentar os professores da educação básica
Entenda quem realmente deve ser liberado da cobrança

Por Iarla Queiroz

Uma mudança no Imposto de Renda prevista para 2026 pode aliviar o bolso de grande parte dos educadores do país. Segundo representantes do governo federal, a nova faixa de isenção para rendimentos de até R$ 5 mil deve alcançar cerca de 65% dos professores da educação básica.
A sinalização foi dada durante audiência pública da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que discutiu o PL 165/22 — proposta que vai além e prevê isenção total de IR para todos os profissionais do magistério em exercício, da educação infantil ao ensino superior.
Por que a isenção total enfrenta resistência
Armando Simões, representante do Ministério da Educação, explicou que a ideia de zerar o IR para toda a categoria esbarra em diversos entraves legais e fiscais.
Ele destacou que a maior parte da arrecadação do Imposto de Renda sobre servidores estaduais e municipais fica com os próprios estados e municípios. Ou seja, uma isenção ampla causaria um impacto significativo nas contas locais.
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Outro ponto levantado foi que 25% de tudo o que é arrecadado com IR deve ser investido em educação — o que tornaria a medida contraditória, já que reduziria justamente os recursos destinados à área.
Simões também lembrou que criar um benefício exclusivo para uma única categoria pode gerar efeito dominó, motivando outras áreas — como saúde e segurança — a reivindicar o mesmo tratamento. Segundo ele, o artigo 150 da Constituição proíbe privilégios tributários baseados em ocupação ou função, reforçando a dificuldade jurídica da proposta.
Além disso, uma isenção total acabaria favorecendo mais os docentes do ensino superior, que hoje têm média salarial acima de R$ 11 mil, segundo o Dieese. Isso tornaria a política regressiva, beneficiando desproporcionalmente quem já recebe mais.
O que dizem os representantes dos professores
Para André Martins, do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, o foco deveria estar na valorização salarial, e não apenas na desoneração tributária.
Ele lembrou que muitos profissionais da educação ainda não recebem o piso nacional, atualmente em R$ 4.867,77, e defendeu que uma eventual isenção inclua também professores aposentados e seja limitada a rendimentos de até R$ 10 mil, para evitar distorções.
Relator promete analisar sugestões
O relator do projeto, deputado Maurício Carvalho (União–RO), afirmou que todas as sugestões apresentadas durante a audiência serão consideradas no parecer.
“O objetivo é encontrar soluções que realmente façam diferença para quem está em sala de aula. Quando um país valoriza seus professores, melhora a qualidade do ensino, fortalece a economia e constrói um futuro melhor”, disse.
Proposta reacende debate sobre valorização do magistério
Autor do PL, o deputado Rubens Otoni (PT–GO) destacou que o projeto abre uma nova frente de discussão sobre a valorização dos profissionais da educação. Segundo ele, a carreira vem se tornando cada vez menos atrativa para os jovens, e medidas como essa ajudam a colocar o tema novamente no centro do debate.
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