Visita de Koizumi a santuário de Yasukuni reativa polêmica
O primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, visitou nesta terça-feira o santuário patriótico de Yasukuni, em Tóquio, reativando a polêmica com os países vizinhos invadidos no passado pelo Japão.
Sob um chuva fina, Koizumi chegou ao Yasukuni por volta das 07h45 local (19h45 Brasília de segunda-feira) e foi acompanhado por um sacerdote do xintoísmo, a religião oficial do Japão até 1945.
Após rezar por cerca de dez minutos, Koizumi abandonou o local, sob o olhar de dezenas de militantes de extrema direita, alguns com uniformes paramilitares e carregando a bandeira japonesa.
Esta é a primeira vez, em mais de 20 anos, que um primeiro-ministro japonês em exercício visita Yasukuni no 15 de Agosto, data que marca a rendição do Japão na II Guerra Mundial. O último premier do Japão a fazer o mesmo foi Yasuhiro Nakasone.
A China fez um vigoroso protesto contra a visita, algo que "desafia a justiça internacional e pisa na consciência da humanidade", segundo um comunicado do ministério chinês das Relações Exteriores.
A Coréia do Sul também condenou o ato, expressando sua "profunda decepção e incômodo" pela peregrinação de Koizumi ao Yasukuni, em nota da chancelaria sul-coreana.
Koizumi qualificou as críticas de "imaturas": "Dizem que não se deve fazer nada que moleste China ou Coréia do Sul, em nome da diplomacia asiática, mas não concordo com isto".
A data altamente simbólica do 15 de Agosto "me parece um dia apropriado para honrar com minha visita" este local emblemático do nacionalismo japonês.
"Faço estas visitas para mostrar respeito e reconhecimento aos que deram suas vidas pelo país e por suas famílias", destacou o premier japonês.
Após a visita, dezenas de chineses se reuniram diante da embaixada do Japão em Pequim para protestar contra o ato de Koizumi.
Os manifestantes, que agitavam bandeiras da China, tentaram entregar uma carta ao embaixador japonês, mas foram impedidos por uma centena de policiais, que protegiam a sede diplomática.
O polêmico santuário honra as almas dos 2,5 milhões de japoneses mortos lutando pela pátria, incluindo 14 criminosos de guerra condenados após 1945.
Para a China e outros países que combateram o Japão em diversos conflitos, Yasukuni é um símbolo do militarismo e dos crimes de guerra praticados pelos japoneses.
Desde que chegou ao poder, em abril de 2001, Koizumi visitou o santuário todos os anos, sempre provocando protestos da China e das duas Coréias.
Durante a campanha eleitoral de 2001, Koizumi prometeu visitar o Yasukuni no 15 de Agosto, data que reúne no santuário os ex-combatentes e militantes socialistas.
No ano passado, Koizumi visitou o santuário em 17 de outubro.