ELEIÇÕES
Governo e oposição se mobilizam para vencer eleição em Camaçari
Grupos liderados por Jerônimo e ACM Neto devem passar 20 dias concentrados na cidade
Por Lula Bonfim
Todos os caminhos levam a Camaçari. É esse o clima que guia os dois maiores grupos políticos da Bahia: o governista, liderado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT); e o oposicionista, sob o comando do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil). Ambos veem a vitória no segundo turno da cidade, entre Luiz Caetano (PT) e Flávio Matos (União Brasil), como fundamental para as pretensões eleitorais de 2026.
Nos bastidores, ambos os grupos prometem mobilização total em torno da disputa em Camaçari, que possui o quarto maior eleitorado e o segundo maior PIB (produto interno bruto) da Bahia. Vista como menina dos olhos, a cidade é considerada decisiva politicamente para qualquer eleição estadual. Isso porque quem detém o poder no município costuma conseguir, utilizando a máquina da prefeitura, apoio de centenas de lideranças comunitárias, o que se transforma em dezenas de milhares de votos.
O governo Jerônimo sentiu o impacto do segundo turno na cidade. A expectativa era que Caetano conseguisse a vitória ainda no primeiro turno, retornando ao comando do município após 12 anos. O petista governou Camaçari em três mandatos: um entre 1985 e 1988; o segundo, entre 2005 e 2008; e o último, de 2009 a 2012.
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No dia da eleição, integrantes da campanha de Caetano confidenciaram ao Portal A TARDE que se sentiam tranquilos quanto ao resultado. Os levantamentos internos apontavam a vitória do petista por uma vantagem de 12%, o que, na avaliação do interlocutor petista, nem a máquina da prefeitura de Camaçari poderia reverter.
“O dinheiro da boca de urna consegue tirar 8% no dia da eleição. Então, na pior das hipóteses, temos uma gordura para queimar”, previu a fonte no início da tarde de domingo, 6.
A previsão, porém, não se concretizou e o primeiro turno terminou praticamente empatado. Enquanto Caetano recebeu 49,52% dos votos válidos, Flávio Matos alcançou 49,17%, levando a disputa para o segundo turno. Esse resultado frustrou os petistas e empolgou o grupo de ACM Neto.
Nos bastidores da festa oficial da vitória de Bruno Reis (União Brasil) em Salvador, o resultado em Camaçari foi considerado surpreendentemente bom. O desempenho de Flávio só não foi mais comemorado pelos partidários da oposição no estado do que os de Zé Ronaldo (União Brasil), que ganhou no primeiro turno em Feira de Santana; e de Kléber Rosa (PSOL) na capital baiana, que deixou Geraldo Júnior (MDB) em terceiro lugar.
Nesta segunda-feira, 7, ACM Neto já se reuniu com Flávio Matos e com Bruno Reis, para tratar da campanha de segundo turno em Camaçari. A prefeita eleita de Lauro de Freitas, Débora Régis, também deverá ser chamada para participar ativamente da disputa na cidade vizinha. A ideia é que todas as lideranças políticas do estado sejam convocadas a atuar em território camaçariense, para garantir a vitória. O otimismo é grande.
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Na noite de domingo, Jerônimo assistiu à apuração do primeiro turno no Palácio de Ondina, residência oficial do governador da Bahia, e demonstrou felicidade com o resultado geral das eleições no estado — seu grupo elegeu 309 dos 416 prefeitos escolhidos até aqui.
O Portal A TARDE apurou que já era esperada pelo governador a derrota na maioria das grandes cidades do estado e o gestor estadual até se surpreendeu positivamente com a vitória em Juazeiro, do bancário Andrei Gonçalves (MDB). Mas o sexto fracasso de Zé Neto (PT) em Feira de Santana e a ida de Camaçari para o segundo turno o decepcionaram.
A interpretação é que a eleição está em aberto e a ordem no governo, assim como na oposição, é de total entrega à campanha de Camaçari. A diferença de apenas 559 votos entre Caetano e Flávio no primeiro turno faz com que o pleito, marcado para o próximo dia 27 de outubro, tenha um final imprevisível.
Nos próximos 20 dias, os 2.062 votos que Oswaldinho (MDB), Cleiton Pereira (Novo), Cleiton Santos (PCO) e Lazinho (PMB) somaram devem ser disputados um a um pelos dois grupos.
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