Corretor de imóveis: como a tecnologia tem revolucionado a profissão

No perfil de João Victor Pedreira no Instagram (@pedreirajv), alternam-se fotos e vídeos de viagens e outros momentos pessoais com um conteúdo profissional. O corretor de imóveis de 24 anos, que está há seis nesse mercado, percebeu logo no início da carreira que os verdadeiros “tours virtuais” dos imóveis com os quais trabalha seriam um diferencial. Ele, que começou a trabalhar na imobiliária do primo, Rodrigo Prado, usa as redes sociais para alavancar as vendas. “Faço um verdadeiro storytelling do meu dia, interajo diariamente com os meus seguidores e uso links patrocinados. No ano passado, tive uma média de venda de R$ 4 milhões só graças ao conteúdo publicado no Instagram”, conta o jovem.

João Victor atua principalmente em Salvador e no Litoral Norte do estado e diz que, mesmo para quem negocia imóveis de até R$ 9 milhões, como é o seu caso, a falta de salário fixo faz dessa uma profissão um pouco instável. “Dependemos das comissões das vendas, por isso, as redes sociais são uma ferramenta fundamental no trabalho”, explica.

José Alberto Vasconcelos, diretor de patrimônio do Conselho Regional de Corretores de Imóveis na Bahia (Creci-BA), que está há 47 anos na profissão, concorda que o uso estratégico do mundo digital, como um todo, já faz parte do bê-a-bá do ofício. “Nossa profissão é muito dinâmica, temos que nos antecipar às mudanças e novidades sociais. E, principalmente, temos que vender a nós mesmos em primeiro lugar”, afirma.

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Vasconcelos costuma dizer que “o corretor de imóveis é muitos profissionais em um só”, indo de contadores a psicólogos. “Trabalhamos com um produto caro. Mesmo uma casa de R$ 50 mil é, muitas vezes, a concretização de um sonho ou algo em que a pessoa investiu todas as economias de sua vida. Por isso, é preciso ter muita ética. Não é sobre vender por vender. Temos que orientar e dizer ao cliente se ele pode ou não, se deve ou não comprar determinado imóvel”.

Por isso, o diretor do Creci-BA recomenda aos colegas aproveitar as possibilidades das redes para, além de popularizar o próprio trabalho, produzir conteúdo relevante para os clientes em potencial, com informações, respostas sobre dúvidas frequentes nas negociações e tudo o que tenha a ver com o mercado imobiliário.

É o que faz Priscila Sastre, que atua há 14 anos como corretora e é sócia da Litoral Bahia Imobiliária. Quando amigos, investidores e clientes de outros estados passaram a perguntar cada vez mais sobre as novidades dessa região do estado, ela decidiu começar a fazer vídeos para anunciar os destaques imobiliários da cobiçada área litorânea. “As pessoas compram muito pela internet e, no nosso setor, as redes são uma primeira aproximação com o produto. Por isso, os mais de 20 corretores que trabalham comigo também passaram a usar as redes sociais como aliadas nas negociações. Entramos nas brincadeiras e trends, sempre com o gancho para as propriedades que estamos anunciando. Os clientes adoram ver, os comentários são sempre positivos”, conta ela.

Ciente de que vendem “sonhos”, Priscila diz que, ainda que os clientes geralmente só fecham o negócio depois de conferir os empreendimentos com os próprios olhos, os conteúdos nas redes geram uma relação de proximidade e confiança com os profissionais. “Nossos perfis se tornam uma espécie de currículo. Quanto mais seguidores você tem, mais as pessoas confiam no que você anuncia. A visibilidade gera mais credibilidade”.

Mediar e negociar

Confiança e credibilidade são justamente as palavras-chave nesse mercado. Uma pesquisa realizada pelo Grupo OLX revela que 87% das pessoas que lidam com corretores de imóveis - sejam proprietários ou quem está em busca de um lar - consideram o profissional importante ou muito importante nas transações. O levantamento, que foi conduzido com usuários dos portais ZAP e Viva Real, por meio da plataforma MindMiners, também aponta que, para 46% dos respondentes, os corretores de imóveis são importantes “em todas as etapas do processo” de negociação e compra.

Para quem quer comprar, a questão sobre as características mais importantes do profissional levou 54% dos entrevistados a escolherem a agilidade em manter contato. Para 48%, é interessante o profissional ter bons imóveis em seu portfólio, enquanto 42% considera a capacidade de negociação como fundamental. Já quem deseja vender ou alugar, a principal vantagem de ter um corretor está na minimização de riscos e problemas, apontada por 58%. O papel de mediar e negociar com interessados foi citado por 48% dos entrevistados, enquanto 41% selecionaram a experiência do profissional.

Como afirma Rafael Nader, vice-presidente de Imóveis no Grupo OLX, “o corretor de imóveis é, sem dúvidas, a figura central” na jornada de compra, venda e locação, “Mesmo com muitas etapas do processo se tornando digitais, a busca pelo imóvel é um processo que exige muita interação humana e o corretor especialista tem papel fundamental para promover conexões e encontrar as oportunidades adequadas para os diferentes clientes, tornando realidade o sonho de um novo lar”, reforça.