CONTRA A MARÉ
Números da indústria desafiam pessimismo do mercado
Dólar mais caro e juros em alta podem adiar investimentos, mas não devem interromper projetos
Por Alan Rodrigues
O cenário econômico cheio de incertezas e a oposição, para muitos fabricada, entre os números de inflação, desemprego e crescimento do PIB e as expectativas pessimistas do mercado financeiro, que elevam o dólar e os juros, deixam em suspenso os investimentos previstos, e até já anunciados na expansão da nova indústria brasileira.
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No entanto, governo e empresários concordam que o processo de recuperação do setor industrial no Brasil não tem volta. Porém, em nota oficial, a Confederação Nacional na Indústria (CNI) acredita que a alta do dólar e dos juros é injustificada e ‘pode colocar em risco o desenvolvimento econômico do país’.
A entidade ressalta o cenário de perspectivas positivas conduzidas pela aprovação da reforma tributária, pelo avanço do acordo Mercosul-União Europeia e os investimentos do programa Nova Indústria Brasil (NIB) e argumenta que a desvalorização do Real frente ao dólar impõe efeitos negativos sobre o setor produtivo.
“A nossa moeda perde valor em compasso com a piora das expectativas do mercado financeiro, que contrariam dados reais da performance da economia e do controle da dívida pública. É momento de buscar maior convergência e coordenação entre os atores para enfrentar esse cenário de instabilidade, que beneficia a poucos enquanto prejudica o setor produtivo e o desenvolvimento da nossa sociedade, principalmente com a real perda de poder aquisitivo”, enfatiza o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Para o Superintendente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Vladson Menezes, ‘o câmbio em si não é ruim, o que é ruim é a instabilidade do câmbio, que a gente não sabe onde vai parar’. Ele lista carga tributária, juros elevados, infraestrutura precária, insegurança jurídica e educação da força de trabalho como outros fatores sistêmicos que afetam o conjunto da economia e a indústria.
O secretário do Conselho Nacional de Desenvolvimento da Indústria (CNDI), Uallace Moreira, questiona o descolamento da política cambial e de juros dos números da chamada ‘economia real’.
“Inflação baixa, menor taxa de desemprego, economia crescendo e existe o outro lado financeiro, a lógica especulativa, que ignora o lado real por completo. Qual é a base real para que o mercado especule e exija juros maiores”?
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Ele pontua que o Brasil ficou 10 anos com taxa de crescimento média de meio ponto percentual e defende ‘estimular o investimento e não conter o crescimento econômico’. Uallace lembra que dos cortes ‘que o chamado mercado exige’ cerca de R$ 40 bilhões correspondem ao Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Evento, criado no pós-pandemia) e à desoneração da folha. ‘Se nós não tivéssemos a continuação desses dois programas as contas públicas tenderiam para o equilíbrio’.
Nordeste na pauta
Para o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ângelo Almeida, a decisão do Governo Federal de fomentar a ‘neoindustrialização’ do Brasil vem preencher uma lacuna criada no governo anterior.
“Salta aos olhos como a Bahia foi prejudicada. Nos 4 anos de Bolsonaro foram R$ 400 milhões para todo o Nordeste, somente no governo Lula foram R$ 4,5 bilhões em dois anos”. Para Ângelo, a Bahia tem tido o privilégio de contar com ‘atores comprometidos com a sustentabilidade e ações estratégicas’, como o próprio Uallace, o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, Marcus Cavalcanti, Secretário Especial do Programa de Parcerias de Investimentos, além da bancada baiana no Congresso.
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