MUNDO
Médicos rebatem Trump e defendem segurança do Tylenol na gravidez
Especialistas destacam que o autismo tem múltiplas causas e não está ligado ao Tylenol

Por Isabela Cardoso

Uma fala polêmica feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu o debate sobre o uso de medicamentos durante a gravidez. Na segunda-feira, 22, ele declarou em coletiva que gestantes não deveriam usar Tylenol alegando, sem apresentar novas pesquisas, uma possível ligação com o autismo.
A declaração foi imediatamente rebatida por especialistas e entidades médicas. A Academia Americana de Pediatria classificou a fala como perigosa e enganosa.
“O evento da Casa Branca sobre autismo hoje estava repleto de alegações perigosas e informações enganosas que enviam uma mensagem confusa aos pais e futuros pais, além de prejudicar indivíduos autistas”, afirmou Susan Kressly, presidente da entidade.
O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) reafirmou que o principio ativo do Tylenol, o paracetamol, é seguro e continua sendo o tratamento de primeira linha para dor e febre durante a gestação.
A Sociedade de Medicina Materno-Fetal também reforçou que o medicamento é apropriado, destacando que não há evidências conclusivas sobre qualquer relação causal entre o uso de paracetamol e distúrbios neurocomportamentais.
O que dizem as pesquisas
Estudos já realizados não demonstraram provas sólidas de ligação entre o uso de Tylenol e o autismo. Pesquisadores alertam que os resultados disponíveis são limitados e inconclusivos.
“A coisa mais importante que foi dita durante essa conferência hoje é que o autismo é complexo, com uma etiologia multifatorial, e essa é a verdade”, afirmou James McPartland, psicólogo infantil da Universidade Yale.
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Além disso, especialistas lembram que deixar febre ou dor sem tratamento também pode representar riscos graves para a gestante e o bebê. Uma revisão publicada na revista Pediatrics mostrou que a febre durante o primeiro trimestre pode aumentar em até três vezes a chance de defeitos congênitos no feto.
Riscos de outros medicamentos
Enquanto o paracetamol segue sendo considerado seguro, outros analgésicos exigem cautela. O ibuprofeno, por exemplo, pode causar aborto espontâneo se usado no primeiro trimestre e está associado a malformações quando ingerido no terceiro. Já a prednisona tem risco comprovado de provocar fenda labial ou palatina quando usada durante a gravidez.
O papel do paracetamol
Para muitos médicos, o paracetamol é a melhor opção entre os analgésicos disponíveis para gestantes. Allison Bryant, ginecologista-obstetra do Hospital Geral de Massachusetts, explicou que ele é usado inclusive como ferramenta diagnóstica.
“Quando alguém tem dor de cabeça na gravidez, frequentemente queremos ter certeza de que essa dor de cabeça vai passar. Às vezes usamos o paracetamol de forma diagnóstica para identificar se não é uma dor de cabeça associada à pressão alta. Por isso, queremos que as pessoas não tenham medo de usá-lo nesses contextos quando recomendado”, destacou.
Especialistas reforçam que grávidas devem sempre consultar seus médicos antes de tomar qualquer medicamento. O uso excessivo de paracetamol pode trazer riscos ao fígado, especialmente em bebês e crianças, mas não há base científica para relacioná-lo ao autismo.
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