PROJETO DE PAÍS
Nova Indústria Brasil abre caminho para novo ciclo de desenvolvimento
Programa reforça importância do Estado como indutor da economia, com recursos bilionários
Por Alan Rodrigues

Promover a ‘neoindustrialização’ do país. Com esse intuito surgiu Nova Indústria Brasil (NIB), lançada em janeiro de 2024 e que estabeleceu seis eixos, ou missões, como são chamadas, para alavancar o desenvolvimento do conteúdo nacional e inserir o Brasil na agenda global do século XXI.
O termo neoindustrialização foi cunhado pelo vice-Presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. “Nem Ministério da Indústria existia mais. O Presidente Lula colocou como uma das principais pautas a reindustrialização”, lembra o secretário do recriado Conselho Nacional de Desenvolvimento da Indústria (CNDI), o economista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Uallace Moreira.
. Neoindustrialização busca recuperar protagonismo e reduzir dependência
. Brasil desponta como liderança na produção de energia limpa
. Retomada da indústria no Brasil busca corrigir erro estratégico
. Números da indústria desafiam pessimismo do mercado
Ele participou elaboração do programa de reindustrialização junto à Fundação Perseu Abramo, durante a transição de governo e lembra que o vice-presidente ressignificou o projeto projetando a retomada em novas bases, de inovação e sustentabilidade.
“Hoje, pela classificação de nível de intensidade tecnológica, 80% da pauta brasileira de exportações não tem nem classificação e são de baixa e média complexidade tecnológica, o contrário da pauta importações, então a desindustrialização no Brasil foi negativa”.
Para reverter essa tendência e desenvolver um projeto de fortalecimento da indústria surgiu o NIB. E a base para alavancar as seis missões elencadas pelo programa – agroindústria, saúde, infraestrutura, transformação digital, transição energética e defesa nacional -, seria o investimento público.
“Cada missão trabalha o adensamento das cadeias produtivas”, explica o secretário. Com investimento inicial de R$ 300 bilhões no plano Mais Produção, que deve chegar a R$ 507 bilhões até 2026, sem contar os R$ 100 bilhões de crédito tributário ao longo de quatro anos, o NIB despertou o interesse também de bancos privados.
Prova disso é que o setor privado já anunciou um ciclo de investimento até 2029 de R$ 1,8 trilhão. “Programas do governo e linhas de crédito estão atraindo setor privado”, celebra Moreira. Entre os investimentos já previstos destacam-se:
. Construção: R$ 1 trilhão
. Tecnologia da informação e comunicação (TIC´s): R$ 100 bilhões
. Indústria automotiva: R$ 130 bilhões
. Agroindústria: R$ 296 bilhões
. Aço: R$ 100 bilhões
. Papel e celulose: R$ 105 bilhões
. Saúde: R$ 39,5 bilhões.
Outros planos que integram o NIB também têm atraído grande massa de recursos , como destaca o diretor de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi.
“Outros dois instrumentos de destaque são o programa Mover e o Brasil Mais Produtivo. O Mover destina R$ 19 bi até 2028 em créditos financeiros para estimular as empresas da cadeia automotiva a investirem em descarbonização”, detalha.
Veja também:
Bahia é líder na geração de energia solar no Nordeste
Investimentos impulsionam setores estratégicos no Parque Tecnológico
E acrescenta: “Já o Brasil Mais Produtivo prevê consultoria para 30 mil indústrias de micro e pequeno porte, e outras 3 mil de médio porte, com objetivo de aumento de produtividade e aumento da eficiência energética. Até o momento, o programa já iniciou o atendimento a 6.000 empresas, gerando economia média de energia que superou 14%, acima da meta prevista de 10%”.
Formação é desafio
Todo esse investimento, no entanto, exigem, na mesma medida, uma formação de mão de obra capaz de absorver e dominar as novas tecnologias. Vladson Menezes, Superintendente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), aposta na capacitação a partir do sistema ‘S’, mas reforça a importância do investimento público.
“Esse tipo de formação a gente vai precisar para desenvolver nossa indústria e nossa economia como um todo. Precisa políticas públicas nacionais para formar profissional do futuro, que saiba lidar com inteligência artificial, inteligência de dados. Eu até formo em pouco tempo, desde que ele tenha uma base”.
O Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ângelo Almeida, reitera a importância da parceria com o Sistema ‘S’ na capacitação de trabalhadores para a montadora chinesa BYD e destaca que o Governador Jerônimo Rodrigues ‘trabalha para integrar escolas de tempo integral e universidades’ nesse esforço de capacitação.
“A formação já está acontecendo, o governo Jerônimo vem fazendo várias entregas, a BYD, líder mundial em carros elétricos, decidiu pela primeira vez escolher outro local para produzir. Ela tinha toda América Latina e Caribe, além de outros estados, Aí tem muito estudo, logística, matriz de energia limpa, mão de obra”, elenca o secretário.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes